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Modernizem-se!

O ABORTO


Entrámos em plena campanha do referendo do aborto.
Como esperava, cada dia que passa, o debate vai descendo de nível, e os argumentos passam do racional para o emocional.
Depois de todos defenderem um debate sério e elevado, na prática, a javardice começou.

Vem isto a propósito da última tirada de Marques Mendes quando disse que o combate ao flagelo do aborto não pode ser a legalização, tal como o tráfico de droga e a corrupção, apesar de serem crimes de combate difícil, não são resolvidos pela legalização! Comparar o aborto ao tráfico de droga e à corrupção é descer o debate ao nível mais rasteiro! Será que ele considera que a mulher que aborta é comparável a um traficante de droga? Será que não consegue fazer oposição doutra maneira? Será preciso tanta demagogia para se fazer ouvir? Não me parece que ganhe alguma coisa com estas tiradas perfeitamente idiotas...

Todos somos contra o aborto. Ninguém o defende. Aqueles que vão votar Sim sabem que seja legalizado ou não, o aborto continuará a fazer-se, e para que as vidas das mães não corram perigos evitáveis e que não sejam criminalizadas por uma opção terrível que tomaram, deve legalizar-se o aborto.
Os defensores do Não põem o valor da Vida Humana acima de todos os outros valores e não admitem o aborto em nenhuma circunstância (agora já o aceitam nos casos previstos pela actual lei).

Esta é a discussão que deve ser feita na campanha, mas infelizmente vamos no caminho da demagogia…
Já hoje o Bispo da Guarda considerou o aborto a pena capital!...
Esperemos que a campanha seja mais séria e elevada. Este nível de argumentação interessa a quem?

Saúdinha

OS REPRESENTANTES DOS TRABALHADORES



A Fábrica de Yazaki-Saltano vai deslocalizar para a Eslovénia pois decidiram descontinuar a produção do Toyota Corolla.
Vão 533 trabalhadores para o desemprego. O sindicato das indústrias eléctricas do Centro (SIEC) começou por pedir 2,5 salários por cada ano de trabalho como indemnização.
Após negociações, 90% dos trabalhadores aceitaram a desvinculação por 1,75 salários por cada ano, verba bastante superior ao previsto na lei para despedimentos colectivos.
Ainda assim o SIEC mantém o pré-aviso de greve. Hoje, após uma reunião geral dos trabalhadores, 85% dos presentes votaram pela suspensão da greve.
À saída da reunião o representante do sindicato afirmou que a greve se mantinha pois “havia ainda trabalhadores que os compreendiam…”. Em vez de o Sindicato compreender os trabalhadores, este sindicalista acha que são os trabalhadores que devem compreender o sindicato...

Assim, um sindicato mantém uma greve contra a vontade daqueles que representa pois considera que o sindicato é que sabe o que é melhor para os seus associados, mesmo que estes não concordem! É assim uma espécie de vanguarda iluminada que é dono da verdade, não se importando com as consequências para os interesses daqueles que deveria defender.

O sindicalismo é um movimento muito importante para defender as condições de vida dos trabalhadores e é inegável o seu papel histórico.
Mas hoje o que representam os sindicatos. Afinal quem defendem? Qual a sua visão do progresso? Quantos sindicalizados haverá em Portugal?

Os sindicatos só serão parte para o desenvolvimento do país quando perceberem que os interesses dos trabalhadores passam pelos interesses da empresa, quando entenderem que não há futuro melhor para esses trabalhadores se a empresa não crescer, não se modernizar, não for competitiva. Enquanto achar que os direitos adquiridos, há 30 anos, através dos contratos colectivos são direitos irreversíveis, são direitos eternos.

A mudança também passa por aqui.

Saúdinha

Leituras últimas

Muito se discute. A Globalização. A Economia e os Estados. A Riqueza, a sua produção e distribuição. Empresas e trabalhadores. O último livro que estou a ler de Alvin Tofler, “Revolução da Riqueza fala de tudo isso, (no excitante estilo do Choque do Futuro e Terceira Vaga) com uma visão americana muito interessante. Sempre gostei de ler estes ensaios sobre a realidade que nos cerca, aquilo que está na causa e os efeitos que poderão surgir no futuro. E pinta com inúmeros exemplos, todos perfeitamente concebíveis e racionais. Até porque há sempre algo de optimista, em Tofler, mesmo face a todos os males da Sociedade, isto é: "A Globalização. A Economia e os Estados. A Riqueza, sua produção e distribuição. Empresas e trabalhadores. Ainda o estou a ler. "

Admiro muito Ghandi. Daquilo que sei, se tivesse vivido há cerca de 2000 anos teria fundado uma religião. Combateu por ideias justas, por leis justas sem nunca virar a cara à luta e nunca abdicando da Dignidade. “Derrotou” o Império e foi assassinado por um hindu. Também ele era optimista: “ Sempre O Bem acabou por vencer. É uma questão de tempo.”. Isto leva-me para outro livro que acabei de ler que considero Muito Bom: “A Fórmula de Deus”, de José Rodrigues dos Santos. Bem documentado o romance aborda temas realmente profundos. Com Einstein sempre a pairar, do livro se poderia fazer um filme, tal é o exagero na acção (ao jeito do 007). Chegando ao Tibete, num encontro memorável com um Semi-Buda, após ter escapado à morte no Irão, por espionagem ao serviço da CIA. O personagem principal (o mesmo que “descobriu” o segredo de Colombo) contratado pelo Irão (uma bela cientista) pretende (é forçado), a decifrar o segredo deixado num documento “encomendado” por Israel a Einstein. Com o pai às portas da morte, com uma paixão definitiva por uma iraniana, passa em revista argumentos apaixonantes sobre Física e Religião/Deus. A vida existe. O Universo é determinista mas indeterminável. Principio da Incerteza. Teoria quântica, onda-partícula, Big Bang, Big Crunch. Intencionalidade das leis da Natureza para a criação de vida. Teoria do caos, coincidências impossíveis com o objectivo último de que essa vida se torne inteligência, para garantir a continuidade. O tal documento em vez de ser a bomba nuclear barata era a prova da existência de Deus: a Natureza toda é Deus. Fazemos parte dele. Dá-nos matéria em que reflectir. Penso que José Rodrigues dos Santos é um escritor que se impôs, e, em linguagem futebolística vem ganhando forma. Gostei da Filha do Capitão, melhorou com o Codex e atingiu o pleno com a Fórmula.. Em bricadeira digo que o “orelhas” daria um bom Presidente daqui a 20 anos.

Antes li o “Livro de Hitler”, relatório sinistro encomendado por Estaline, sobre Hitler. Baseado nos interrogatórios das unidades rivais e com a necessidade de agradar ao supremo chefe soviético, vivemos os anos frios de Hitler e a sua corte, no castelo particular perto da Áustria, ou os quartéis-generais em campanha, na Ucrânia e Prússia, sobretudo. A angústia do avanço soviético, demonstrou o fraco homem que Adolfo foi. Paranóico, esquizofrénico contagiou o povo alemão, estrangulando sem piedade o destino de um continente.

Como repito a amigos frequentemente, ouvi (ou li) em qualquer lado e adoptei como minha: “Se deixo de ler um dia, parece que me atraso…”.

Quem não viu Brokeback Moutain, veja. É absolutamente obrigatório! Há muito tempo que não via um filme tão belo e intenso...
Saúdinha