Eu nao queria mesmo falar da Ota ... mas já que me perguntam:

A minha solucao é Portela+1

1. Manter a Portela e adequá-la principalmente para os sectores do low-cost e business aviation (os dois sectores que tem sido, e vão continuar a ser, os responsáveis pelo aumento do tráfego aéreo). Adequá-la significa, por exemplo, reduzir os serviços aos mínimos para reduzir igualmente as taxas de aeroporto (factor essencial no planeamento de rotas das companhias low-cost)

2. Construir um segundo aeroporto vocacionado para: voos intercontinentais (longo-curso), para os passageiros em transito e para serviços relacionados com a actividade aeronáutica (manutenção, construção, treino, formação, …).

As vantagens desta solução:

A. O facto de manter a Portela em operação com baixas taxas de aeroporto permite continuar a promover Lisboa como um destino low-cost, city-break, congressos, … como permite também um acesso fácil aos homens-de-negócios que cada vez mais viajam em business-jets.

B. O novo aeroporto vai permitir a operação dos grandes aviões e dar as condições à TAP para poder continuar a concorrer por um lugar de destaque nas ligações com a América do Sul (é natural que as taxas neste aeroporto sejam mais altas mas estas taxas mais altas são mais facilmente diluídas nos custos dos voos de longo-curso). Permite ainda afastar do centro urbano de Lisboa os aviões mais poluentes. Permite também potenciar a região onde estiver localizada como um cluster para a industria aeronáutica (sector de grande valor acrescentado em que eu acho que Portugal pode e deve ganhar mais destaque).

Esta solução distingue três fluxos distintos de passageiros e permite adequar os serviços às características particulares a cada um dos fluxos: um de viagens curtas em que o tempo para chegar ao destino final é muito importante; um de viagens longas onde este tempo fica mais facilmente diluído no tempo total da viagem; e outro de passageiros em transito que regra geral nem saem do aeroporto.

O argumento que ouvi até agora contra o Portela+1 é que não é economicamente viável porque duplica os custos. Não percebo a objecção.

Nota final: a aviação Europeia vai entrar na revolução mais importante de toda a sua história. Eu compreendo a urgência da decisão de começar a construir o novo aeroporto (ou melhor, não compreendo mas pronto….) mas achava talvez mais sensato ver primeiro o desfecho destas importantes mudanças antes de colocar a primeira pedra.

4 comentários:

Alex disse...

Estás em grande, sim senhor!
Não entendo muito do negócio mas parecem-me argumentos bastante assertivos.
Mas a Portela sobrevive só com os low-costs? Não sei qual o tipo de tráfego que passa por Lisboa, mas acho que é uma bela estratégia segregar esses diferentes tráfegos.
Mas percebo que os custos de ter dois aeoroportos de Lisboa sejam importantes na equação e apesar da Portela dar serviços mínimos também tem custos.
Mas eu não entendia que a solução Portela+1 se referia à construção de um novo aeroporto e manter a Portela...Ou é um Portela+1 teu?
Mas acho que devia ser assim que os políticos, os técnicos deviam discutir o problema.
O que me irrita na questão da Ota (a propósito, apesar do título, não mencionaste a Ota) é que parece que se discute esse assunto como se discute futebol, como uma guerra de clubes.
E o extremo dessa posição é pedir um referendum para a localização do novo aeroporto!
Saúdinha
Outra coisa

Anónimo disse...

Mas a Portela sobrevive só com os low-costs? Não sei! Claro que a decisão teria que passar por estudos de viabilidade, mas assim por alto: se pensarmos que os low-cost, os business jets (é preciso notar que este sector está cada vez mais apontado como responsável pelo futuro boom da aviação) e o tráfego local (Lisboa-Porto e Lisboa-Faro) correspondem a cerca de 30% do actual tráfego da Portela, isto quer dizer que lá para 2025 quando se esperam 280.000 voos para Lisboa esta percentagem corresponderá a cerca de 84.000 voos; o que não está assim muito distante dos 130.000 actuais. Parece-me razoável, principalmente se for acompanhado de uma politica de serviços mínimos/baixos custos de manutenção.
O novo aeroporto ficará assim com cerca de 200.000 voos o que o equipara aproximadamente aos actuais aeroportos de Bruxelas o Dusseldorf, que são hoje aeroportos muito rentáveis. Por outro lado também não era preciso começar logo com o maior e má lindo aeroporto: com duas pistas paralelas, terminais de isto e terminais daquilo, etc… podia-se construir um aeroporto mais pequeno (um aeroporto com uma pista única tem capacidade para cerca de 300.000 voos) com capacidade de expansão para pistas paralelas quando e se necessário! Os avanços tecnológicos e dos processos na área da capacidade dos aeroportos vão ser significativos nos próximos anos (sendo a área identificada como mais problemática é onde grande parte dos esforços estão a incidir) e é natural que venham a trazer grandes benefícios (em 2006 um estudo do EUROCONTROL para o aeroporto de Lisboa permitiu ganhos de capacidade na ordem dos 10% só pelo facto de se mudarem alguns processos).
Também a mim me irrita a forma como se discute a localização do aeroporto e, apesar de óbvio que a localização é um factor importante, eu preferia ver primeiro bem discutida a fundamentação da decisão de construir um novo aeroporto e a argumentação a favor de determinado modelo.

Já aqui disse isto uma vez e repito: para mim não é suficiente dizer que precisamos de um novo aeroporto porque a partir da data X há uma data de pessoas que querem vir de avião para Lisboa e não podem. Aeroportos com a capacidade esgotada num curto prazo é o que não falta por essa Europa fora e não andam todos aflitos para começar a construir novos aeroportos; além disso também há uma data de pessoas nas listas de espera dos hospitais e não é por isso que se desata a construir hospitais.
Atenção que eu não estou a dizer que não se deva construir um novo aeroporto, acho é que a fundamentação desta premissa não está ainda muito bem feita.
Agora se o novo aeroporto é na Ota, no deserto ou no quintal da Tia Arminda… é como tu dizes: parece que estamos a discutir futebol.

Rantas disse...

E não é que o blog animou mesmo?

Anónimo disse...

Estas convidado.