O DILEMA DE DONA JÚLIA

D. Júlia é uma senhora muito bem, viúva e bem de vida que mora no centro de Lisboa.
É PSDista ferranha.
Em tempo de campanha coloca o arraial laranja na sua varanda, 6 bandeiras nos mastros, vem para a rua distribuir panfletos toda enfeitada de chapéus, lenços, aventais e que tais.
Já privou com os grandes do Partido. É fã do Pedro, mas conhece bem José Manuel e até esteve com Cavaco.
Esteve empenhadíssima na campanha de Carmona e chegou mesmo a enfrentar o pedante Carrilho.

Hoje em dia anda com grande dilema: vai votar em quem? No seu Carmona, naquele rapaz, que é sobrinho-neto do Marechal, tão correcto e que andam agora a tramá-lo com aquelas complicações… ou no Fernando Negrão que não lhe diz nada, mas que o partido apoia…Não pode votar nos dois…

Ó Dona Júlia não hesite… Vote naquele que realmente quer! Tem que ser assim. Temos que votar nos que cremos, naqueles que queremos, vamos acabar com os agrilhoamentos dos partidos.

Votem nos vossos candidatos, não nos partidos! Seria, na minha opinião, um progresso na nossa Democracia, que os partidos do poder não obtivessem bons resultados. Depois do que aconteceu entre Soares e Alegre era mais um passo no sentido de se deixar de discutir política como se de Benfica-Sporting se tratasse.

Saúdinha

4 comentários:

Rantas disse...

«Seria, na minha opinião, um progresso na nossa Democracia, que os partidos do poder não obtivessem bons resultados».

Homessa - o Merdex anda muito subversivo! Ouçam lá, isso não será uma crise de meia-idade?

A ilusão do "é proibido proibir", o ataque ao poder, o ataque à autoridade... isso são coisas bonitas do Maio de 68 que os adolescentes da altura defenderam, mas revelou-se que o vazio de poder não existe - o poder é sempre preenchido, não cai na rua, não é tratado em assembleias de moradores, sindicatos ou sovietes. E por isso há que olhar para as alternativas. E, apesar de terem bons momentos de televisão, é constrangedor imaginar um minuto que seja o BE, o PCP ou o CDS como partidos maioritários de governo. Só se vocês estão a falar do Manuel Monteiro, e aí peço desculpa pelo mal-entendido e despeço-me já aqui, que tenho mais o que fazer :-)
Isto na prática consiste em quê, este sebastianismo sem nome? Se os partidos do poder não tivessem bons resultados, se deixassem de ser poder, quem passaria a sê-lo?

A verdadeira revolução que se tem de fazer é por dentro do sistema, não recomeçando por páginas em branco (e cheques em branco, if you know what I mean...). Para isso já chegou o aventureirismo do PSL...

ATIREI O PAU AO GATO disse...

Ai Portugal, Portugal
do que é que tu estás à espera
tens o pé numa galera
e outro no fundo do mar.

Jorge Palma não é?
Mas é isso mesmo e um dia destes ainda escorregamos e depois é que vão ser elas, se nos estatelarmos nas águas do Atlântico.

Vim para agradecer a sua presença e palavras na conversa que a Marta animou "No Largo da Graça" e que tanto contribuiram para aumentar a inteligência e o interesse da pluralidade da mesma. Bem haja por isso.

Um Sábado de paz e saúde para si e todos aqueles a quem quer bem.

Luís F. de A. Gomes

Alex disse...

Caro Rantas, obrigado pelo comentário.
O Merdex é, evidentemente subsersivo, embora este post não compromete toda a redacção mas apenas a moi.

Ninguém defende o vazio do poder nem a anarquia. O que defendo é uma alteração da mentalidade do cidadão em relação aos partidos. Mas é verdade que defende alterações à lei eleitoral onde os directórios partidários perderiam muito do seu poder. Defendo círculos uninominais com um círculo nacional onde se cumpriria a proporcionalidade, e nos círculos uninominais, a duas voltas, dava mais força à região, aos locais, às pessoas.

Caro Luís F. de A. Gomes, agradeço as suas simpáticas palavras, embora lhe deva dizer que não sou quem pensa.

Saúdinha

Anónimo disse...

Também eu não acredito nem defendo vazios de poder, anarquias, páginas ou cheques em branco (if I know what you mean…).

Eu parto da premissa que o sistema está podre: só num sistema podre podem estar a acontecer coisas como as ‘drenagens’, as ‘otagens’, e tantas outras agens que chegam e sobram para envergonhar qualquer democrata.

O que eu não acredito é em revoluções por dentro do sistema. O sistema não se autodestrói nem se autoregenera! Se não houver forcas exteriores ao sistema que o ajudem a implodir ou, pelo menos, a metamorfosear-se, ele continua a alimentar-se dele próprio e não se adapta ao exterior.

E para mim, caríssimo Rantas, o meu sebastianismo tem um nome, sim: chama-se Individuo! E, para contextualizar, eu acho que candidaturas independentes como a da Helena Roseta são um contributo positivo para que o Individuo ganhe um pouco mais de primazia na política.

O Luís F. de A. Gomes dirigia-se certamente a mim que deixei um comentário no seu blog onde decorria um debate sobre a legalização da prostituição. Aliás um debate interessante que só por esquecimento ainda não tinha referido aqui no Merdex. Se quiserem por lá passar é n’ O Largo da Graça.