Terca-Feira passada fui fazer uma visita ao porto de Antuérpia. Este é o 4 maior porto do mundo (em volume de tráfego internacional), é o principal motor da economia Belga e dá emprego (directo e indirecto) a 120.000 pessoas. Impressionante.
O guia avançou com alguns factos que julgo interessantes (faço fé no homem e não me dei ao trabalho de os confirmar):
Cerca de 70% de todas as mercadorias são transportadas via marítima (esta percentagem está a crescer);
O barco é o meio de transporte menos poluente, quer por tonelada quer por quilómetro.
Cada 2 horas sai um porta-contentores da China;
Um contentor enviado por barco de Antuérpia para o extremo Oriente custa cerca de 100€; o mesmo contentor enviado por camião para Munique custa cerca de 1200€;
Os armadores estão a construir porta-contentores: muitos e cada vez maiores.
O fenómeno da globalização está a dar cada vez mais importância ao sector do transporte marítimo e a tornar as indústrias a ele associadas em áreas de forte expansão.
Confesso que é uma área que conheço muito mal; de qualquer forma aqui vai o meu bitato. Não creio que possamos aspirar a tornar Sines ou qualquer outro porto Português num grande porto internacional (são demasiado periféricos para isso) mas julgo que, haverá certamente nichos de mercado sobre os quais a nossa situação geográfica (e porque não a nossa tradição marítima!) nos poderá dar algumas vantagens competitivas. A PSA (que é a maior empresa do mundo a gerir terminais de contentores, e que também gere um terminal em Antuérpia) decidiu investir em Sines; eles lá deverão saber. Agora faltava ao Governo definir uma estratégia para enquadrar a nossa política marítima para cativar outros investidores.
No entanto parece que as prioridades são outras! E pelo susto que o Paulo Portas levou quando lhe disseram que era Ministro do Mar dá para perceber que este não é um sector muito atractivo para os nossos governantes….
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6 comentários:
Pois é. A nossa tradição marítima... Vem dos séc. XV e XVI. Há muito tempo que Portugal não tem tradição marítima. Quando tínhamos o império colonial ainda tinhamos frota mercante, pois o comércio era exclusivo. Tivemos a frota do bacalhau, mas também acabou. Hoje não temos marinha mercante, armada nem pesca. Mas mesmo assim, temos uma posição geográfica privilegiada. Sines foi pensado no choque petrolífero quando se suponha o fecho do Canal de Suez.
A questão é sempre a mesma. Temos uma administração pública ineficiente, uma legislação laboral pouco flexível e empresários que não arriscam (esta é uma indústria de capital intensivo. Exemplos : nos portos portugueses (Lisboa, Sines e Leixões) temos equipas de 8 amarradores. Em Roterdão uma pessoa amarra sózinho o navio. A administração do porto em Portugal depende de variadíssimas entidades. Capitania, AGP's, Aut. Sanitárias, Imigração, etc. Outro exemplo, cargas e descargas. Em Portugal, um terno de estiva é composto por 8 homens. Normalmente 1 está na grua e os outros 7 a controlar o porão ("Arreia !" "Vira !")
Conseguem sempre, SEMPRE !, trabalhar a contar horas extraordinárias. É por isto que os portos portugueses são os mais caros do mundo !
De facto, podíamos aproveitar a nossa posição geográfica para o comércio entre as Américas e a Europa passasse por aqui. Mas precisamos de ter infraestruturas. Portuárias, Rodoviárias, Ferroviárias, Aeoroportuárias...
E depois já todos sabemos : Reforma na Justiça, Combate à fuga e evasão fiscal, Liberalização na legislação laboral, reformar a administração pública e privatizar. Porque não se aplica a receita ??
Saúdinha
Parece que o Sócrates (na linha já de uma ideia antiga) quer transformar Sines numa plataforma logística de importância no mundo. Sines tem um porto de águas profundas e infraestruturas. Ligando isto à opinião do El Ranys (troço TGV para Sines) admitindo que a OTA para novo aeroporto é caríssimo e não tem potencial de crescimento, li uma carta interessante (no Expresso) de um coronel que sugere que se construa o novo aeroporto na actual campo de tiro de Alcochete (demonstrando que tem todas as condições e muitas vantagens). Tudo isto somado será que, havendo vontade política, podíamos ter aqui um porto "semelhante" ao de Antuérpia.
Acho muito dificil que Sines possa algum dia poder vir a ser um plataforma de grande importancia; a situacao geográfica é ingrata! Antuérpia e Roterdao beneficiam muito das situacoes geográficas.
De qualquer forma, caro Manolo, nao é o Socrates que pode fazer de Sines o que quer que seja; sao os investidores privados que sabem o que é melhor para Sines e eles é que o podem tornar alguma coisa. Enquanto nao se perceber isto em Portugal....
Sócrates falou nisto tendo ao lado o ministro chinês, a convidá-lo a investir no nosso país. E para Sines está já em projecto uma nova Siderurgia (se não me engano) com investidores privados. Também é minha opinião que a economia tem que ser conduzida, e realizada pelo sector privado. Ao Estado cabe balizar... e facilitar.
Há uns dias atrás almocei numa mesa ao lado dum acérrimo das potencialidades do porto de Sines. Aparentemente, tentava convencer dois potenciais investidores (?).
O argumento que retenho na memória (afinal, é feio ouvir as conversas alheias) é o de que Sines tem um factor importantíssimo a seu favor (e no qual, reconheço, eu nunca tinha pensado e muito menos pensaria se nesse dia o restaurante não estivesse tão cheio): Sines tem uma refinaria moderna, que emprega tecnologia avançada. Considerando que tanto na Europa como nos EUA é praticamente impossível construir novas refinarias (tanto por causa da legislação de protecção do ambiente como pelo pós-11 de Setembro) e conjugando isso com o porto de águas profundas que serve Sines, estariam reunidas todas as condições para que Sines passasse a ser um "player" internacional no mercado.
F... oh Rantas! Onde é que tu andas a almocar!
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