Durante o sec.XV começam a ser lançadas as sementes do que virá a florescer como o Mundo Moderno. A Europa transforma-se e define os novos espaços politicos e economicos e afirma as suas novas soberanias. Novas ideias dao origem às grandes correntes filisoficas que estarao na origem das principais ideologias que hoje discutimos, e o desenvolvimento das ciencias e das artes é impulsionado como até ai nunca tinha sido, confirmando definitivamente a Europa como o principal polo cientifico e cultural do mundo.
Já nessa altura Portugal era um Estado periférico: politica e militarmente subjugado pelos poderosos Reinos de Castela e Aragão e economicamente longe dos florescentes mercados Germânicos e Italianos, não tinhamos aparentemente argumentos para nos pudermos afirmar na nova ordem mundial. No entanto conseguimos garantir o nosso lugar nessa viragem da História e, através das nossas navegações e explorações, assumimos mesmo um papel ao nivel dos mais poderosos.
Na base deste sucesso esteve a arte de saber potenciar alguns dos factores mais significativos que entao caracterizavam o Reino:
- O facto de termos sido um dos primeiros Estados a conseguir um periodo relativamente prolongado de paz e estabilidade
- A nossa situaçao geografica
- Relacoes “priveligiadas” com os povos muçulmanos
- Uma geraçao educada e motivada, superiormente representada pelo Infante D.Henrique
Hoje, cerca de 600 anos depois, o Mundo atravessa de novo uma época de grandes mudanças: as velhas ideologias estao a ser lentamente substituidas por novas filosofias e utopias mais adequadas aos desafios e ameaças modernos, os mapas politicos e economicos estao a sofrer mutaçoes significativas e as ciencias e o conhecimento estao à beira de ultrapassar barreiras que abrirao as portas de novas dimensoes.
Como no sec. XV Portugal está de novo na periferia destas grandes revoluções. Como entao, Portugal nao tem “mao” para jogar com as regras dos poderosos e arrisca-se de novo a ficar de for a desta nova viragem. Só um Novo Portugal podera aspirar a alcançar novamente um lugar no pelotao da frente. Só um Portugal que encontre de novo os seus trunfos especificos e que os saiba utilizar para descobrir novas rotas para o Futuro poderá fugir da sua condiçao periférica e voltar a mostar-se ao mundo.
Seremos capazes? Eu julgo que sim!
O que é preciso? Vontade!
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3 comentários:
Interessante e optimista. Diz-se que os melhores de entre nós se foram nos Descobrimentos e sobraram os... medíocres. José Gil no seu "Portugal Hoje; O medo de existir" é mais pessimista, mas aponta, creio eu, factores que nos têm atrasado. Nomeadamente a falta de verdadeira troca de opiniões, o não ouvir o outro, a falta de uma opinião pública independente dos media. E o ter medo do Mérito, desvalorizar o sucesso dos outros (portugueses), a inveja e o queixume. São estes factores que a nossa geração e, fundamentalmente a dos nossos filhos, terá que vencer. Acredito que as apostas têm que passar pelo conhecimento e tecnologia e há bastantes oportunidades. Seremos capazes? Haverá vontade?
Na minha visao simplista das coisas, continuo a usar o paralelismo do post:
- a estabilidade nao é uma miragem. Meia duzia de medidas (que todos sabem quais sao) e um verdadeiro pacto de regime (como fizeram a Irlanda e a Espanha) nao nos tornarao certamente uma grande potencia Mundial, mas poderao dar-nos a estabilidade necessaria para poder pensar noutras coisas.
- a nossa situacao geografica continua a mesma. É saber aproveitá-la. Como era no sec XV o facto de sermos periféricos é uma desvantagem se focalizarmos as nossas relacoes no centro da Europa, mas torna-se uma vantagem se as re-direcionarmos para as relacoes da Europa com o resto do mundo. A tese Norte/Sul ou a famosa vocacao Atlantica tem se calhar mais interesse do que competir com a Rep.Checa para ver quem tem o maior PIB.
- relacoes priveligiadas temos muitas:os PALOPs e o capital completamente desaproveitado (e na maior parte das vezes ridicularizado) das nossas comunidades de emigrantes sao somente exemplos de variaveis que podem facilmente ser potenciadas.
- Por fim a geracao. E aqui Manolo é como tu dizes. Aqui é que reside o busilis! Nao temos de facto uma geracao educada e motivada. Temos ao contrário, como dizes, uma geracao dominada por uma "mesquinhez" absurda. Como se ultrapassa isto: nao sei, mas acho que é essencial chamar as nossas elites intelectuais para que assumem as suas responsabilidades e fomentem e particpem seriamente neste debate para que se consiga discutir as ideias e criar o que tu chamas "uma opiniao publica independente dos medias"; depois é educar, educar, educar, educar....
Seremos Capazes? Haverá vontade?
Boa discussão. Eu infelizmente tenho muito pouca esperança. Talves seja a última oportunidade da III República !...
Sócrates tem uma viagem programada para Angola, julgo que em Fevereiro ou em Março já antes visitada por Freitas do Amaral, com carácter preparatório. Pode ser o ínicio de qualquer coisa...
Educar, educar, educar...
Saúdinha
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