Educação e as futuras gerações


No último Domingo decidi ajudar a minha filha mais velha (9º ano) a estudar Matemática para um teste. Normalmente boa aluna, ultimamente tinha vindo a fraquejar (notas medianas) e sei que é uma matéria importante para o futuro. Assim trabalhamos seriamente e julgo que ficou bem preparada. Feito o teste, comentou-me que era extremamente simples, e que todos os exercícios por nós praticados tinham um grau de dificuldade muito maior. Recebeu a classificação, Muito Bom +, o que foi excelente para ela, e, por que não admiti-lo também para mim. Quando me contou os resultados do resto da turma (cerca de 20 alunos) fiquei estarrecido: 4 Suficientes menos, e tudo o resto negativas!
O que se passa hoje nas escolas em Portugal? Serão os professores que não têm capacidade? Vontade? Meios? Competência? De tudo haverá um pouco, mas realmente o País está refém da preparação e competência que as futuras gerações adquirirem.
Relativamente às medidas que este Governo tem vindo a tomar, no geral nada a opor: Inglês obrigatório desde o Ensino Básico, um Plano Específico para melhorar o Ensino da Matemática, aulas de substituição, exames nacionais já para o 9º ano, estabilidade dos docentes nas escolas (3 anos consecutivos), ocupação educativa dos alunos em todo o horário escolar, um sistema de avaliação e certificação de manuais escolares, mais racional e menos dispendioso, etc. Por outro lado, a cada medida, sem excepção, opõem-se os sindicatos e professores. Claramente, não contam com o apoio da maioria da população, embora os partidos da oposição e também os media lhes atribuam um poder de reivindicação totalmente desproporcionado.
Não sou nenhum expert, mas penso que a atitude da maioria dos profissionais da Educação (e desculpem-me aqueles que são excelentes e se vêem injustamente rotulados) não é profissional. Quero com isto dizer, que as aulas que se leccionam são parte importante, mas de pouco valem se não houver responsabilidade, avaliação de performance e, naturalmente as consequências: positivas, para os que demonstram mérito e penalizadoras para os outros. Para isso são necessários “chefes”: o director da Escola, o “chefe” da Matemática, do Português, do Inglês, etc. Estes têm que reportar ao Director, e devem reunir diariamente com os colegas da disciplina para resolver os assuntos da Educação. Tem que haver um follow up apertado, em que cada professor deve assumir que acções vai tomar e quando, para resolver os diversos problemas que se lhe deparam; tem por outro lado o apoio dos colegas e se não houver poder àquele nível, então escalar para o Director que deverá ter os meios para solucionar. Reunião diária? Chefes? Avaliação, timings para cumprir, permanecer a trabalhar 8 horas por dia? Bem, é o que o comum dos mortais faz toda a vida. Querem os professores uma Escola que cumpra o seu importante papel na sociedade e querem ser respeitados pelos seus concidadãos? Então organizem-se, distingam o trigo do joio e ... mãos à obra.
PS: Sei que existem inúmeros problemas, mas são os professores parte da solução ou parte do problema?

4 comentários:

Rantas disse...

Subscrevo inteiramente. Creio que uma das maiores "culpadas" do estado a que se chegou na Educação foi a aplicação cega e estúpida de modernas teorias de pedagogia por parte do Min. Educação.
Os professores servem para ensinar, para transmitir conhecimentos (essencialmente científicos, mas que também se devem corporizar em lições de vida, pelo exemplo), não para inventar a roda em cada ano lectivo.
A própria capa deste livro de Matemática do 7º ano é indicativa desse sintoma do "eduquês", que se foca mais na pedagogia, na forma, do que no conteúdo.
Aprender dá trabalho, não é uma brincadeira!

Alex disse...

Parabéns pelo post. Concordo em absoluto. É natural que alguém que sinta que vai ter mais obrigações, ou mais trabalho se sinta prejudicado esteja contra essas alterações. O que já não acho natural são os Sindicatos, que deveriam ter uma visão mais ampla do problema, sejam sistematicamente contra. Ainda hoje, o sec. Estado da Educação anunciou um exame para os candidatos a professores, no sentido de avaliar as capacidades para a mais nobre profissão do mundo : ser professor. No entanto, os Sindicatos apressaram-se a manifestar o seu desacordo. Porquê ? Porque já tiraram o seu curso, e não é um exame que faz melhorar o ensino... Já a Pró-ordem dos professores apoiaram a medida dizendo que de facto é uma forma de dignificar a profissão. O que mais lamento é a adesão maciça de quase todos os professores a todas as greves e manifestações contra estas medidas. O que se há-de fazer ?
Saúdinha

El Ranys disse...

O tema é importante, a educação em Portugal é uma miséria e os sitemas de controlo e acompanhamento da actividade lectiva dentro das próprias escolas parece-me uma ideia positiva.
E outra coisa deve ser dita, aqui, por quem sabe: o Manolo é um excelente explicador de matemática.
Fossem todos os professores tão pedagógicos e competentes como ele, e o ensino estaria, certamente, melhor.

Anónimo disse...

Muito se culpam os professores, mas não ouço NUNCA falar da responsabilidade dos pais e alunos! Um professor é mau se tiver 30 (o normal...) alunos e 30 negativas. Se tiver um aluno de 15 ou mais valores e os restantes negativa, estes são maus alunos por mérito próprio. Estamos todos fartos de ouvir falar nos direitos dos alunos: eles não têm obrigações? Trabalhem, sejam responsabilizados e terão sucesso. Continuem a premiar a mediocridade escolar dos vossos educandos com consolas portáteis pelo Natal e não haverá NUNCA professores suficientemente bons.