A-Algumas razões para um voto
1-1985/1995-uma das décadas de maior crescimento em Portugal no último século;
2-Os adversários
2.1-Garcia Pereira
O novo «grande educador da classe operária» ainda nem sequer percebeu que aquela já se transformou numa burguesia consumista, e a sua China é hoje um modelo do que ninguém quer, mesmo que com muito futuro económico. Os excluídos são hoje outros, e estes leitores atentos de Marx, Lenine, Estaline e Mao ainda vivem no século XIX, apesar de exibirem fotografias no seu site a praticarem as actividades mais capitalistas, desde o sky ao ténis. Falta talvez o golf...Que saudades do «realismo socialista»...E o guarda-roupa das acções de campanha vistas na TV? Desde um barrete inclassificável até um cachecol muito gay, tudo vimos.A esquecer.
2.2-Francisco Louçã
A irritação suprema. A rameira armada em virgem, moralista como se fosse o depósito único da virtude. A técnica, a inteligência, o marketing ao serviço de uma iniquidade. Hitler já mostrou como fazer. Como é que um adorador antigo da Albânia tem o desplante de falar em Liberdade e Justiça, sem se retratar das suas anteriores (?) convicções? Nojento é uma palavra feia, mas este candidato dá-me vómitos. Se alguma coisa se pede a uma consciência é que tenha moral.
2.3-Jerónimo de Sousa
Um dos melhores produtos made in PCP. Faz-me lembrar um pouco um filme dos anos 20, completamente fora de tempo, mas apesar de tudo credível.É como um regresso ao passado, em que as nossas recordações só retêm os acontecimentos cor-de rosa. Entre D. Quixote e o pirata dos livros do Asterix, escolho definitivamente este último: talvez até tenha bom fundo, mas só serve para levar porrada. E não me esqueço do que foi o socialismo real, com toda a sua prepotência, violência e iniquidade, algo que retira a qualquer dirigente comunista a desculpa das boas intenções...
2.3-Mário Soares
O deficiente etário. A construção dos media. Não me esqueço do seu papel na descolonização criminosa que fizémos, bem descrito, por exemplo, no livro do General Pedro Cardoso, da tragédia a que conduzimos os Palop. Sabe-se hoje também que veio de Paris coligado com o PC numa frente popular, tendo sido a sua sede de protagonismo que o levou à ruptura já bem em 1975, quando percebeu que com os comunistas a primeira figura seria sempre Cunhal. A construção mediática do seu exagerado papel de factor decisivo na derrota dos regimes populares é mais um mito da transição para a democracia, embora não lhe negue coragem e um co-papel muito importante, provavelmente pelas más razões, a do auto-convencimento e arrogância. Completamente sem nada a dizer, nem de novo nem de antigo, numa postura de monarca frustrado, a sua escolha pelo PS parece-me mais uma armadilha de Sócrates que uma aposta empenhada do partido. E se o grande argumento da esquerda contra Cavaco é a sua década de governação, há uma pergunta que me parece incontornável: quem era o PR?
2.4-Manuel Alegre
Se ainda acreditasse no bom selvagem de Rousseau e na utopia das boas intenções completamente desligada da realidade, i.e., se a minha matriz fosse de esquerda, este seria sem dúvida o meu candidato, certamente esquecendo acusações antigas do PC sobre Argel. Um filme misto de Felini e Bertolucci, parece-me um caso exemplar de quem se candidata pelaas boas razões: não gostou de ser usado e enganado pelo PS, tem convicções e causas (mesmo que líricas), reagiu à deriva monárquica de MS como bom republicano.
3-Diz a teoria económica que a confiança é uma das mais importantes variáveis no crescimento. Parece-me óbvio que, mesmo que irracionalmente dados os poderes do PR, Cavaco é o único cuja eleição pode (vai) trazer esse valor acrescentado.
4-Em quase toda a Europa, excluindo a Escandinávia, foi a Direita (fundamentalmente democrata-cristã) que trouxe a justiça social e a maior parte daquilo a que chamamos modelo social europeu, duma forma que só agora a demografia começa a por em causa a sustentabilidade.
5-O único Governo que realmente praticou a concertação social sem se demitir das suas responsabilidades.
6-Por todas as razões enunciadas no post do Alex, só neste candidato encontramos por um lado uma prática passada com aqueles objectivos, por outro ideias sobre uma estratégia para o futuro. À esquerda tudo se resume a «Cavaco não».
B-Mas é um voto triste
1-Não me esqueço de uma segunda maioria que o ultrapassou, transformando o País num quase laranjal.
2-Não me esqueço dum desenvolvimento desiquilibrado, do agravamento da transformação do País numa quase só faixa litoral de 30Km.
3-Não me esqueço do que se fez com os fundos para formação profissional, com a grande ajuda (ou iniciativa?) dos sindicatos.
4-Não me esqueço da troca do futuro do nosso sector primário por fundos.
5-Não me esqueço de que, se não é o pai do monstro, é pelo menos o padrinho.
6-Não me revejo na postura ultra-tecnocrática.
C-Previsões
Vencedor-Cavaco à primeira
2º Manuel Alegre
3º Mário Soares
4º Jerónimo de Sousa
5º Louçã
6º Garcia Pereira
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário