Paz Israelo-Palestina; um desejo para 2006


“Martin Luther King once said that "There comes a time that people get tired."
For the peoples of the Middle East, Mr. President - all the peoples of the Middle East - that time has come. The people of the Middle East are tired, tired of bloodshed and tired of violence. They are tired of terrorism, tired of despotism, and tired of hatred. They are tired of corrupt leaderships that do nothing to foster harmony, yet do all that they can to stifle it. They are tired of the adoption of anachronistic and one-sided resolutions that are as disconnected from reality as they are from the noble ideals upon which this organization was founded."

Começa assim a declaração à Assembleia Geral das Nações Unidas do Embaixador permanente de Israel em 30 Novembro de 2004. Foi há um ano. Profunda crítica a Arafat, “they never miss an opportunity to miss an opportunity”. Apelava a lideres do outro lado, porque a história não é só passado, também deve ser presente e futuro. “The voices of those looking for the opportunities provided by democracy and respect for human rights, and ready to live in peace with their neighbors”. O caminho seria “to empower the moderates

Manifestava a posição oficial “Israel has offered an outstretched hand to those genuinely committed to peace, and we have proved ready to follow the path of mutual recognition and mutual compromise” Dá os exemplos de paz conseguida com Egipto e Jordânia; elogia os “courageous Arab leaders”. Faz um historial dos processos e progressos conseguidos “It is important that the international community, and this Assembly, support those working towards a peaceful resolution, by empowering the peace-makers” votaria contra pois justificava que a resolução defendia os que “promoting acrimony and divisiveness instead of constructive dialogue,”, assim “Unfortunately, the resolutions presented to the assembly on the agenda items discussed in the last two days follow this tired and harmful pattern. Accordingly, Israel will be compelled to vote against them".
Toda a declaração é muito interessante, A História escreve-se em todos os momentos e o problema de Israel-Palestina está na origem e justificação de profundos e graves problemas. Desde a emigração, pobreza, corrupção, e naturalmente o terrorismo. Tudo temas actuais.
Apoiar as negociações de paz, reconhecer dois Estados com as limitações e problemas inerentes (territórios ocupados, Jerusalém, forças armadas, refugiados, segurança) condicionadas pela História injusta para palestinianos, mas justa para Israel; reconhecer que o fundamental é a aceitação da existência de Israel que ainda não há por parte dos árabes e muçulmanos (veja-se o Irão) e não condenar para sempre o futuro dos povos do Médio Oriente.
Passado um ano daquela declaração (posso postá-la na íntegra) termina assim: “We call on all our neighbors to accept our goodwill and return it in kind. All of us are tired of pain and violence, and it is high time that the Middle East, known in history as the "cradle of civilization," reclaimed that legacy.”

Com a morte de Arafat queremos acreditar numa luz ao fundo do túnel, e os meus desejos de Ano Novo vão para que durante o próximo ano, de 2006, se dê passos seguros em direcção ao futuro na resolução do problema israelo-palestiniano e com ele se ajude a muitos outros. A nossa contribuição será sempre apoiar e responsabilizar os árabes e muçulmanos moderados e “combater” os regimes mais extremistas.
Bom Ano Novo, e tudo a correr bem no próximo ano.

O CANSACO DA CAMPANHA

A frescura física e a lucidez que o candidato Mário Soares começou por apresentar no início desta campanha eleitoral (ou pré-campanha) começam a dar sinais de algum desgaste.

Mario Soares sobre as declaracoes do lider do CDS-PP sobre o terrorismo (via Blue Lounge)

Obviamente que não é assim um episódio isolado que pode por em causa uma candidatura ou atacar a personalidade do sujeito, mas que coisas destas põem um dedo num certo predicado, ai isso põem!

OTA, a saga continua



Após toda a discussão sobre as vantagens e desvantagens relativas à construção de um novo aeroporto (ver na Revisão da Matéria, por exemplo) parece ser quase consensual que A Ota não é adequado; sem possibilidades de crescimento, limitado geograficamente, com altíssimos custos de investimento (terrenos pantanosos) tudo isso a somar às dificuldades de ligação ao TGV e às importantes definições da entrada e saída de Lisboa. Já mencionado, por diversas vezes ( e agora também no Expresso) aparentemente a solução ideal será o novo aeroporto em Alcochete (no campo de tiro). Parece satisfazer todas as condições, é muito mais barato, liga bem com TGV, tem, é de facto, e pelo que tenho lido, a solução ideal. Se assim fôr, qual a razão do Governo para não tomar esta decisão? Seria um esclarecimento oportuno, talvez através do Democracia Directa. O que custa a entender, é que a questão é colocada por parte do Governo como: " É na Ota, porque sim!", e os estudos dos especialistas dizem claramente (e com argumentação plausível) que deve ser em Alcochete, assim como o TGV só Madrid - Lisboa. Afinal, oh Sócrates, porque não Alcochete? Quais as vantagens da Ota? A saga continua.

Esquerda nova; as causas que valem a pena


Espero mais da Esquerda. Esta exigência é maior porque as grandes transformações históricas no sentido de igualdade, liberdade, melhores condições de vida, participação e cidadania, justiça, dignidade dos homens, direito a expressar ideias e opiniões diferentes, melhor distribuição da riqueza, etc tiveram raízes na Esquerda.* Lutaram por elas. Normalmente estas alterações do curso da História fizeram-se à custa de revoluções.

O que tenho defendido em anteriores posts, é que é necessária uma ideologia de Esquerda nova, destes tempos de mudança generalizada e de globalização. E esta nova Esquerda, estará representada por Tony Blair, Zapatero, Sócrates, (Ângela Merkel) na Europa (em França é mais difícil), que, tendo ganho eleições democráticas nos seus países têm agora grandes responsabilidades.
A mais importante das quais será definir claramente qual a estratégia global, a que chamei a nova ideologia, e chamar a essa causa a multidão que, ainda órfã da luta ideológica dos últimos 80 anos parece esperar ainda a próxima revolução.

- Uma Esquerda nova não deve apelar à Revolução. Não deve considerar patrões e empresários como inimigos dos trabalhadores e funcionários. Deve pugnar por acabar com privilégios do Estado injustificáveis.
- Deve compreender a mudança e tomar medidas para garantir a sobrevivência de um estado social que assegure a todos os cidadãos o mínimo nos sectores de Educação, Saúde, Reforma, Desemprego, etc.
- Deve assumir que o Estado não deve ser um agente económico, mas cumprir as suas obrigações (a fim de manter o ambiente económico; moeda única, inflação e taxas de juro baixas, deficit controlado) e incentivar o desenvolvimento de iniciativa privada apostando claramente nas áreas de novas tecnologias e de exportação, não sobrecarregando de impostos.
- Na Europa deve lutar por uma União mais política, defendendo um Tratado Constitucional (basicamente aquele que existe) e optar claramente pela entrada da Turquia.

Reconheço que esta lista “simplista” pode também facilmente ser defensável pela Direita, pelo menos nalguns pontos. Mas estas são as causas que vale a pena lutar, pois que a Esquerda nunca foi egoísta e tem que pensar nas próximas gerações. E elas só estarão melhor se houver crescimento, emprego, direitos sociais, etc. E é agora o tempo de tomar as decisões.

*(Confio mais na esquerda, declarando que não considero Estaline nem Mao, por exemplo como identificando a Esquerda. Claro que a corrente que se opôs a estes avanços a considero de Direita, com a ressalva que ideias de Direita também contribuíram e são bastante válidas desde que reconheçam estes valores essencias).

MEMÓRIAS

Este período de festas é por excelência um momento privilegiado para a reflexão. Primeiro porque normalmente a pressão do trabalho fica um pouco aliviada, mas também porque o Natal convida a que deixemos vir ao de cima os nossos melhores sentimentos e porque o aproximar de um novo ano enche-nos de vontade de desenharmos novos empreendimentos.

Num destes momentos deixei-me levar por um género de ‘flashback brainstormed’ de onde me saíram referencias a algumas das melhores memórias da minha juventude.

Decidi partilhar estas referências com vocês pois os momentos que elas descrevem foram também partilhados com alguns de vocês. E porque o Natal é também uma festa dos amigos (e um convite geral à pieguice!), aproveito a ocasião para vos agradecer serem meus amigos e por fazerem parte das minhas memórias.

475, The Mayors, Merdex, uma 33, sandálias, Geração Actual, Relvinhas, Sao Gião, Forte Sao Julião, calcas afuniladas, botas alentejanas, poker de dados, Spectrum, Checkered Flag, jogos de estratégia, Alto Mar, Dao Terras Altas, cherne grelhado, costoletas de novilho, Miudinho de Carnide, bolas de Berlim às 3 da manha, doubletons nos restaurantes, croissants recheados, Rock Rendez Vous, Highland Clan, poker, 3 para 3, 4 para 4, La Bamba, futebol no Júlio de Matos, Tony Silva, gravações vídeo, Ventos de Guerra, caricas, Lagos, índios, colecçoes de cromos, peace and love, AD, fugir à polícia, bolas rebentadas, excessos, terraço, Feira da Ladra, Imaviz, fondue, porteiros das discotecas, noite de cinema, porta do prédio, porteiro, D.Arminda, Os 4 Bombas Anónimos, televisão a cores, Os Cinco Gatinhos, escarretas no corrimão, elevadores com 15 macacos, Mini vermelho, Casino Estoril, Jogos Sem Fronteiras, Cornélia, greve da Tabaqueira, Sto.António no Bairro Alto, saltar fogueiras, acampar na praia da Costa da Caparica, autocarro carreira 19, Commodore, Cabeça de Touro, 2002 Control, Aveiro, golpes de rins na calcada, saltar varandas, café do Silva/Ramos, freaks e kekes, Disco Sound, Rock’n Roll, Heavy Metal, concertos no Pavilhão de Cascais, Benfica, garrafas de Macieira na cabeça e claro OLIVAIS!

PEROLAS

Uma perola, uma verdadeira perola!

PASSATEMPEX

O Merdex lanca um novo suplemento: o Passatempex.

A primeira iniciativa no ambito desta nova seccao é o Democracia Directa.

Nas proximas 15 semanas o Democracia Directa irá convidar os leitores a opinar sobre um tema de maior importancia para a definicao das politicas que Portugal deverá seguir. Cada semana será apresentado um novo tema cujos resultados serao apresentados na semana seguinte. No final das 15 semanas reuniremos todos os resultados sob a forma do Manifesto dos Leitores do Merdex que será enviado por carta registada ao Primeiro Ministro Eng. Jose Socrates.

O Democracia Directa está aberto a sugestoes: quer sobre os temas que deverao ser opinados quer sobre o seu 'modus operandis".

Este é o contributo do Merdex para ajudar a vencer as dificuldades que hoje Portugal enfrenta e para combater o fatalismo populista que 'anda por aí'.

POSTS DE NATAL

Atraves do Blue Lounge chego a este bonito post do Rua da Judiaria.

Aproveitem também para ouvir as musicas; sao daquelas que fazem bem ao coracao.

FELIZ NATAL

A Redacao do Merdex deseja a todos os seus leitores

FELIZ NATAL E UM ANO DE 2006 CHEIO DE PROSPERIDADE

FANTASTIQUEX

Ontem no debate Presidencial o candidato Manuel Alegre afirma qualquer coisa como

As pessoas têm medo de demonstrar o seu apoio à minha candidatura com medo de represálias!

Represálias? Interroga o entrevistador.

Sim, riposta MA, tais como o seu filho já não conseguir ser colocado.

Fantástico! É o assumir em público por parte de um candiadato à PR: os filhos não se candidatam e concorrem a empregos…. são colocados!

Mas pronto, isto se calhar é mesmo assim e como diria o colega Ranys: Honni soit qui mal y pense!

José António Saraiva, grandes posts



"Sempre pensei que é o fraco quem ataca o forte - e não o contrário" escreve José António Saraiva, na sua Última Política à Portuguesa deste sábado no Expresso. Vou ter saudades. Tinha sempre algo de interesse e com razões a dizer. Ideias originais, que nos faziam pensar e transbordar do nosso meio e de uma forma, como ele próprio caracteriza, "de forma clara e concisa..." e com o lema que muito aprecio: "tornar simples as coisas complicadas." Nem sempre concordando com as suas ideias, presto daqui a minha homenagem, a JAS " a melhor opinião da imprensa portuguesa" nas suas palavras. Tomara que mais assim houvesse. Tomo-o como exemplo

Nova ideologia


Fala-se frequentemente do fim das ideologias. A definição de ideologia é um pouco vaga: sistema de ideias constituindo “um corpo de doutrina filosófica que condiciona o comportamento”. A questão é que passámos quase os últimos 70 anos com uma “guerra” ideológica tão extremada, tão antagónica e radical que neste momento há como que um vazio por preencher. E faz falta. Porque é necessário acreditar sempre num ideal, ter esperança numa transformação do mundo para melhor, e, para isso queremos tentar contribuir.

A ideologia mais forte e que mais influência deixou em muitos milhões de pessoas, que convictamente acreditaram na transformação do mundo no séc. XX foi, sem dúvida o legado de Karl Marx. Para ele a História tem sido uma permanente luta de classes, entre a dominante e a dependente. Tendo em seu poder os meios de produção, a classe dominante explora os que nada possuem. Em contrapartida, o comunismo conduziria a uma sociedade sem classes onde não haveria diferenças na posse dos bens materiais. A teoria económica marxista baseia-se igualmente no antagonismo entre capitalistas e proletários. O capitalista é senhor dos meios de produção, o proletário apenas possui a sua capacidade de trabalho. Só lhe é pago o salário que é apenas parte do valor do trabalho realizado; a outra parte, a mais-valia, é arrecadada pelo capitalista sob a forma de lucro. Na opinião de Marx o proletariado tomará conta dos meios de produção. O Estado é considerado como um instrumento através do qual a classe dominante exerce o poder, portanto, o proletariado deve, no decorrer da Revolução, apoderar-se do aparelho de Estado. Na fase de transição dominará a ditadura do proletariado, mas o objectivo a atingir será o de uma sociedade sem classes.

A ideologia oposta é o capitalismo económico baseado na propriedade privada, na procura do lucro, através do mercado livre e na livre concorrência entre empresas. Defende a liberdade individual de expressão e associação, perseguindo o primado da Lei e, sendo democrático, baseia-se na eleição de representantes, protegendo também o direito das minorias. O papel do Estado é o de redistribuir os rendimentos (através dos impostos) pelas faixas mais carenciadas da população.

Estas são as raízes básicas das duas ideologias que originaram tantos ismos. Hoje as coisas e as causas não são tão preto-e-branco. Apercebemo-nos que vivemos um período que à falta de melhor chamamos Globalização. Ninguém sabe muito bem o que é, e há muitos que são fortemente contra, anti-globalização, outros que lhe negam a existência e ainda outros que vislumbram uma orquestração dos poderosos da Terra. Para mim significa que a visão é global, em todos os sectores da actividade humana. Tanto é um fenómeno da Globalização o encerramento de fábricas das multinacionais para abrirem em países de mão-de-obra barata como o é, a ajuda das Organizações Não-Governamentais (médicos sem fronteiras, etc). Penso que a grande crítica que deve ser feita, é que a procura do lucro não pode justificar tudo, e há uma obrigação por parte do poder político e económico de construir mecanismos que evitem as desigualdades e os efeitos secundários do chamado capitalismo “selvagem”.

Como as posições ideológicas não estão claras, o posicionamento relativamente a estas questões novas é também confuso. O sistema capitalista é economicamente aquele que desenvolve e produz crescimento, mas temos que ser uma sociedade que aponte as prioridades para tornar a vida digna à população. Paralelamente a intervenção do Estado deve ser mínima (salvaguardando sobretudo, a distribuição e a colecta de impostos de forma justa e saudável). Por aqui terá que passar a nova ideologia.

As empresas e os trabalhadores não podem ser inimigos e têm que “negociar” os entendimentos que interessem a ambas as partes; a visão marxista, verdadeira no seu tempo, deve ser abandonada, sob o risco de impossibilitar o desenvolvimento (ou, dramaticamente de sermos ultrapassados, sem acesso a bens e serviços*), mas, enquanto não existir uma nova ideologia que a substitua, o marxismo continuará a ter lealdades.

Em conclusão, há um vazio de ideologias, ou de lideranças com visão de futuro. Isso gera conflitos em que a posição predominante é “estar contra”. E isso é dramático. Gostava que essa nova ideologia viesse da Europa, mas provavelmente, e infelizmente (ou do mal o menos) os Estados Unidos terão a primazia na política global, no rumo da História.


* Queremos crescer economicamente, ano após ano, sempre? Mesmo optando por não o fazer (que na verdade, não é opção), na economia global passamos a estar completamente dependentes de outros e com atraso irrecuperável. A competitividade é um fardo do nosso tempo contra o qual não podemos “enterrar a cabeça”.

OPINEX

Por influência dos monárquicos (assumidos e não assumidos) que escrevem aqui nesta quadratura de blogs, pus-me a pensar na possibilidade de Portugal poder voltar a ser uma monarquia. E não é que comecei a achar uma boa ideia…..

A figura do PR no nosso regime está muito próxima daquela que normalmente é hoje a figura dos reis das monarquias europeias modernas. A única grande diferença que existe é no método de ‘selecção’.

Aqui exponho algumas das minhas razoes:

O Rei não está sujeito a factores que, na minha opinião, podem influenciar negativamente a actuação do Chefe de Estado: as recandidaturas e as influencias partidárias.

Esta campanha eleitoral tem-nos mostrado o quão difícil é para os candidatos justificar porque são eles os mais indicados para ocupar o lugar de PR. Esta dificuldade advém essencialmente do facto de não fazer sentido apresentar um programa para o cargo de Chefe do Estado. O Chefe do Estado tem uma actuação muito mais reactiva do que pró activa e será o curso dos acontecimentos que determinará em grande parte a sua actuação. Em contrapartida o Rei não necessita de justificar a sua sucessão e não causa, como diz o Alex, estes períodos de divisão entre os Portugueses.

Porque a História de Portugal é uma inquestionável riqueza do nosso país (e que pode e deve ser utilizada como mais-valia em muitas situações) julgo que a figura do rei, porque mais ligada a esse passado, pode dar um maior contributo na interacção Estado/Nação.

E finalmente, porque julgo que este tipo de mudança e os movimentos cívicos que ela iria necessariamente originar poderiam, por si só, ser um factor decisivo na aglutinação dos esforços dos vários componentes da nossa sociedade em prol do pacto social que, na minha opinião, é peça fundamental para que consigamos ultrapassar os tempos difíceis que se avizinham. Seria como que uma resposta da sociedade à crescente falta de credibilidade dos políticos e a manifestacao de uma vontade de mudanca.

PS: Apesar de não puder servir como argumento (por falta de sustentação) também dá que pensar que no top do ranking dos países com maior pib per capita estão essencialmente monarquias.

ECONOMIEX

Terca-Feira passada fui fazer uma visita ao porto de Antuérpia. Este é o 4 maior porto do mundo (em volume de tráfego internacional), é o principal motor da economia Belga e dá emprego (directo e indirecto) a 120.000 pessoas. Impressionante.

O guia avançou com alguns factos que julgo interessantes (faço fé no homem e não me dei ao trabalho de os confirmar):

Cerca de 70% de todas as mercadorias são transportadas via marítima (esta percentagem está a crescer);
O barco é o meio de transporte menos poluente, quer por tonelada quer por quilómetro.
Cada 2 horas sai um porta-contentores da China;
Um contentor enviado por barco de Antuérpia para o extremo Oriente custa cerca de 100€; o mesmo contentor enviado por camião para Munique custa cerca de 1200€;
Os armadores estão a construir porta-contentores: muitos e cada vez maiores.

O fenómeno da globalização está a dar cada vez mais importância ao sector do transporte marítimo e a tornar as indústrias a ele associadas em áreas de forte expansão.

Confesso que é uma área que conheço muito mal; de qualquer forma aqui vai o meu bitato. Não creio que possamos aspirar a tornar Sines ou qualquer outro porto Português num grande porto internacional (são demasiado periféricos para isso) mas julgo que, haverá certamente nichos de mercado sobre os quais a nossa situação geográfica (e porque não a nossa tradição marítima!) nos poderá dar algumas vantagens competitivas. A PSA (que é a maior empresa do mundo a gerir terminais de contentores, e que também gere um terminal em Antuérpia) decidiu investir em Sines; eles lá deverão saber. Agora faltava ao Governo definir uma estratégia para enquadrar a nossa política marítima para cativar outros investidores.

No entanto parece que as prioridades são outras! E pelo susto que o Paulo Portas levou quando lhe disseram que era Ministro do Mar dá para perceber que este não é um sector muito atractivo para os nossos governantes….

EXPLIQUEM-ME COMO SE EU FOSSE MUITO BURRO !


O meu amigo Ambrósio disse-me há dias que o Presidente da Comissão Europeia foi a Madrid negociar com Zapatero, dizendo-lhe que a decisão acerca da compra da Gaz Natural pela Endesa não tinha dimensão europeia, ficando assim, Madrid livre para decidir...
- Mas nós, aliás uma proposta do mesmo Durão Barroso, não tentamos que a EDP comprasse a Gaz de Portugal, e a Comissão, presidida já pelo Dr. Durão Barroso inviabilizou essa aquisição argumentando que tinha dimensão europeia e distorcia o mercado da energia na europa... disse-lhe eu.
- É, mas aqui decidiu ao contrário. Aliás, parece que a Comissão tinha dois relatórios preparados, um com a decisão que o negócio tinha dimensão europeia e outro que concluindo que não tinha. Parece que negociou com a descida dos fundos para Espanha e Zapatero aceitou. Parece que fica com o terceiro maior grupo energético da Europa...
- Não percebo. Mas e a EDP ?...
- Pois é. E eu que pensava que Durão Barroso abandonou o governo para nos defender melhor na Europa... Afinal...
- Não entendo. Explica-me como se eu fosse muito burro !
O Ambrósio anda sempre muito bem informado. No outro dia, e em relação ao problema dos transportes de prisioneiros pela CIA disse-me:
- O Director da CIA afirmou que não torturam prisioneiros. Estão a ganhar a guerra ao terrorismo mas respeitam os prisioneiros e nunca maltratam os seus prisioneiros.
- Muito bem.
- Mas quando lhe perguntaram acerca do método da "sufocação", que consiste em colocar um papel celofane na boca e nariz de moda a não se poder respirar, o sr. Goss disse que não considerava isso uma tortura...
- Não percebo. Isso não é tortura ?
- Pois. Ele diz que não é. Portanto não tortura ninguém.
- Epá, não entendo. Explica-me como se eu fosse muito burro !
O Ambrósio foi à terra e quando chegou contou-me uma história :
- Um vereador da camara Municipal de Tábua chamado António Carvalho Nunes foi condenado a um ano e três meses de prisão, com pena suspensa, pois durante dois mandatos esteve de baixa, recebendo subsídio de doença e ao mesmo tempo tempo trabalhava em várias empresas.
- O quê ? Um vereador de baixa mas trabalhava ao mesmo tempo ? Como é possível ?
- É verdade ! No final do julgamento, o seu advogado disse que o seu cliente teve uma boa atitude em tribunal, e muito sinceramente, não tinha a noção de que estava a fazer algo ilícito...
- Não entendo. Não tinha a noção que estava a fazer uma coisa ilícita ?
- Pois, coitado. Julgava que podia estar de baixa e ao mesmo tempo receber de outras empresas...
- Epá. Explica-me como se eu fosse muito burro !
O Ambrósio acabou de ouvir uma noticia na rádio e veio-me logo contar :
- Sabias que a CP dá prejuízo em todos os sectores ? Mas os seus gestores, que não ganham nada mal, ainda recebem despesas de representação 14 meses por ano !
- O quê ? Não pode ser. Despesas de representação, catorze meses por ano ??
- É verdade. Catorze meses de despesas de representação !
- Não entendo. Explica-me como se eu fosse muito burro !

Saúdinha

ACERTO DE CONTAS


Finalmente acertámos as contas com o Man United!
Antes do jogo, tentei ler tudo sobre o jogo. A capa d' A Bola estava bonita, Eusébio a pedir para se fazer história.
O Man United era favorito. Na bolsa de apostas era evidente esse favoritismo. Na TSF, José Augusto lembrava muito bem : Ninguém ganha sem jogar... e avisava que para o Benfica equilibrar era fundamental jogarmos com o 12º jogador.
A ansiedade era enorme, racionalmente sabemos que o Benfica não tem hoje equipa para o Man United, mas havia aquela fé, aquela vontade, a Memória do Benfica, grande da Europa e a sensação de que era a oportunidade para regressarmos a esse estatuto.
Logo no sorteio se perspectivou um grande jogo a encerrar a fase de grupos mas, sempre pensámos que nessa altura já estariam ambas as equipas apuradas. Afina, sucedia precisamente o contrário, precisavam, ambas desesperadamente, de ganhar !
Penso que à partida só podíamos esperar um bom espectáculo porque vencer era...um sonho.
Era um jogo do caraças ! Mas...há horas felizes !
A constituição não foi diferente da anunciada. Alcides a lateral, Nelson a fazer a ala direita, mais avançado e o regresso do Geovanni. Onde este jogaria ? Atrás do Nuno Gomes. Não. Foi a surpresa, pôr o Geovanni à frente do Nuno G. E foi brilhante.
Entrei no Estádio. Porta 13, Piso 1, Sector 17, Fila D, Cadeira 8.
Ao meu lado, um consócio avisou-me : - sou homem, para num jogo destes, fumar um maço inteiro !
O estádio está lindo. No piso zero distribuiram uns bate-palmas de plástico que faz um efeito porreiro.
O Vôo da Águia. Quem não viu, devia ver. E cada vez está melhor treinada. Faz circulos descendentes, até aterrar no Emblema e ser recompensada com um belo bife. É uma sensação arrepiante!
Vamos ao jogo! O Público está ao rubro, ninguém ouve os Ingleses espalhados por um sector lá em cima no 3º anel.
O ínicio foi aterrador ! Não conseguíamos saír com a bola, era o "Alivia!". Não dávamos três passes seguidos, eles não deixavam respirar e, ao contrário, jogavam com a bola rente à relva, ao 1º, 2º toque.
Marcaram, 0-1. Vai ser memorável. Vão ser cinco... Não, o jogo ainda não acabou e, "Há horas felizes..." Muito por culpa de Nuno G. o Benfica fez uma ou duas jogadas intencionais, e colocou-se melhor no meio-campo. O mais importante é a confiança. E o Benfica, ajudado pelo público, começou a ganhar confiança. E veio aquele salto de peixe.... Goooooooooooooolo.
Foi a vez do Benfica ser mais perigoso. Atrás, Leo e Petit não davam hipóteses ao "sportinguista" C. Ronaldo. Anderson com Nistelrooy ou Rooney, Luisão em todo o lado e Alcides com Giggs, à frente Beto e Nuno G. tentavam, mas era sobretudo Nélson que criava situações. E aconteceu. Um grande remate de Beto, de primeira, vinda da cabeça de um defesa. É golo. Virámos ! Foi sorte o golo ? Foi um grande golo !
- Está na hora ! Acaba o jogo !- ouvia-se por todo o lado.
Tínhamos que aguentar até ao intervalo, faltavam dez minutos. Se marcássemos o terceiro antes...Eles massacraram, mas sem chances. O árbitro perdoa uma falta ao Man United sobre o Giovanni marcando ao contrário e inventa uma falta perigossíma contra nós. Não há dúvidas que aqui, o Grande é o Man United. Alívio. Intervalo.
Não há substituições, o Benfica fechou-se, o Man United circula a bola mas não arranja espaços.O Público ajuda. Ajuda muito... SLB...SLB...SLB,SLB,SLB...Gloriosooo SLB, Glorioso SLB.
Vamos acreditar. Vamos fazer História. O Benfica, tal como tinha feito no Marítimo, veio para trás fechar-se completamente. Não gosto. É muito perigoso. Para conseguir defender 1-0 é preciso ser uma grande equipa... Felizmente temos dois centrais de luxo. Na minha opinião, Luisão é jogador de classe mundial, nomeadamente pela sua liderança!
C. Ronaldo foi substítuido. Fez o gesto com o dedo. É feio. Muito feio. Um jogador com aquele talento, não tem cabeça. Ele que pergunte o que é ser assobiado no Estádio da Luz, ao Rui Águas. Ele sabe, o C.Ronaldo não.
Uma chamada de atenção para Bruins Slot por ter entrado no meio do campo para "apressar" o Geovanni que fazia ronha para perder tempo na substituição. Foi bonito e deveria servir de exemplo. O Slot, não o Geovanni.
Ganhámos!! Estamos nos Oitavos. Venha o próximo.
O sonho de Glória continua.
Lembro-me das caminhadas pela 2ª circular, na extraordinária campanha com o Eriksson, onde tentávamos adivinhar o título da Bola do dia seguinte. A Bola de quinta-feira. Hoje o título foi bonito GLORIOSO. (habituei-me a ler "A Bola" e impressiona-me tanta gente a dizer que esta é um pasquim. Mas isso é assunto para outro post).
Onde podemos chegar ? Já foi bom chegar aqui. Dos tubarões não queria o Barcelona, Juventus, AC Milan e Ol. Lyon. Preferia o Inter. Também temos contas a ajustar com eles...
Somos agora nós a representar o país. Ninguém o representa melhor.
Saúdinha
(Este post é reproduzido no Revisão da Jornada)

11 Setembro e Guerra do Iraque


Passado algum tempo dos acontecimentos e arrefecido o calor das discussões, quero sistematizar a minha opinião sobre a Guerra do Iraque:

Reforçou a posição das Nações Unidas?
Foi uma acção criminosa premeditada por parte de poderosos imperialistas, que têm como único objectivo dominar o Planeta?

O enquadramento histórico é a queda do Muro de Berlim, o fim da guerra fria, o acordar da China, a balcanização dos Balcãs, e também a ambição de Saddam pelo Kuwait, após terminar uma sangria com os seus vizinhos iranianos, e transformar o seu Iraque num país onde a única lei era a sua, apoiado pelos Ocidentais numa lógica de bipolarização (USA vs URSS). O aparecimento / amadurecimento do fundamentalismo islâmico (o Iraque a ser uma honrosa excepção) marca também o tempo.

Pela primeira vez as ONU desencadeiam acções ofensivas para repor a ordem e o direito internacional e uma gigantesca coligação expulsa sem dificuldade os iraquianos do Kuwait. Os xiitas do sul pretendem continuar até à queda do ditador, mas não têm o apoio necessário e Saddam perpetra uma carnificina. A partir daí as ONU castigam o Iraque mas, infelizmente os resultados dessas acções são mais miséria para o povo iraquiano e escândalos financeiros no petróleo por medicamentos.

Depois há um acontecimento decisivo, incontrolável, que mudou a visão de uma parte do planeta: o 11 Setembro de 2001 que desencadeia uma onda de indignação pela violência injustificável do terrorismo. A política dos Estados Unidos mudou. Contra o Terrorismo. As ONU delegaram numa coligação liderada pelos Estados Unidos e deu-se a invasão do Afeganistão. Ficaram a tentativa, que continua, de se construir um modelo democrático pelos afegãos e as forças de Manutenção da Paz (sobretudo alemãs) das ONU ficam no terreno. Mas as ONU não se esqueciam do Iraque, claramente sob a ideologia dos Estados Unidos, e exigiam cumprimento de inúmeras recomendações do Conselho de Segurança das ONU. E aprovam por unanimidade a Resolução 1441 (inclusive a Síria) que dizia, em termos simplistas, que se o Iraque não cumprisse com as exigências (evidenciando acções para cooperar com as sucessivas inspecções das ONU) assumia as consequências. Fazia depender do Relatório Blix. Após análise dos documentos há quem conclua: “a não cooperação do Iraque, amplamente evidenciada, produz uma forte presunção de culpa, directamente punível em virtude da R1441, confirmada pelo R. Blix”, ver Impasses de Fernando Gil.

Assim a resposta à primeira pergunta é, de facto que a posição das ONU nunca estiveram tão reforçadas. Todos os processos foram conduzidos pelas instituições das ONU, simplesmente faltou alguma coerência. Não houve nenhuma resolução a ordenar a invasão, nem nenhuma que a impedisse. Mas a mudança foi grande e a reforma das ONU não está tão distante como pode parecer. Qualquer país que ameace a ordem internacional sabe que se houver vontade nas ONU, pode pagar por isso. Este é um aspecto puramente legal.

No terreno político o terror imposto “obrigava” a acções, que como se veio a verificar à posteriori, nem estariam directamente ligadas. O Iraque? Óptimo, pois é um país mau e, além disso tem recursos fundamentais. Ninguém tem simpatia por Saddam. Um tirano violento que, idealmente, devia ter sido derrubado pelo seu próprio povo. A campanha militar é irreversível e atinge Bagdad. Saddam é feito prisioneiro. O erro capital é ligar Iraque ao terrorismo e tecnicamente garantir a existência de armas de destruição maciça. Porque não é verdade e, parece que já na altura o sabiam. Mas a resposta à segunda pergunta é precisamente o contrário; quem nunca procurou actuar de acordo com a legitimidade foi o Iraque e não os Estados Unidos, que não pretendem alargar o seu “império”, mas, (também simplista), querem entregar aos iraquianos o seu próprio destino (com eleições para criar uma Constituinte a ser referendada) enquanto o matar por matar não é bem visto nas sociedades Ocidentais.
Daqui por 20 ou 30 anos é provável que o Iraque seja uma potência económica e democrática daquela importante região (ver Japão e Alemanha, os derrotados da guerra 39-45). Assim até lá, o inimigo novo, chama-se terrorismo e devem ser as ONU a tomar as resoluções para o combater, pois nada será como antes da nossa Era, os inícios do séc. XXI.

PRÉMIO MERDEX


PRÉMIO INCOMPETENTEX

Procurador da República : Dr Souto Moura



PRÉMIO RIDÍCULAREX

Eleito Deputado pelo PPM : Gonçalo da Câmara Pereira



PRÉMIO LABREGOX

Director geral da SAB do Benfica : José Veiga

Terá Israel o direito de existir?


Desde longo tempo sempre me envolvi com paixão em discussões sobre um tema, de facto polémico: Palestina e Israel. Interesso-me vivamente por esta contenda tão amarga e injusta para os dois lados, cujo final angustiante tenho a esperança que sejam dois Países vizinhos que se respeitem e juntos construam a Paz.

A História do povo judeu é fascinante. É necessário conhecer desde o que vem da Bíblia, O Talmude ou Tora, até à sua diáspora, quando se espalharam, obrigados pelas circunstâncias, mantendo o laço comum e a memória colectiva que sempre os identificaram. Nunca tiveram vida fácil, sendo estranhos em todo o lado e sofrendo arrepiantes injustiças especialmente na Europa. E, estranhamente, tanto que contribuíram para o que de mais nobre se pensou, na história do pensamento europeu. Facilmente se escreve uma lista de personagens ímpares de judeus.

Este povo com uma espécie de ética de ser racional e justo, teve um sonho: o Sionismo nos finais do séc. XIX: Direito a ter um Estado com território dos tempos originais das doze tribos da Judeia, da Galileia e Samaria. E poderia ser noutro local? Seria justo?

A Palestina, zona pertencente desde o Islão aos Califados e sucessivas dinastias, disputada nos tempos dos Cruzados, do Império Otomano até à Guerra onde por acordo “subterrâneo” França e Grã-Bretanha o dividiram em Transjordânia e Síria e os ingleses obtiveram da Sociedade das Nações o mandato de Administração da Palestina. A crescente emigração de judeus especialmente do leste europeu começou a pressionar os palestinos que evidentemente se opunham a um Estado judeu nas terras de seus pais e avós.

A Declaração Balfour em 1912, preconizava a divisão dos territórios em dois Estados independentes Israel e Palestina alertando para se salvaguardar os direitos das populações. Toda a história dos kibbutz “colonização” e construção das aldeias e do país foi epopeia enaltecida e apontada como exemplo por toda a intelectualidade. Mas ainda antes da 2ª Guerra a luta de guerrilha contra os ingleses tanto das organizações judias como árabes liderados pelo Mufti de Jerusálem criaram antagonismos profundos. Durante a guerra e após o final desta a situação tornou-se insustentável: a emigração e especialmente o destino a dar aos sobreviventes, obrigou a Inglaterra a entregar o caso às Nações Unidas, que coincidindo numa série de circunstâncias legitimou (deu Direito) à existência de dois Estados, com fronteiras determinadas.

Sabemos o resto da história; guerra de 1948, onde os israelitas agarraram a oportunidade (de forma preconcebida?) expulsaram das suas aldeias cerca de 1 milhão de palestinianos cujos descendentes continuam hoje a ser refugiados, sucessivas guerras devido ao facto do Mundo Árabe não os considerar com direito a existirem como Estado naqueles territórios. Sucessivas guerras criaram o problema dos territórios ocupados (ilegitimamente) e a indignação, a pobreza, a raiva, o ódio e o terrorismo.

Os acordos de Paz alcançados em Oslo criaram a expectativa de um lado e de outro que só potenciou a desilusão que se lhe seguiu; responsabilidade é repartida mas Arafat surge-me como alguém que levou longe de mais o seu bluff. A 2ª intifada não tem explicação lógica para tanto que estava em jogo. A reacção de Sharon foi inaceitável. O sofrimento imposto aos palestinianos “presos” e sem quaisquer direitos nos territórios ocupados foi uma amarga decepção para mim. A segurança é uma responsabilidade que os governantes têm com os seus cidadãos, mas sem pôr em causa a vida de inocentes, como tem acontecido desde 2000, sem sequer comparar com os actos nem desesperados dos atentados terroristas-suicidas que está para além da compreensão. É verdade que as grandes causas exigem grandes actos mas vejam-se outros exemplos desde Ghandi a Mandela ou Xanana.

Perguntava se era justo. Não, não é justo sermos expoliados das nossas terras e dos nossos antepassados, humilhados, mortos, os nossos filhos crescerem sem futuro. É também de grandes injustiças que se faz a história, às vezes para colmatar outras maiores.
Os problemas estão todos discutidos; a questão já não reside apenas na retirada dos territórios ocupados, no redesenhar as compensações dos colonatos, o crescimento demográfico esmagador dos palestinianos relativamente aos israelitas, a divisão e livre acesso à dupla capital Jerusálem, às indemnizações devidas aos refugiados e a garantias de segurança de ambos os países; para mim a grande questão ainda não resolvida é a aceitação do direito de Israel existir e não encarar isso como algo que têm que expiar.

Diálogo de surdos? Não obrigado.



Gosto de discutir. Argumentar, justificar, apresentar as minhas razões. Há normalmente um problema; não considero meritório o extremar posições. Há sempre razão dos dois lados. Não temos que concordar ou discordar de uma dada opinião, pelo menos à priori, ou seja com ideias pré-concebidas. A troca de ideias resulta melhor se ambos os argumentadores perceberem a razão do outro. Isto pode-se chamar civismo. É claro que o espiríto crítico deve imperar e o contraste das diferenças também deve sublinhar os pontos em comum. E são estes os mais importantes e não os outros. Sei que com esta “técnica” serei cilindrado e que nunca ganharei um debate. A atitude de “…por principio não concordo…” parece ser mais forte e convincente.
No entanto, todos nós herdamos (entre outras) a cultura da Antiga Grecia e temos a imagem dos diálogos de Sócrates de Atenas onde com lógica irrefutável evidencia ao interlocutor, que normalmente pensava de maneira diversa uma determinada realidade. Ora aqui quero enaltecer não o grande mérito de Sócrates (indiscutível) mas para o anónimo, que de forma humilde aceita ouvir e reconhece a razão no outro. Se, de ambos os lados de uma argumentação, houver este espírito de abertura, de reconhecimento de outras ideias, capacidade de valorizar o acordo e assim perceber melhor as diferenças, será o primeiro passo para o desenvolvimento. Os povos que assim fizeram obtiveram melhores resultados em todos os campos.

OPINEX - PRESIDENCIAIS E REGIME


Não vou votar nas Presidenciais. Reconheço que é uma posição confortável. A verdade é que decidi isto antes das autárquicas (em que também não votei) e só votarei num eventual referendo ao aborto.
Portanto a minha posição não tem a ver com os candidatos (embora o conhecimento deles não me faça, antes pelo contrário, alterar a minha posição). Sempre fui defensor do dever do voto. Mas a politítica e os políticos tem-me desiludido imenso. Desde a saída do Guterres, que me parece que teve um bom primeiro mandato, em minoria, que veio contrapor o diálogo ao "deixem-me trabalhar" do homem do leme, com a paixão da Educação, com a Reforma da SS do Ferro, a entrada no euro com Sousa Franco, enfim com uma maneira nova de estar na política, que depois acabou no queijo limiano, e na fuga para não se atolar no pântano, passando pelo Durão Barroso que conseguiu uma maioria, para desistir porque no outro lado tá-se muito melhor... Depois os "episódios" do Santana, até à maioria do PS e de Sócrates, que começou por quebrar uma promessa solene...
Não vale a pena... Não tem remédio...
Já escrevi as razões porque não quero Soares e também não quero Cavaco. Alegre, no meio disto, teria a sua piada.
Mas a eleição presidencial tem este problema : A cada cinco anos o país divide-se quando há eleições. Depois une-se em torno do Presidente ? Tem sido, mas pode não acontecer. E para quê tanta guerra por causa do Presidente ? Afinal quem governa o país é o governo !
Eu, au contrer, de El Ranys, não sou monárquico assumido. Mas a verdade é que Portugal foi uma das Monarquias da Europa mais antigas. A verdade é que o orgulho que nos rebenta no peito quando cantamos o Hino, não tem que ver com o presente. Nós fomos grandes. Os maiores. No tempo dos Descobrimentos, reinado de D. João II, fomos, tecnologicamente e cientificamente, os primeiros do Mundo. África, América do Norte e do Sul, India, China e Japão, Austrália... Não existe um povo tão pequeno mas tão enorme nos seus feitos. E essa é a ideia do Portugal. Desde aí que temos vindo a caír, com algumas subidas como a entrada na UE, mas que já se perdeu... Como devolver o orgulho, a esperança, o reencontro com a História ?
Porque não debater a questão da Monarquia ? Não estou a pensar no Rei, mas na Monarquia. Há regime mais estável ? Eu só proponho a realização de um referendo. Não é Democrático ?
A República tem feito muito por Portugal ?
Repare-se nas Monarquias Europeias.
Saúdinha

Estado Social


A visão Europeia do Estado é um acordo tácito: contribuimos para o bem comum, ou seja um Estado Social. Assim, o Estado garante que os seus cidadãos tenham oportunidades de Educação, assistência na Saúde, no desemprego e na velhice, etc. Simultaneamente deve ser também um objectivo fomentar o desenvolvimento económico (produção de bens e serviços), respeitando a propriedade privada (a única que garante a poupança e o investimento), e portanto deve tentar manter os impostos baixos.
Se, por hipótese, o crescimento económico da Europa fôr bastante inferior a grandes áreas do Planeta e a demografia das gerações estiver a mudar (relação população activa contribuinte / população beneficiária a diminuir), se esta possibilidade fôr real então o nosso modo de vida está em risco. E se esta condição prevalecer para os próximos, digamos 30 anos, então é tempo de tomar acções, pois deixar tudo na mesma não pode ser opção.
Que fazer? Evidentemente crescer mais. Mas vivemos hoje num mundo global de competividade em condições desiguais, e a única forma de conseguir competir será apostarmos nas novas tecnologias, produtos de alta qualidade, nichos de mercado, imagem de marca muito forte e, naturalmente conquistar mercados. O Estado tem um papel importante, mas cabe à Economia "civil" apostar forte, inovar, etc. Por certo desencadeará muito sofrimento (desemprego, etc), mas como sempre sobreviverão os melhores. Interessa-me sobretudo focar o Estado Social.

O Estado pode intervir muito mais directamente na questão da Segurança Social do que no desenvolvimento (crescimento) económico. Aceitando a hipótese que o estado actual da Segurança Social na Europa não é mais sustentável, então devemos partir de alguns axiomas:

  1. Queremos que o Estado continue a garantir apoio Social mínimo (Saúde, Desemprego e Reforma)
  2. Não queremos que o peso da nossa contribuição aumente.
  3. Quando descontamos para a Segurança Social, não o estamos a fazer para nós próprios, mas sim a ser solidários com aqueles que necessitam

Posto isto, não devemos, por exemplo exigir a "retribuição daquilo que descontámos"; é certo que a expectativa comum é chegar à Reforma e ter um vencimento próximo daquele que auferíamos nos últimos anos de trabalho activo (que já não é real, actualmente) nem exigir que todos tenham os mesmos subsídios na Saúde ou outros.

O que devemos fazer é aceitar que o Estado garanta uma Reforma igual para todos, e que permita simultaneamente que o cidadão invista de modo privado na sua reforma, sem aumentar o nível das suas contribuições. Esta fórmula "fácil" está estudada e aparentemente resolve o fundo do problema. Nos países nórdicos já está implementado. Se é esta a solução então é obrigatório que o Estado a explique e a faça realizar. A começar já!

MUSICALEX


O Merdex mantém um cuidado muito especial no acompanhamento das novas tendências musicais. Desde os tempos em que seguíamos a carreira dos saudosos The Mayors nunca poupámos esforços para nos mantermos actualizados e poder informar os nossos leitores do que se vai fazendo no mundo da música.
Ontem os repórteres Harpic e Antonix lançaram-se de novo para o meio da multidão para assistir ao concerto de abertura da digressão Europeia dos Black Eyed Peas!
Esta banda, que é hoje uma das mais importantes referências do hip-hop, proporcionou um excelente espectáculo que animou o pessoal durante cerca de duas horas. Êxitos como Don’t Phunk With My Heart and Let’s Get Started puseram estes dois repórteres a abanar a maosinha!
E já agora:

Where is the love
Where is the love
Where is the love

PS: Fica também a informação de que agora quando é para mostrar luzinhas no escuro já não se usam isqueiros mas sim telemóveis. Sinal dos tempos!

IGREJA CATÓLICA ACABA COM O CELIBATO


Merdex sempre à caça do furo jornalístico descobriu nos meandros da Cúria Romana que a Igreja Católica Apostólica Romana vai terminar com o celibato dos seus sacerdotes.
Bento XVI determinou que aqueles de tendência homossexual, de caracteristicas homossexuais ou de alguma forma ligados à cultura gay, não podem entrar no Seminário.
Este repórter ficou surpreendido com esta "encíclica papal". Será para expiar os crimes dos bispos americanos que durante anos violaram crianças ? Mas... Os ordenados não têm que cumprir os votos de castidade ? Não são celibatários ? Se assim é, o que é que distingue um homossexual de um heterossexual ?
Fiquei matutando nesta pertinente questão. Se são celibatários não têm relações sexuais, certo ? Então não são nem homo nem hetero, são... Padres!
Eu sou católico, não frequento a missa mas tenho todos os sacramentos (só falta a extrema unção), baptizei as minhas filhas, por tradição e cultura. Mas um homossexual não pode ser católico ? E sendo, como encarará ele esta decisão ? A Igreja não é de todos ? Será um padre heterossexual (eu sei que, por definição não existe padres heterossexuais) melhor padre que um homossexual ? Porquê ? Isto por absurdo pois todos sabemos que os padres são celibatários.
Para quem a Igreja fala ? Quem a ouve ? E com que custos ? Será que daqui a uns anos vamos ter um Papa a pedir desculpa ao mundo devido à proibição do uso do preservativo ? E as mortes que essa proibição tem causado? A SIDA alastra, é a maior epidemia deste ínicio do século e a Igreja é cega e surda em relação a esse problema... E o aborto ? Jesus, nosso Senhor ajuda esta Igreja que parece que é contra a vida !...
Depois de uma análise profunda e baseado em fontes que consideramos fidedignas, descobrimos a razão desta absurda ideia. O Papa Bento XVI prepara-se para acabar com o celibato dos sacerdotes, em vigor durante séculos, e causador de grande sofrimento e de muitos "afilhados".
É a única razão que vislumbro para ter algum sentido esta decisão. Pretende-se que não haja homossexuais para depois os Padres poderem casar e terem uma família "normal".
Muito bem. Apoiado. Viva o Papa !
Saúdinha