Guerra? Não depende de nós.

Falar em Guerra de Religiões só interessa de facto aos amigos do Osama Bin Laden. Não é racional. Só os irracionais a pretendem. Foi isto dito por Bento XVI. Concordo, e gostaria de pensar que os muçulmanos também concordam. Terá o Papa sido imprudente? Talvez, mas este é o caso que se não fosse do cu era das calças. É verdade que não se deve aumentar o ressentimento. Não depende de nós, ocidentais e cristãos. O ressentimento alimenta-se a ele próprio, e pouco podemos fazer contra isso.
A questão fundamental é que a tradição de liberdade individual, da expressão do pensamento, da demanda diversa do pensar e reflectir com o agir consequente, que vem dos gregos e romanos, foi legado, mesmo na Idade das Trevas (500 a 1000 dc) aos povos europeus que, como se lê no discurso. O nosso limite é a Razão.
Os muçulmanos sentem ressentimento. Porquê? Foram a civilização dominante e com os Abácidas, e depois com os Otomanos atingiram um apogeu que é hoje visto com saudosismo. O Califado é de cerca de 680dc a 1200dc. A responsabilidade é, mesmo inconscientemente, atribuída aos ocidentais, e hoje o ódio aos americanos em particular é profundo.
A sensibilidadade com que o Ocidente trata com estas questões é ambígua. Guerra do Iraque a inquinar e a desmoralizar aquilo que foi pensado ser a libertação dos iraquianos, reféns de um regime que punha a ridículo a comunidade internacional e pior, o seu próprio povo. Democratizar e responsabilizar os seus habitantes foi o valor pelo qual os soldados invasores se bateram.
O que correu mal? Para além daquilo que é sempre mau em qualquer guerra, é que o inimigo é completamente diferente: indivíduos cujo objectivo de vida, de todos os dias é, quanto pior, melhor. Insidiosamente, de modo ignóbil, a apelaram ao sentido religioso, esta guerra é, deve ser, de todos contra o Terror. Principalmente dos muçulmanos. Depende deles, fundamentalmente, não de nós. E isso é assustador.

1 comentário:

Alex disse...

Percebo o teu ponto de vista e concordo, genéricamente com o post.
É verdade que para os radicais islâmicos, se não fôr do cu é das calças. E também é verdade que a sua religião (levado o Corão À letra) parou no tempo.
Felizmente que nós nos livramos do poder da Igreja. E, como tenho dito, o principal é a separação do poder religioso e o poder laico. Como o fazer? Não sei. Li um padre que dizia que o Islão não deve ler o Corão e tirar à letra o que ele manda. Tem que ler à luz dos nossos dias. Acima que tudo tem de permitir a liberdade religiosa. Tem que integrar a Razão na Fé, tal qual o Papa disse. Enquanto isso não acontece, temos que ir vivendo neste, cada vez mais perigoso mundo.
Quanto ao Iraque, já foi discutido, estou convencido que foi um passo no pior sentido, a estratégia mais suicida para o lado Ocidental.
Saúdinha