Plano Individual de Leitura


Passei grande parte de minha meninice a ler quantidades alarves de Patinhas. Um dia lá me decidi a ler um livro sem bonecos, e da estante de minha casa escolhi o mais grosso que por lá andava: saiu-me o Prémio, do Irving Wallace.

Este pequeno acto e o fascínio daquela primeira experiência deu inicio a uma grande aventura. A partir daí os restantes livros da estante começaram a ser lidos avidamente e trocados com os dos amigos, com quem depois se comentavam personagens e histórias: as aventuras do Papillon ou as guerras do Larteguy (que quase me levaram a alistar na Legião Estrangeira!), os épicos do Leon Uris ou os três volumes dos Ventos de Guerra (que circularam pela rapaziada num complexo exercício de logística para que se conseguisse assegurar as precedências), as malandrices do Henry Miller ou clássicos como os Thibault ou O Fio da Navalha, as incursões mais filosóficas do Orwell, Huxley e Kundera ou as lindíssimas histórias do Gabriel Garcia Marquez. Na escola liam-se os Portugueses Eça, Camilo, Júlio Diniz …

E assim, através dos livros, se foi formando a minha visão do mundo.

É fundamental que os jovens leiam. Mas, o gosto pela leitura tem que ser um acto voluntário, não se pode impingir ou decretar. Não me lembro que o meu pai me tenha alguma vez tentado impingir alguma leitura (era a maneira mais certa para que eu nem sequer pensasse em pegar nela). Já cheguei a ver algures a ideia peregrina de que se fecharmos uma criança num quarto só com um livro ela acabará por lê-lo; por mais figurativa que esta ideia possa ser, nao creio que seja por aqui.

Entao como é? Eu cá nao sei!

2 comentários:

Alex disse...

Foi com "O Prémio" que experimentei o whisky...
Como se pode incentivar a leitura aos mais novos? Não sei, julgo que depende muito da própria criança.
Mas acho que, como pai, devo fazer tudo para incutir o gosto pela leitura. E é o que faço. Espero que não com os resultados que julgas poderias ter tido se o teu pai te tivesse dito para ler.
Os meus primeiros livros foram as aventuras dos Cinco, da Enid Blyton. E já li às minhas filhas o primeiro, Os Cinco na ilha do Tesouro esperando que, a mais velha, chorasse para ler o segundo...
O que tento transmitir é que a leitura é um dos maiores prazeres do Homem e como tal a pessoa que não lê, vê-se privada desse grande prazer.
Mas como dizia, acho que depende muito da própria criança.
Saúdinha

Anónimo disse...

pois, pois! whysky às 9 da manha, precise-se.

que nao seja mal interpretado: eu também acho que os pais (e a escola) tem o dever de tentar incutir o gosto pela leitura: seja a ter livros em casa, a falar de livros e eles próprios a ler (que isto eu tenho para mim que nao há melhor forma de educacao do que pelo exemplo).

A questao essencial é a que tu dizes: depende de cada crianca; e um livro errado na altura errada pode ser muito contraproducente.