Diálogo de surdos? Não obrigado.



Gosto de discutir. Argumentar, justificar, apresentar as minhas razões. Há normalmente um problema; não considero meritório o extremar posições. Há sempre razão dos dois lados. Não temos que concordar ou discordar de uma dada opinião, pelo menos à priori, ou seja com ideias pré-concebidas. A troca de ideias resulta melhor se ambos os argumentadores perceberem a razão do outro. Isto pode-se chamar civismo. É claro que o espiríto crítico deve imperar e o contraste das diferenças também deve sublinhar os pontos em comum. E são estes os mais importantes e não os outros. Sei que com esta “técnica” serei cilindrado e que nunca ganharei um debate. A atitude de “…por principio não concordo…” parece ser mais forte e convincente.
No entanto, todos nós herdamos (entre outras) a cultura da Antiga Grecia e temos a imagem dos diálogos de Sócrates de Atenas onde com lógica irrefutável evidencia ao interlocutor, que normalmente pensava de maneira diversa uma determinada realidade. Ora aqui quero enaltecer não o grande mérito de Sócrates (indiscutível) mas para o anónimo, que de forma humilde aceita ouvir e reconhece a razão no outro. Se, de ambos os lados de uma argumentação, houver este espírito de abertura, de reconhecimento de outras ideias, capacidade de valorizar o acordo e assim perceber melhor as diferenças, será o primeiro passo para o desenvolvimento. Os povos que assim fizeram obtiveram melhores resultados em todos os campos.

1 comentário:

Rantas disse...

Pelo menos desde que nos passámos para a blogosfera tem sido mais fácil ouvirmo-nos uns aos outros. Mais fácil pelo menos do que aos almoços barulhentos de domingo, onde os argumentos se vão perdendo no meio de outras discussões paralelas e da refeição.