A CREDIBILIDADE

Hoje o Tribunal Constitucional divulgou o relatório sobre os custos com a campanha eleitoral das últimas legislativas. Conclusão: nenhum partido cumpriu a lei. Logo vieram os porta vozes dos partidos, nomeadamente essa figura que dá pelo nome de Vitalino Canas, dizendo que a lei era nova, que não a conheciam bem, que prometem melhorar, etc, etc, etc.
É deplorável.
E se nos lembrarmos da tragicomédia dos deputados apanhados na armadilha de uma televisão de Berlusconi com cannabis e cocaína, quando o parlamento tinha acabado de aprovar uma lei restritiva contra a droga, ou ainda do primeiro ministro húngaro que foi apanhado a mentir de manhã à noite para ganhar as eleições…
A credibilidade dos políticos é um valor fundamental para as Democracias. Quando os cidadãos perdem a confiança nos seus dirigentes, o que pode acontecer?
Na minha opinião, quando os cidadãos deixam de confiar, viram-se para os extremos do espectro político. E essa falta de credibilidade está a aumentar sempre, cada vez mais os políticos são considerados ladrões, mentirosos, chulos…
A subida dos partidos de extrema direita por essa Europa fora, os nacionalismos, os neo-nazis só pode dar mau resultado. Os problemas da imigração, a crise económica e a falta de líderes apoiados pelos povos podem originar problemas muito sérios. A pulverização do sonho europeu, de que o chumbo do tratado constitucional em França e na Holanda pode ser um sinal, a segurança da Europa em risco com velhas rivalidades…
Precisamos urgentemente de líderes credíveis. De dirigentes sérios. Que a sua entrega à causa pública seja intocável. Doutra forma são as Democracias que estão em risco.
Saúdinha

4 comentários:

Anónimo disse...

É verdade. Desta vez concordo mesmo contigo. Além disso tocas aqui num tema que me preocupa bastante. O afastamento dos políticos em relação aos restantes cidadãos tem perigos óbvios e o principal é a criação de uma super-classe que passe a por e dispor alheada do resto do pessoal. O resto do pessoal deixa-se letargicamente ir porque já perdeu a sensação de que pode influenciar. É por isso que eu defendo um reforço da Democracia directa quer a nível regional, nacional e Europeu.

Os partidos são essenciais e parte fundamental do processo democrático. São actores principais na troca de ideais pois são eles que permitem organizar essas mesmas ideias. O problema é que os partidos tornaram-se mais em entidades que, na protecção das suas estruturas fechadas, se limitam a conspirar clientelismos.

O pragmatismo da obtenção do poder fez com que se tornassem cada vez mais raros os combates ideológicos e a defesa de causas.

Em sociedades em que a resolução dos problemas passa a ser consensual as únicas divergências politicas parecem ser as derivas radicais.

Se a isto somarmos uma classe politica que me parece sempre mais interessada em defender os seus interesses do que os dos seus eleitores não se pode estranhar o alheamento da generalidade da população.

Cabe a cada um de nós, que ainda mantemos uma consciência cívica que nos faz temer o perigo deste alheamento, dar o seu contributo para que o alheamento não seja total.

manolo disse...

De facto, na teoria bate tudo certo: representantes da maioria eleitos, orgaos de soberania, poder judicial, opinião pública, e responsabilidades assumidas na eleição seguinte. O problema são os conflitos entre poder económico (sobretudo) e a classe politica que, a coberto do partido, tenta alcançar vantagens particulares, em que na maioria das vezes não são responsabilizados de que resulta esta falta de confiança generalizada, uma falta de credibilidade total. A questão é que só existe o mecanismo de processo criminal: ou se comete uma ilegalidade com a respectiva condenação ou então... inocente. Já lá diziam "à mulher de César não basta ser, é preciso parecer". Talvez a maior parte das "malfeitorias" praticadas pelos politicos não serão caso de tribunal e prisão, mas falta a condenação politica, legitima. Sou de opinião que faz falta um órgão com autoridade democrática, que produza pareceres e juízos politicos sobre actuação de pessoas que exercem cargos politicos, e possa exonerá-los dos cargos, argumentando e justificando, o que seria "jurisprudência". A coisa não é nova, há Democracias antigas que têm esta ferramenta: Estados Unidos.

Anónimo disse...

Voto a favor.

O problema é que “accountability” não é muito fácil de traduzir para Português....

Rantas disse...

SÓ QUEREM É TACHO!