Razões de um voto triste em Cavaco



  1. 1- A Democracia Portuguesa está ainda a “amadurecer”. O sistema político desenhado pela nossa Constituição com os diversos órgãos de soberania é bom e não deve sofrer alterações. Os poderes do Chefe de Estado são de representação, de influência, e acima de tudo imparcialidade no seu relacionamento com outros órgãos e partidos. Significa que, se não houver problemas, mal se dá por ele. Em caso de grave crise o seu papel é da máxima importância: a chamada bomba atómica. Assim na minha opinião, o sistema está arquitectado de forma a que o cargo de Presidente, é uma espécie de prémio de final de carreira política. Para isso a eleição é pessoal e pode obrigar a 2ª volta. Mas a maioria presidencial esgota-se no dia da eleição. Os anteriores presidentes, Mário Soares e Jorge Sampaio definiram bem este Órgão de Soberania.
  2. O voto é um direito e um dever. Deve obrigar a escolhas. Que fazer, quando as nossas posições não são reflectidas por nenhuma das candidaturas? Simplesmente não votar, como Alex, ou optar por escolher alguém que se desconhece, que certamente não representa o sistema nem o irá influenciar, como El Ranys? Sem pôr em causa minimamente estas opções, alinho mais por uma escolha efectiva, diria construtiva. Resumindo devo votar para escolher o próximo Presidente da República. Posto isto, penso que qualquer dos principais candidatos desempenharia a função sem problemas de maior. (Para mim Mário Soares tem um lugar assegurado na História da Democracia em Portugal. A sua vida está bem descrita no post do Rantas. Gosto muito mais da sua figura política do que a de Cavaco Silva).
  3. A História vive de ciclos; e o que se pede aos portugueses neste tempo de mudança, de reformas difíceis que exigem sacrifício e originam sofrimento é que escolham o melhor para Portugal. Não tenho dúvidas que esse sinal é dado muito mais por Cavaco. Os portugueses (bem ou mal) ao escolherem Cavaco estão a aceitar a necessidade destas reformas. E é isso que Portugal precisa nesta altura. A mensagem da eleição de Cavaco será: mais trabalho, rigor e honestidade. Atenção, que não afirmo que Cavaco tenha estas qualidades; simplesmente essa é a mensagem que passa, o “desígnio” que fica estabelecido. E eu voto nisso.
  4. Por outro lado, penso exactamente (ver posts anteriores) que os candidatos de “esquerda”, onde muitos se sentem representados, são precisamente os obstáculos à mudança; não parecem entendê-la, normalmente manifestam-se anti-globalização (!), fazem da conservação dos direitos “adquiridos” a sua bandeira, etc, e por essa razão, em coerência não posso votar neles. É, reconheço, um voto triste em Cavaco, mas para mim a melhor escolha nesta altura para o País.

2 comentários:

Rantas disse...

Compreendo. E fico triste...

Alex disse...

Eu não gosto de Cavaco. Da sua pinta, do quero, posso e mando, do não sou politico, do eu sou um social democrata. Cavaco não tem ideologia, não é um pensador. É antipático, não sabe estar. É português, é honesto e trabalhador é pragmático.
Vai ser o nosso Presidente. Não tem alternativa. Nós precisamos de alguém que diga que é preciso trabalhar. Que o direto à greve é muito bonito mas é preciso trabalhar.
Vamos levar com ele, mas pior estão os americanos. Têm que levar com o Bush.
Saúdinha