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“O futuro vai ser dominado por insectos” dizia o meu avô. Se calhar tem razão, o meu querido avô.
Freaks de todos os países, uni-vos!
Lembro-me do culto das músicas dos Velvet Underground e quejandos, lembro-me das estantes cheias de livros estranhíssimos do Boris Vian, Kafka ou Kerouac e lembro-me das paredes cheias de serigrafias do Warhol e do Lichtenstein que eu, na minha (ainda hoje persistente) falta de cultura no campo das artes visuais, cheguei a pensar que era o meu cunhado que as fazia (ele que até tinha alguns dotes artísticos). Aquilo era de facto um banho de “Cultura Pop”.
Quando a minha irmã se separou eu perdi o contacto com este meu cunhado e de alguma forma também com esta “Cultura Pop”.
Pois agora que o nosso Comendador conseguiu incluir Lisboa na rota da arte contemporânea (onde a “Arte Pop” é certamente um dos seus movimentos mais significativos) declaro desde já o meu empenho para que o Merdex não fique fora da Rota.
(Pin Ups de Mel Ramos)
Como pai, até tremo só de pensar na famosa “Idade dos Porquês” por onde todas as adoráveis criancinhas passam lá por volta dos 5/6 anos.
Por mais boa vontade, abertura de espírito e consciência educativa com que me prepare para responder às primeiras perguntas, sou rapidamente consumido pelo ininterrupto encadeado de questões que se sucedem a um ritmo frenético e que utilizam uma lógica absolutamente metafísica na sua subordinação. O desespero leva-me normalmente a recorrer a manigâncias de que depois me envergonho (do tipo “vai perguntar à mama” ou “olha, os desenhos animados já começaram”).
Agora imaginem tudo isto em estéreo! Garanto que por muito menos há muito boa gente internada em hospícios.
Parece-me demasiado fácil dizer que o fenómeno não é mais do que a constatação da fraca consciência cívica que é pressupostamente uma das características do povo Lusitano. Já por diversas vezes, sob o modelo adequado, os Portugueses deram mostras de que estão dispostos a participar e a manifestarem-se (neste gráfico vemos que já houve inclusive eleições em que a taxa de participação atingiu os níveis mais altos dos restantes países Europeus).
O Manolo diz num dos posts lá em baixo qualquer coisa como: os modelos políticos não estão a acompanhar a evolução das expectativas dos cidadãos. Concordo em absoluto e Portugal é certamente um dos países Europeus onde esta afirmação é mais verdadeira. Os Portugueses arrancaram para a modernidade e nos últimos anos deram saltos quantitativos e qualitativos de gigante (os programas do A.Barreto que vi, e tenho muitíssima pena de não os ter visto todos, davam bem conta disso). No entanto o modelo político não evoluiu: uma Constituição pesadíssima, um sistema partidário desorganizado, afastado dos cidadãos e quase implodido à conta das tricas dos seu barões, um sistema municipal bafiento sem capacidade para funcionar e que só serve de bebedouro para o caciquismo partidário, um parlamento que pouco parlamenta e que é pouco mais do que o camarim dos nossos políticos profissionais.
Não se revendo no modelo, os eleitores mandam-no às malvas e juntam-se todos num cantinho à espreita de alguém em quem possam confiar … chame-se ele Sebastião ou não.
Eu só espero é que quem venha, venha por bem!
Da mesma forma que disse que não acredito numa Europa construída à margem dos seus cidadãos, também não tenho muita fé numa cidade gerida sem a participação dos seus habitantes.
Lisboa está nesta situação. A maioria dos seus habitantes não está com muita disposição, ou pelo menos com um mínimo de entusiasmo, para ajudar a resolver os problemas da cidade. Esta é seguramente uma leitura que se pode fazer da elevada taxa de abstenção, independentemente das razoes que possamos julgar terem levado os eleitores a preferir outras paragens que não as mesas de voto.
Eu sei que estas ilações são sempre abusivas, mas neste caso não resisto: o episódio do Zéquinha é sintomático da atitude face à autoridade que se tem generalizado em Portugal. Ou seja, não se dá grande valor. E até se a pudermos estorvar, nem hesitamos! Só assim se explica que um puto de 18 anos se dê ao desplante de tirar o cartão da mão de um árbitro (não, o calor da competição não pode ser justificação!). E se as histórias do irreverente Menino Zéquinha ainda tinham alguma graça, a esta não lhe consigo achar piada nenhuma.
Julgo que, entre os povos europeus, não deve haver nenhum outro que demonstre tão grande desrespeito pela autoridade como o Português (talvez os Gregos que têm a mania que são artolas … mas mesmo assim…).
Aquele rapaz, o Arroja (que agora escreve no Portugal Contemporâneo), diz que o povo Português quando lhe é dado o Poder, através da Democracia, não sabe o que lhe há-de fazer e começa a desbaratá-lo….Será?