Eleições, Para Que Vos Quero?

Na maioria das mais recentes ocasiões em que os Portugueses foram chamados a emitir a sua opinião através do voto, os resultados da abstenção tem sempre surpreendido pela negativa.

Parece-me demasiado fácil dizer que o fenómeno não é mais do que a constatação da fraca consciência cívica que é pressupostamente uma das características do povo Lusitano. Já por diversas vezes, sob o modelo adequado, os Portugueses deram mostras de que estão dispostos a participar e a manifestarem-se (neste gráfico vemos que já houve inclusive eleições em que a taxa de participação atingiu os níveis mais altos dos restantes países Europeus).

O Manolo diz num dos posts lá em baixo qualquer coisa como: os modelos políticos não estão a acompanhar a evolução das expectativas dos cidadãos. Concordo em absoluto e Portugal é certamente um dos países Europeus onde esta afirmação é mais verdadeira. Os Portugueses arrancaram para a modernidade e nos últimos anos deram saltos quantitativos e qualitativos de gigante (os programas do A.Barreto que vi, e tenho muitíssima pena de não os ter visto todos, davam bem conta disso). No entanto o modelo político não evoluiu: uma Constituição pesadíssima, um sistema partidário desorganizado, afastado dos cidadãos e quase implodido à conta das tricas dos seu barões, um sistema municipal bafiento sem capacidade para funcionar e que só serve de bebedouro para o caciquismo partidário, um parlamento que pouco parlamenta e que é pouco mais do que o camarim dos nossos políticos profissionais.

Não se revendo no modelo, os eleitores mandam-no às malvas e juntam-se todos num cantinho à espreita de alguém em quem possam confiar … chame-se ele Sebastião ou não.

Eu só espero é que quem venha, venha por bem!

2 comentários:

Alex disse...

Concordo em absoluto. As eleições para a Câmara de Lisboa eram importantes para o futuro da cidade e até, a nível nacional. O soberano, o povo, o que disse? Que se fodam! Quando havia a oportunidade de mudar algo, de dizer o que queremos, chegou-se aos 65% de abstenção. Compare-se com as últimas presidenciais em França!
Com este nível de abstenção (o resultado não é vinculativo) temos que retirar algumas conclusões:
- A política está sem credibilidade. Ninguém acredita nos políticos.
- O povo não tem capacidade cívica para alterar as coisas. Não quer saber, há um déficit de cidadania.
Como se resolve isto?
Primeiro, tal como Harpic já escreveu, é urgente uma alteração da lei eleitoral onde os cidadãos saibam quem os representa e possa pedir responsabilidades.
Segundo, é preciso tempo. Tempo para os portugueses aprendam a Democracia. E isto é o essencial.
Saúdinha

Anónimo disse...

e como é que tens a certeza de que a democracia (definida em termos dos modelos mais comuns nos restantes países ditos democráticos) é exportável para Portugal?