Da Terra à Lua

A corrida ao espaço volta a estar na ordem do dia.

Os Estados Unidos parecem querer orientar-se mais para uma politica unilateral e anunciam grandes investimentos para garantir que o próximo homem na lua é Americano e deverá desembarcar lá por volta de 2020.

A Rússia planeia missões tripuladas à volta da Lua para 2012 e a construção de uma base lunar permanente para 2025.

A China dá os primeiros passos na tecnologia espacial e prepara lançamentos de veículos não tripulados para 2008.

O Brasil, o Irão e a Coreia do Sul desenvolvem inovadores programas espaciais que se espera venham a dar frutos concretos nas próximas duas décadas.

E a Europa? Que opinam vocês? Deve a Europa desenvolver um programa espacial comum com o objectivo especifico de competir com Americanos e Russos? Deve a Europa estabelecer parcerias quer com uns quer com outros para participar em programas conjuntos? Deve a Europa abster-se desta coisa do espaço e deixar aos Estados Membros a opção do cada-um-por-si?

Claro que com esta corrida também se desenvolvem em paralelo os jogos políticos para ver quem vai controlar os Tratados que vão regular esta coisa toda. Será importante?

E a Europa?

10 comentários:

Rantas disse...

Defendo que a Europa deve desenvolver um programa específico, autónomo, que lhe permita ter uma política espacial independente.

Bom, mas eu também defendo que a Europa devia ter uma política de defesa efectiva, um exército comum, etc, etc, portanto devo ser suspeito...

Alex disse...

Será que os americanos foram mesmo à lua?:) (ouvi uma grande tese a dizer que foi tudo mentira).
Na minha opinião, o problema da Europa é, para além da Europa não funcionar com "uma cabeça", a questão tem muito a ver com financiamento. A Europa está praticamente estagnada, cresce menos que a Ásia, América e Brasil. Depois temos um sistema de protecção social pesada que por exemplo os USA, a China, o Irão a Russia não têm. Também considero que a Europa, para poder ter um papel no mundo, deveria ter uma politica de defesa, autónoma. Para por exemplo, o Putin não tratar a Europa como tratou nesta última cimeira.
Mas acho que era importante que a Europa estivesse nesta corrida espacial, por todos os motivos. A tecnologia e o conhecimento, além das coisas que o futuro poderá trazer. A Europa ficar fora dessa corrida é sermos ultrapassados. Se não podermos ir sózinhos, façamos parcerias. Penso eu de que...
Saúdinha

El Ranys disse...

Existe uma coisa que se chama agência espacial europeia, a Europa lança foguetões e satélites, tem um programa espacial. Não conheço bem esta realidade, se o programa europeu é desfasado dos restantes, se a Europa está muito atrasada ou dá cartas neste aspecto. Por isso, mais não digo.
Alguém sabe mais sobre a Agência Espacial Europeia e suas actvidades?

Anónimo disse...

A ESA é mais na base de "taxis para satélites" e investigação cientifica, não tem propriamente um programa definido de exploração do espaço com astronautas, bases na lua e essas coisas mais ‘cool’. Tem um budget fraquinho (comparado com o da NASA ou com os dos outros países que tem programas espaciais) e funciona mais na base da participação em projectos. Tão pouco é uma estrutura da União Europeia e funciona independente dela e mais dependente do facto de os países que a integram quererem ou não participar nos projectos.

A sua estrutura é relativamente semelhante à do Eurocontrol; é uma agência pan-europeia e tal como o Eurocontrol debate-se com os problemas típicos de aprovações por unanimidade e por uma grande confusão entre as suas atribuições e as funções das agências espaciais nacionais.

Não me parece que daqui possa sair um verdadeiro programa espacial europeu a não ser que se altere a sua estrutura para a tornar numa agência da União Europeia (aliás como se vai fazer para o Eurocontrol). Depois claro é preciso que a UE queira ter um programa de exploração espacial (era mais esta a minha pergunta).

manolo disse...

A Europa deve estar na linha da frente (como tem estado nos últimos milhares de anos). A questão das Forças Armadas e a exploração espacial da Europa, assim como outras depende da vontade dos europeus. Se se perguntasse aos europeus se estaria disposto a pagar uma taxa para estes objectivos, a resposta seria ... não. Ou não? Talvez seja suficiente "taxis para satélites" e investigação cientifica, é uma questão de prioridade orçamental.

Anónimo disse...

Manolo, o argumento é falacioso! Se perguntasses aos Europeus se queriam pagar uma taxa fosse para o que fosse a resposta seria…não. Ou não?

É claro que as politicas devem depender da vontade dos cidadãos; por isso é que eu defendo que a Europa deve ser governada por um governo eleito que tenha submetido o seu programa a sufrágio. Tu não?

O facto de teres estado sempre na linha da frente não te garante aí um lugar cativo. Se não fizeres nada para manter esse lugar podes crer que alguém te vai tirar de lá para fora.

Quanto às prioridades orçamentais não acho que estejam aqui em questão. A discussão sobre se o budget da ESA é adequado ou não é outra questão. O que questionei foi se a ESA deverá continuar a funcionar como uma agência pan-Europeia ou se deveria ser integrada na UE e conglomerar os esforços das agências espaciais dos Estados membros. É que por acaso a ESA até tem um princípio de projecto de exploração espacial só que tem muitas dificuldades em avançar porque choca com os projectos individuais dos Estados membros.

A minha opinião é que esta é uma área típica onde a união dos esforços daria certamente mais resultados do que o desenvolvimento dos diversos projectos nacionais; e isto nem sequer exigiria mais gastos. Antes pelo contrário. A minha União Europeia é aquela que procura unir os esforços dos países membros em áreas onde essa união traga realmente uma mais valia (económica, estratégica, social, ….). Áreas como esta da exploração do espaço, das Forcas Armadas, da protecção do ambiente, da livre circulação de pessoas e mercadorias, …e por ai em diante. A minha União Europeia não é certamente aquela que legisla sobre as condições de produção do queijo de ovelha nas Terras Altas da Lapónia.

Só para terminar, o sucesso (we hope!) do Galileo é bem demonstrativo que o assumir firme e energicamente a liderança de projectos nestas áreas onde se desenha o futuro traz como recompensa enormes benefícios económicos e, principalmente, estratégicos.

Rantas disse...

«O facto de teres estado sempre na linha da frente não te garante aí um lugar cativo. Se não fizeres nada para manter esse lugar podes crer que alguém te vai tirar de lá para fora.»

Isso já aconteceu em 1945. Quem vai ia à frente eram os EUA e a URSS. Agora são os EUA, "perseguidos" pela Europa, Rússia, China, Japão. Por enquanto - outros espreitam: Índia, Brasil...

Se a Europa não se mexe, não corremos o risco de sair da linha da frente (porque já saímos) - corremos o risco de sermos completamente ultrapassados pela China, entre outros.

manolo disse...

"defendo que a Europa deve ser governada por um governo eleito que tenha submetido o seu programa a sufrágio. Tu não?"
A minha opinião é construir uma Federação Europeia, um governo central que trata dos assuntos que dizem respeito a TODOS ("exploração do espaço, das Forcas Armadas, da protecção do ambiente, da livre circulação de pessoas e mercadorias") e governos nacionais que tratam apenas do que interessa aos seus cidadãos, não tendo que se preocupar com o resto. Mas para isso seria necessário partidos trans-nacionais, "coisa" que me parece muito dificil... E, Harpic, pode haver situações que as pessoas estejam dispostas a pagar por algo que acreditam, se acharem que vale a pena. Não acreditas?

El Ranys disse...

Harpic, para responder à tua pergunta, e se a Agência Espacial Europeia (de que Portugal faz arte), pelo vistos, não cumpre os requisitos, diria o seguinte:
- Sim, a Agência Espacial Europeia devia seguir o caso do Eurocontrol e tornar-se uma organização da UE.
- Mais do que isso, acho que sim, que se devia criar um verdadeiro programa espacial europeu. Mas, para isso, como o dinheirinh não cehga para tudo, teriamos que acabar, sei lá, com a PAC - o que seria uma excelente medida.

Anónimo disse...

Manolo: Acredito, mas argumento falacioso com argumento falacioso se paga!

Os partidos transnacionais não são assim tão difíceis. As estruturas transnacionais que hoje existem apenas para congregar partidos nacionais da mesma família politica são o seu embrião. Estas estruturas tem de se democratizar e passar a focalizar-se mais nos indivíduos e a desenvolver programas próprios. Depois cabe aos partidos nacionais “embeberem” esses programas nos seus programas individuais.

Depois pode ainda haver partidos que só existam a um nível pan-europeu e que só debatam assuntos que estejam sob o foro da UE.

Aliás eu acho que este principio dos partidos transnacionais é mesmo um passo essencial para modernizar as democracias Europeias. A política e os partidos tem que seguir as sociedades e as sociedades são hoje cada vez mais transnacionais.

Ranys: confesso que não se me puseram considerandos de natureza financeira quando pensei na lua. Mas claro que o que dizes faz todo o sentido. O orçamento da UE tem que ser revisto e as maiores dotações devem ir para as áreas que aqui têm consensualmente sido referidas como aquelas que devem estar sob a alçada da União (ou Federacao!) e não para sustentar os “chulos” dos agricultores Franceses.

Deste post e doutros ficámos a saber que aqui nos participantes mais activos do Merdex (… pronto, nos únicos participantes do Merdex) temos quatro Federalistas e um indeciso. É bom e como já disse eu acho que esta é uma mensagem importante (vá lá ou RdM linquem-nos lá outra vez pá gente ter mais visitas) que todos temos a responsabilidade de trazer para a discussão.