Acenda-se a Luz!

A Europa está a deixar que as grandes questões entre o Ocidente e o Islão sejam bipolarizadas entre os países árabes mais radicais e os Estados Unidos.

Julgo que no meio existe um espaço que só a Europa pode ocupar. Um espaço para apoiar o Islão moderado e o islamismo Europeu, que se encontram encurralados entre o fanatismo dos seus “irmãos” de fé e a crescente hostilidade do Ocidente contra tudo o que tenha semelhanças com os fanáticos terroristas.

Este apoio tem que ser firme, efectivo e descomplexado. Tem que passar por assumir claramente a condenação do aproveitamento que o Islão radical faz da fé religiosa dos seus seguidorers e simultaneamente por apoiar abertamente (financeira, cultural, intelectual, mediaticamente, …) as iniciativas que forem surgindo no sentido de ajudar o Islão moderado a encontrar “as suas luzes” e a divulgá-las.

A Europa e o Islão têm um passado histórico comum que é um erro ignorar. Além disso, a Europa teve também de passar por um processo de “iluminação” das sua populações que lhe permitiu depois criar sociedades mais modernas e mais justas. Estes dois factos históricos colocam a Europa como o interlocutor natural de um diálogo que mais tarde ou mais cedo vai ter que se estabelecer e que, na minha opinião, é a única forma de resolver o problema deste “conflito das civilizações”.

A Europa e os Estados Unidos não têm as mesmas necessidades na procura de soluções para este conflito. Ninguém como a Europa sente a pressão causada pelas migrações de populações muçulmanas e as consequências de anos de politicas de integração disparatadas. Não advogo certamente qualquer tipo de descolagem das politicas comuns entre a Europa e os Estados Unidos na luta contra o terrorismo e na difusão dos valores democráticos, mas paralelamente existem outras questões entre as sociedades islamistas e as sociedades Europeias que devíamos ser nós a resolver.

18 comentários:

manolo disse...

De acordo. Países como o Egipto, todo o norte de África e especialmente a Turquia querem ser Estados de Direito. Apoio, sabendo que há riscos, a entrada, mediante condições que foram definidas, da Turquia na União Europeia. Sobretudo por dar um sinal claro que não há "guerra" religiosa. Esta é uma acção concreta que desanuviaria (em minha opinião) este conflito latente entre os muçulmanos não-radicais e o Ocidente. Acredito que seria um passo fundamental para outros países mesmo como o Iraque, que seriam certamente influenciados pelos turcos. É a esperança de uma Aliança de Civilizações, (que existe mesmo) coordenado por Espanha e Turquia.
Ver post de Janeiro
http://merdex.blogspot.com/2006/01/questo-turca.html

Anónimo disse...

Vou mais na direcção da linha que sugeres no post: parcerias. Concordo com o Alex: a Turquia não deve aderir à UE porque não é um país Europeu.

E depois não são só os Estados. É preciso também apoiar os movimentos cívicos e indivíduos que sigam a linha reformista.

Alex disse...

Estou de acordo que a Europa deveria assumir um papel determinante nesta questão. É uma consequência do que tenho dito. Há outra maneira de combater estes bárbaros.
Harpic, agora que estamos a concordar em alguns assuntos vou-te desapontar. Apesar de pensar que haverá consequências muito nefastas se a Turquia entrar, havendo o perigo de a ideia da Europa se desmoronar, admito que neste momento já estou balançando para apoiar a entrada. É que as consequências da não entrada poderão ser ainda piores. É como o Manolo diz, é uma demonstração de apoio aos países moderados. Ou como disse Paulo Portas: a Turquia ou estará dentro ou contra.
Saúdinha

Rantas disse...

Acima de tudo, trata-se de discutir o que deve ser a "Europa". Antes de delimitá-la com critérios geográficos, culturais, religiosos ou económicos, temos de clarificar o que será a "Europa" política. Uma associação de estados? Uma confederação? Uma federação? Um país?
Se a "Europa" vai ser uma entidade económica, fará todo o sentido alargá-la sem prestar muita atenção à geografia. Turquia, Egipto, Marrocos, Tunísia e outros poderão, a médio-longo prazo, ser integrados. Se se pretender uma unidade política, já a situação será diferente, e aí talvez só a Turquia pudesse entrar - e mesmo assim com algumas reservas.

A discussão da Constituição Europeia é fundamental. A regra da unanimidade não serve os interesses europeus. Se cada país puder vetar uma decisão, não haverá capacidade militar, diplomática, política, e a relevância estratégica da Europa irá continuar a decair. Dando cada vez mais espaço à China e à Rússia. Se não se clarificar este assunto rapidamente, seremos ultrapassados.
Eu defendo o federalismo e a não-aplicação da regra da unanimidade.

manolo disse...

Basicamente concordo com o comment do Rantas. Penso é que a Turquia pode e deve fazer parte da União política (mesmo geograficamente, a Trácia faz parte da Europa, e a costa oeste da Anatólia pertence à antiga Grécia, berço da Europa). Dentro da esfera de influência (no sentido não só económico mas também democrático) estaria a África do Norte. Harpic, claro que seria preferivel termos parcerias, mas a Turquia quer mais que isso; quer ser membro. Para isso iniciou há mais de 20 anos negociações com a Europa. Tem cumprido (quase sempre) as nossas exigências. Se somos consequentes a sua entrada na União deve ser aceite (talvez daqui a 15 anos), e mais, os cidadãos europeus deveriam aceitá-la, o que neste momento não acontece. Penso que "as iniciativas que forem surgindo no sentido de ajudar o Islão moderado a encontrar “as suas luzes” e a divulgá-las." que propões, esta será porventura a grande iniciativa. A partir daí tudo será mais fácil. Os problemas que essa entrada vai pôr são complexos, mas podem ser solucionados. Ao contrário se a Turquia fôr afastada (com sabor a injustiça) poder-se-á aliar aos muçulmanos radicais contra o Ocidente, aquilo que queremos evitar.

Anónimo disse...

Oh Alex, ora porra! Agora que eu pensava que íamos defender uma causa comum…!

A entrada na UE não pode nem deve ser negociada como contrapartida ou como recompensa.

A construção de uma Federação Europeia tem de assentar sob uma identidade cultural própria sob pena de não estarmos a construir mais do que uma organização de Estados que só se juntaram para trocarem benefícios entre si. Pela minha parte gostaria que fosse um pouco mais do que isso!

Não acredito que um Turco possa algum dia sentir-se Europeu. Historicamente, culturalmente, religiosamente, geograficamente, socialmente. Não faz sentido. E eu nao quero certamente sentir-me muculmano!

Haverá certamente formas de reforçar os contactos (e não só com a Turquia) sem ter de haver uma integração. Essa do “dentro ou contra” (oh Alex estás cada vez mais erudito: ele é Aristóteles, Paulo Portas….) parece-me um bocado forcada e não vejo bem em que se baseia.

De qualquer forma eu defendo que qualquer alargamento deva ser submetido a referendo Europeu. Se a integração da Turquia for a vontade da maioria, claro que concordo. Agora eu voto não.

Alex disse...

Eu concordo contigo, quanto à identidade europeia. Mas é a merda da "real politik"
Saúdinha

Rantas disse...

Harpic,

A provincia da Ásia foi a mais rica do Império Romano.
O Império Romano foi a entidade política que mais contribuiu (para além da igreja católica, mas há quem diga que esta é a continuação do império romano por outros meios) para a unidade e identidade europeia.
Na actual Turquia foi fundada Constantinopla, capital do império bizantino ("só" se aguentou 1.000 anos depois da queda de Roma).

Isto tudo para dizer que, em termos históricos, culturais, geográficos e sociais, as verdades absolutas de hoje podem não o ser amanhã.
Resta o aspecto fulcral - o religioso.
É curiosa a forma como expressaste o teu desconforto. Não sei se o fizeste propositadamente ou não, mas resultou muito bem quando o sintetizaste em «Não acredito que um Turco possa algum dia sentir-se Europeu (...) E eu nao quero certamente sentir-me muculmano!».

Europeu/muçulmano.

Não europeu/asiático nem cristão/muçulmano, mas europeu/muçulmano!

Repare-se que há europeus muçulmanos - na Bósnia, em França, Inglaterra, Dinamarca, etc. A dicotomia que escolheste expressa apenas o teor do teu post - há uma questão crucial, uma guerra de civilizações, um embate entre religiões. E temosde apoiar os moderados contra os radicais. Como? Pondo-nos ao lado deles, sem reservas. Demonstrando aos outros, aos radicais, que existe um outro caminho. Que há uma saída. Ou então não entendi muito bem o teu post...

A Turquia é um país moderado, não concordas?

Anónimo disse...

Caro Rantas,

A consideração que me mereces obriga-me a esticar-me um bocado na resposta ao teu comentário.

“A província da Ásia foi a mais rica do Império Romano. O Império Romano ….’.


Oh Rantas eu sei que tu és um especialista na historia do Império Romano por isso nem me atrevo a discuti-la contigo. No entanto não percebo muito bem onde queres chegar com esta argumentação. Se o que queres é encontrar alguma ligação onde estejam implícitas influencias culturais seria sempre no sentido contrario ao do que tu queres dar: a Romanização era sempre no sentido de obrigar os povos conquistados a assimilar a cultura e leis Romanas; nunca houve da parte de Roma muita vontade de assimilar culturas estrangeiras.

“Na actual Turquia foi fundada Constantinopla, capital do império bizantino ("só" se aguentou 1.000 anos depois da queda de Roma).

O Império Bizantino era um império Cristão com uma cultura e uma população essencialmente descendente e fortemente influenciada pelo mundo Grego, além de que a sua extensão geográfica fazia-se essencialmente em países hoje Europeus. Também aqui não vejo grande identificação cultural entre a Turquia e a Europa; aparte, como dizes, Constantinopla estar geograficamente localizada na actual Turquia. Mas isso acho pouco.

“Isto tudo para dizer que, em termos históricos, culturais, geográficos e sociais, as verdades absolutas de hoje podem não o ser amanhã...”

Mais uma que me confunde um pouco. Ontem, hoje e amanha eu acho que a Turquia não é um pais Europeu. Isto não pretende ser nenhuma verdade absoluta; é mesmo só a minha opinião.

«Não acredito que um Turco possa algum dia sentir-se Europeu (...) E eu não quero certamente sentir-me muçulmano!».

Europeu/muçulmano.



É um bocado rebuscado induzires daqui alguma dicotomia. Foste tu que a descobriste; da minha parte não estava lá nenhuma. São duas declarações distintas que têm ambas o objectivo de marcar as diferenças culturais que há entre mim e os Turcos. E são diferenças que não vão certamente atenuar-se.

Poderia concordar se me dissesses que cada afirmação inclui por si só uma dicotomia:

Acho que os Turcos não se sentem Europeus. Eu sou Europeu.

Eu não me revejo na cultura muçulmana. Os Turcos são maioritariamente muçulmanos.

Agora ver no que eu disse um confronto Europeu/muçulmano já me parece um abuso.

Esta também agora de ver guerras das civilizações e choques de religiões em tudo também já chateia.

“Repare-se que há europeus muçulmanos - na Bósnia, em França, Inglaterra, Dinamarca, etc. “

Claro que há Europeus muçulmanos; como há Europeus judeus, comunistas, pretos, gays, e mesmo adeptos do Sporting. Eu não faço juízos de valor sobre as escolhas das pessoas e normalmente nem sequer as comento (ok excepto em relação ao Sporting). Mas sou muito critico em relação ao tal do multiculturalismo. Quando nas escolhas das pessoas esta a defesa de princípios que vão contra os valores que eu considero fundamentais da democracia, liberdade e direitos do homem essa rapaziada tem que encontrar maneira de os adaptar. Nós não podemos nem devemos aceitar esses atentados.

Os Turcos são certamente livres de emigrar para a Europa. Mas mais uma vez não vejo onde esta argumentação nos vai ajudar a ver alguma ligação entre a Turquia e a Europa.

“E temos de apoiar os moderados contra os radicais. Como? Pondo-nos ao lado deles, sem reservas.”

Eu não me ponho ao lado de ninguém sem reservas! Como disse acho que devemos apoiar os movimentos e os indivíduos que quiserem rever os princípios da religião muçulmana por forma a adapta-los ao mundo moderno, a lutar contra o aproveitamento radical dos seus livros e a secularizar os governos dos países árabes. Foi isto que eu disse! Não percebeste?

“A Turquia é um país moderado, não concordas?”

Concordo. E o que é que isso tem a ver?

Rantas disse...

Meu caro,

Acho que isso tem tudo a ver!

Concordamos que a Europa deve apoiar os muçulmanos moderados.
Não estamos é de acordo é como o fazer. Eu pessoalmente vejo a integração da Turquia como o passo natural (e inevitável?) desse apoio, porque "ou dentro ou contra", como já dizia o Portas.

"Dentro", darão o melhor exemplo aos muçulmanos moderados em como é possível professar essa religião e prosperar, ter instituições democráticas, respeitar os Direitos Humanos - em suma, viver, viver sob leis humanas, sem ter de cuidar do que foi escrito no Livro há quase 1.400 anos atrás.

O argumento geográfico parece-me manifestamente insuficiente para servir de obstáculo a esse objectivo.

Os Impérios só foram chamados à conversa apenas para ilustrar que o aspecto cultural é reversível, não é uma maldição.

Alex disse...

Rantas, concordo com isso tudo. Faz-me é confusão chamar a essa amálgama de culturas, União Europeia! A sério. Chamaem-lhe outra coisa.
Saúdinha

Anónimo disse...

Pronto, o Portas disse e agora ou a Turquia entra para a UE ou entao esta tudo lixado.

Oh Rantas sou eu que escrevo assim tao mal ou és tu que nao queres perceber. Mas eu alguma vez reduzi a argumentaçao para justificar a nao entrada da Turquia ao aspecto geografico. Eu acho que disse precisamente o contrario: que o aspecto geografico (o facto de parte da Turquia estar na Europa), nao é sufuciente para contrariar a falta de identidade cultural. Para a proxima é melhor fazer isto por telefone porque pelos vistos por escriot nao esta a dar!

Os impérios nao ilustraram nada: nos dois imperios que citaste nao houve integracao nenhuma - houve conquista. Ou entao agora sou eu que nao estou a perceber o que é que tu queres dizer.

Tu concordas com a entrada da Turquia na UE. Eu nao.

Nao vejo é onde é que esta a naturalidade e inevitavilidade dessa entrada.

Como ja disse a Europa que eu quero construir tem uma identidade (bom acho que é melhor por isto em maisculas) HISTORICA, CULTURAL, SOCIAL, RELIGIOSA E GEOGRAFICA propria da qual, na minha opiniao, a Turquia nao faz parte. E nao acho que a inegracao neste espaco deva ser dada como contrapartida ou como incentivo para os muculmanos resolverem os seus problemas. Tambem ja disse que nao qpoio muito esta coisa do multiculturalismo.

Na tua opiniao quem é que vem a seguir à Turquia. Os paises do Norte de Africa? Também sao moderados; tambem era um gesto simpatico!

Ou é preciso que o Portas tambem declare que ou eles estao dentro ou estao contra?

Para o Alex (tinha-me esquecido): tu aceitas a "real politik". Eu nao!

manolo disse...

Harpic a questão é saber o que fazer "para apoiar o Islão moderado". Relativamente ao resto, estou de acordo, como dizes, "A Europa e o Islão têm um passado histórico comum".

Anónimo disse...

Voces desarmam-me com os vossos comentarios: "quanto ao resto estou de acordo".... qual resto?

"A Europa e o Islao tem um passado comum" certo; mas em lados opostos. Umas vezes à porrada outas mais pacificas onde as trocas (comercias, culturais,...) se puderam intensificar. No entanto nunca houve tentativas de integraçao, sempre foi eles la, nos ca! (excepto quando os Franceses decidiram criar os "guetos" à volta de Paris com os resultados que estao à vista).

O que fazer para apoiar o Islao moderado? cada um sabera individualmente e os nossos dirigentes o deverao saber a nivel institucional. O que nao me peçam para fazer é resolver os problemas deles.

Da minha parte nao tenho veleidades em o dizer: nao gosto dos muçulmanos; nao gosto da atitude deles porque a acho demasiado arrogante e nao vejo da parte deles nenhuma vontade em querer melhorar a co-habitaçao comnosco, a nao ser para tirar contrapartidas. E isso, confesso, irrita-me.

No entanto isto nao me impede de partilhar diariamente um gabinete com um muçulmano (aparentemente o sacana tem direito a 7 mulheres) e a dsicutir abertamente com ele politica;religiao,putas, ou seja o que for...eu também nao gosto dos gajos do Porto nem dos Franceses e nao é por isso que eu deixo de ter amigos tripeiros ou francius. Agora nao acho que os tripeiros devam ser socios do Benfica (é por isso que nao gosto do LFV e do outro) nem que aos franceses deva ser dada nacionalidade Portuguesa.

O problema dos muçulmanos eles é que o tem que resolver. Se nos formos para la armados em cowboys (como no Iraque) ou em altruistas (como no caso da adesao da Turquia à UE - na prespectiva que aqui a tem apresentado) nao acredito que resolvamos nada.

Aceito perfeitamente que alguem possa defender a entrada da Turquia na UE porque acreditam que a Europa deve ser um espaço multicultural, aberto a todas as culturas e povos do mundo. Nao é a minha ideia da Uniao Europeia, mas pronto, cada um é como cada qual. Agora nao vou aceitar nunca que se negoceie as adesoes à UE simplesmente como moeda de troca; e nao o aceito porque nesse caso estao-me a incluir no negocio.

manolo disse...

O passado comum da Europa é também feito de conflitos que se prolongam desde sempre. Eu não tenho simpatia pela arrogancia, obscurantismo e ódio que é destilada pelo Islão, quando sobrepõem a lei de Alá à lei dos Homens. E coincido na opinião que em primeiro lugar os problemas devem ser resolvidos pelos próprios. Já referi que depende sobretudo dos iraquianos se transformarem num Estado democrático ou preferem continuar a matar-se uns aos outros (devido a uma questão familiar mal resolvida, há 1300 anos); tal como nunca compreendi como é que os palestinianos refugiados das guerras de 1948 e 67 continuam a viver em bairros de lata nos vizinhos paises árabes. O que acredito (e neste ponto em desacordo contigo, caro Harpic) é que se houver um pais muçulmano que quer resolver os seus problemas, tem uma estratégia a prazo (aderir à União), que julgo ir no sentido dos nossos interesses mais fundamentais, então a União deve impôr as suas condições e caso a Turquia as cumpra ficará membro da União, evidentemente se essa fôr a vontade da maioria. (por referendo ou decisão dos governos / parlamentos?). A Bulgária e a Roménia, como sabes, estiveram muito tempo no Império Otomano, e a decisão da sua entrada está feita. Os muçulmanos não são como nós? Bem, aqueles que se querem integrar no modo de vida ocidental, são bem recebidos. A grande questão é que cada um de nós não quer ser atacado numa das múltiplas identidades que somos constituidos. Quando isso acontece, ficamos mais radicais dessa identidade atacada.

Anónimo disse...

Pronto, agora sou radical porque defendo que deve existir uma identidade Europeia. OK - vou para o blockout!

Manolo, nao concordo de todo com a tua opiniao. Julgo que percebi a tua posiçao e resumo a minha da seguinte forma:

Nao quero que a adesao de novos paises à Uniao Europeia seja fundamentada na "real politik" (Alex, Merdex, 10/26/2006 9:52 PM) como tu deixas subentendido na tua argumentçao. é a tua opiniao e eu respeito-a, mas oponho-me firmemente!

Rantas disse...

Harpic, fica descansado, não escreves nada mal - enfim, considerando que não vives em Portugal já há uns anos - isto é uma piada :-)

Dizes que me foco unicamente no aspecto geográfico. Não concordo. Referi os Romanos e os Bizantinos exactamente para ilustrar outros factores - culturais, socio-económicos, etc. Aliás, repito exactamente o que escrevi, para não deixar dúvidas: «Isto tudo para dizer que, em termos históricos, culturais, geográficos e sociais, as verdades absolutas de hoje podem não o ser amanhã.
Resta o aspecto fulcral - o religioso.».

Se falei dos Romanos, foi porque estou verdadeiramente convencido que as diferenças podem ser esbatidas, e muito mais rapidamente do que por vezes se pensa. Ingleses e Franceses lutaram durante 100 anos ininterruptamente, no início do séc XIX eram os maiores inimigos (Napoleão, o Bloqueio Continental, etc), e 100 anos depois (1914) eram amigalhaços.

O que eu queria dizer é que os outros factores - históricos, culturais, geográficos, sociais, económicos - são ou reversíveis ou irrelevantes. O que pesa mesmo é a religião. E a única forma de mitigar ou mesmo eliminar esse factor é a laicização.
Ao contrário de muitos, acredito firmemente que o grande legado da cultura ocidental não é o cristianismo, mas sim o laicismo. Os gajos sobem pelas paredes sempre que alguém faz uma piada ou desenha uma caricatura sobre o Maomé ou algo sagrado para eles. Nós não. Porque a nossa religião é mais tolerante? Uma pinóia! É porque nos estamos cagando, é porque tudo deixou de ser sagrado, é porque não somos homens de fé! E isso é mau? Não, é excelente! Mas a única forma de construir sociedades laicas é providenciando bem-estar às pessoas. A integração da Turquia será o primeiro passo para a laicização do islão. A não-integração pode ser o passo definitivo na radicalização religiosa.

A propósito, Harpic - não sou estudioso do Corão, mas fala lá com o gajo porque eu acho que eles têm direito a 4 mulheres, não é a 7!

Manolo, com isso das identidades (assassinas), vejo que deste bem no Amin Maalouf :-)

Anónimo disse...

Eu aceito perfeitamente que "os outros factores" sejam reversiveis e que "as diferencas podem ser esbatidas"; eu é que nao quero que isso aconteca.

A diferenca entre nós é que eu quero que a Europa mantenha uma identidade propria com a qual eu me possa identificar; enquanto que para ti esta identidade é "irrelevante" e ficaremos a ganhar mais em tornar a Europa um espaco cultural mais alargado para poder "evangelizar" um maior numero de pessoas.

Nao concordamos, pronto. Confesso algum desconforto com a vossa ideia de Europa e opor-me-ei sempre firmemente a ela (este desconforto nem é tanto pela questao da Turquia em si, é pelos argumentos que voces usam para defender a sua adesao!)

PS: Eu cá desconfiava que o cabrao me estava a endrominar. Essa das 7 era só para sacar as suecas do economato!