A DECISÃO


Na Ópera de Berlim foi cancelado o “Idomeneo” de Mozart. A razão foi o risco de haver reacções islâmicas a uma cena onde apareciam as cabeças cortadas em cima de cadeiras de Buda, Cristo, Maomé e Poseidon. O libreto original tem a ver com uma promessa que o rei de Creta fez a Poseidon, um sacrifício que depois não quis cumprir pois tratava-se do seu filho, Idamante.
Esta censura a uma expressão de arte é consequência do medo que os fundamentalistas incutiram nas sociedades ocidentais e é a prova de que estamos a perder a guerra. Quanto mais medo tivermos, mais Bin Laden e a sua seita continuarão a limitar-nos nas nossas liberdades. É o caminho para a derrota da nossa civilização.
O que fazer?
Eu penso que assim como Bin Laden ganha com a auto censura das sociedades ocidentais, também ganha muito quando há tumultos, manifestações, mortes, queima de bandeiras e bonecos enfim todas aquelas reacções bárbaras que conhecemos. Com isso ganha poder, visibilidade, cada vez mais adeptos, candidatos a futuros suicidas…As massas muçulmanas, manipuladas, veêm-no como um grande herói.
De facto, a estratégia para combater esta guerra não é fácil.
O que eu acredito é que se deve lutar com toda a força pelas nossas liberdades, nas alturas em que é isso que está em causa, e fazermos uma auto censura quando a questão possa tornar-se contraproducente para o nosso lado. Aliás julgo que todos já interiorizámos que vivemos num mundo mais perigoso, mais securitário e que estamos dispostos a abdicar de algumas liberdades em troca da paz.
Cada responsável, cada líder tem que ter a noção do que se passa hoje no mundo e decidir de acordo com o que melhor defender os nossos objectivos que são acima de tudo, preservar a nossa Vida, a Paz, a Liberdade e a Democracia.
Digo mesmo que é tudo uma questão de limites. Estou convencido de que qualquer responsável editorial nunca publicaria, por exemplo uma figura onde Cristo sodomizasse Maomé. É uma questão de escala. E tocar no Maomé, hoje, só alimenta a estúpida ideia que os fundamentalistas tentam passar, de que se está a atacar o Islão.
E em tese, todos aceitamos que é possível que alguém do lado de cá, queira, deliberadamente, provocar estes gajos. Talvez pela mediatização, pela fama, sei lá. E se quisermos ser mais maquiavélicos até podemos imaginar terroristas, moradores no países ocidentais, a trabalhar para Bin Laden para provocar os muçulmanos.
A minha conclusão é esta: só ganharemos esta guerra quando o Islão souber separar o Estado da Religião, passarem a Estados Laicos, quando o próprio povo perceber que há outras formas de vida e que a Fé tem que incorporar a Razão. Até lá, não podemos, mesmo que inadvertidamente, uni-los numa suposta Jihad.
Neste caso concreto não sei se foi a melhor decisão, não se concebe como este espectáculo possa ofender os muçulmanos, mas como já se disse, com eles, se não for do cu é das calças. É uma decisão difícil, mas é um exemplo de decisões que qualquer responsável terá que ter, se casos análogos se lhe colocarem.
Parece que a ópera vai ser reposta e até será assistida por líderes muçulmanos.
Seria um bom sinal.
Depois da Terceira Via, da Lição do Papa e deste, espero ter sido entendido quanto à minha visão da estratégia desta guerra. Não há compreensão pelos fundamentalistas islâmicos nem um anti americanismo, há simplesmente a minha ideia de como podemos ganhar esta guerra pela nossa Civilização.
Saúdinha

7 comentários:

Rantas disse...

Alex,

«onde Cristo sodomizasse Maomé» ???!?
Meu Deus, não havia necessidade...

El Ranys disse...

Vamos incendiar este blogue. Que imprudência do Alex. É para isto que querem a liberdade de expressão?
O grande satã tomou conta do Merdex.
Às armas, às armas...

manolo disse...

Bem, "só quando o Islão souber separar o Estado da Religião", o "próprio povo perceber que há outras formas de vida e que a Fé tem que incorporar a Razão",´´e a solução preconizada; mas como? A Terceira Via? Volto a afirmar: não depende da nossa vontade, e esperar ("até lá") que haja um movimento islâmico de condenação activa aos que fomentam o terror e a Jihad, é uma ilusão? O Ocidente tem feito aquilo que é possível, em todas as frentes mas mostra-se desunido, particularmente na invasão do Iraque, o cisma do Ocidente.

Anónimo disse...

Calma acalorados comentadores fundamentalistas; tenho a certeza de que o Alex, seguindo a sua politica da auto-censura, se vai retractar do comentário infeliz.

Já agora, oh Alex, esses tais limites quem é que os define?

Alex disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Alex disse...

Certo. Podemos então pensar em Maomé a fazer um fellatio a Cristo?
Saúdinha

El Ranys disse...

E, como bem pergunta o Manolo, esperamos por quanto tempo que o bom senso volte àquelas partes do mundo?
Até quando é possível esperar que a iluminação laica caia com estrondo nas cabecinha daquela gente?
O que é tolerável ceder, onde devemos não transigir?
Abdicar da liberdade de expressão em nome do apaziguamento do mundo é um exercício feito em nome próprio, por cada indivíduo, ou legisla-se para impor limites?
Se não se impuserem limites, como garantir que ninguém provoque os islamitas?