OS REPRESENTANTES DOS TRABALHADORES



A Fábrica de Yazaki-Saltano vai deslocalizar para a Eslovénia pois decidiram descontinuar a produção do Toyota Corolla.
Vão 533 trabalhadores para o desemprego. O sindicato das indústrias eléctricas do Centro (SIEC) começou por pedir 2,5 salários por cada ano de trabalho como indemnização.
Após negociações, 90% dos trabalhadores aceitaram a desvinculação por 1,75 salários por cada ano, verba bastante superior ao previsto na lei para despedimentos colectivos.
Ainda assim o SIEC mantém o pré-aviso de greve. Hoje, após uma reunião geral dos trabalhadores, 85% dos presentes votaram pela suspensão da greve.
À saída da reunião o representante do sindicato afirmou que a greve se mantinha pois “havia ainda trabalhadores que os compreendiam…”. Em vez de o Sindicato compreender os trabalhadores, este sindicalista acha que são os trabalhadores que devem compreender o sindicato...

Assim, um sindicato mantém uma greve contra a vontade daqueles que representa pois considera que o sindicato é que sabe o que é melhor para os seus associados, mesmo que estes não concordem! É assim uma espécie de vanguarda iluminada que é dono da verdade, não se importando com as consequências para os interesses daqueles que deveria defender.

O sindicalismo é um movimento muito importante para defender as condições de vida dos trabalhadores e é inegável o seu papel histórico.
Mas hoje o que representam os sindicatos. Afinal quem defendem? Qual a sua visão do progresso? Quantos sindicalizados haverá em Portugal?

Os sindicatos só serão parte para o desenvolvimento do país quando perceberem que os interesses dos trabalhadores passam pelos interesses da empresa, quando entenderem que não há futuro melhor para esses trabalhadores se a empresa não crescer, não se modernizar, não for competitiva. Enquanto achar que os direitos adquiridos, há 30 anos, através dos contratos colectivos são direitos irreversíveis, são direitos eternos.

A mudança também passa por aqui.

Saúdinha

3 comentários:

manolo disse...

Realmente estes Sindicatos estão completamente ultrapassados. Ainda vivem no tempo da "luta de classes" e não querem mudar. Hoje, e apesar dos interesses em conflito, a negociação é a única forma de conciliar e chegar a acordos. Para as empresas crescerem (o que é do interesse dos administradores e dos trabalhadores) a via da negociação e entendimento é vital; isso só se consegue se houver empenho de ambos os lados. O caso do Metro de Lisboa é também paradigmático. Os sindicatos marcam greves pois a vigência do actual acordo está a chegar ao fim e eles exigem que se mantenha. Mesmo à custa do futuro da empresa, pois "a responsabilidade é da Administração"; enquanto os sindicatos não perceberem que também são responsáveis pela empresa não contribuem para o desenvolvimento nem estão a representar os trabalhadores.

Alex disse...

Não sei se viram as noticias sobre a greve na Yazaki. Apenas 1 grevista! E quem era ele? Américo Rodrigues o representante do Sindicato. Não se aperceberá ele do ridículo?
Saúdinha

Rantas disse...

O PREC não acabou no 25 de Novembro, ele ainda está vivo em alguns sindicatos. A crise de adolescência e as dores de crescimento da democracia portuguesa não foram ainda ultrapassadas nesses templos da defesa dos direitos dos trabalhadores, mesmo contra a vontade deles.

Os sindicatos transformaram-se, em muitos casos, em bandos de parasitas. Não trabalham, não produzem - porque estão a defender os interesses da classe - e também não deixam os outros trabalhar.