A NOVA CLASSE EXPLORADORA


Cresci com a ideia dos senhores de cartola alta a quem chamavam capitalistas que eram os exploradores da classe oprimida e que impediam o povo de viver feliz. Coisas do seu tempo…
Lembrei-me disto quando vi esta imagem e penso que hoje, passados 30 anos a classe exploradora mudou.
Existe um sentimento comum contra a classe politica, que têm rendimentos, mordomias, privilégios, reforma depois de 12 anos de serviço, subsídios de reintegração quando saem do parlamento, etc, etc. Os gestores das grandes empresas de capitais públicos com ordenados absolutamente obscenos, que recebem chorudas indemnizações quando perdem o lugar, os administradores dos Institutos Públicos, dos Organismos, das Direccções Regionais, das Empresas Municipais, os milhares de assessores de toda a sorte, os Autarcas, etc, etc. Todas as classes profissionais do Estado, desde Juízes, Médicos, Professores, etc, etc. Todos os que têm um lugar, um cargo, no aparelho do Estado, muitas vezes por serem do partido certo ou pelas amizades. Aqueles que acumulam pensões do Estado, dão pareceres, etc, etc.
Não condeno essas pessoas. São, com certeza, competentes, trabalhadores e eficazes. E todos queremos o melhor da vida. Repito: não condeno as pessoas. Condeno toda a organização da nossa sociedade que permitiu chegar a isto.

Digamos que hoje em Portugal há dois tipos de pessoas: os que vivem dentro do Estado e os outros. É a nova classe exploradora.

Saúdinha

2 comentários:

Anónimo disse...

Oh Alex! Mas que raio de ideia. Então a culpa é da “organização da sociedade”? Isso é inventar personagens para poder transferir responsabilidades!

A “organização da sociedade” não é mais do que a soma da organização dos indivíduos que a compõe. Não tem identidade própria nem é imputável. A culpa é mesmo das pessoas, individualmente. O que tu estás a dizer é que desde que feito em bando qualquer comportamento é desculpável porque a responsabilidade pode sempre ser transferida para um colectivo.

Não condenas as pessoas!? Essa agora! É claro todos “queremos o melhor da vida”. Eu também! Mas não é por isso que me vou por aqui a gamar o que não é meu!


PS: Eu não estou aqui armado em moralista e é claro que já estou a ver a provocação marota: eu queria era ver-te a recusar um lugarzinho desses! Pois desde já te digo que não respondo a essa provocação.

Alex disse...

Oh Harpic!
Tá bem, é verdade que há que condenar muitos desses comportamentos.
Mas esta nova classe exploradora é fruto de um processo legislativo (que é feito pelos principais beneficiários) e não se pode esperar (?) que sejam tão altruístas que abdiquem das benesses que podem ter (é neste sentido que digo que não condeno).
Por exemplo, o nosso Presidente Cavaco acumula uma pensão como professor, outra como ex 1º ministro, outra como ex governador do Banco de Portugal além do seu vencimento como Presidente. É condenável? Pode ser, mas não se pode esperar que sejamos todos a Madre Teresa de Calcutá.
O que quis salientar é que a "classe exploradora" mudou, já não são o "grande capital" mas os grandes do Estado.
Saúdinha