OS VALORES DO OCIDENTE


Defendo a liberdade de expressão. Como disse n' A Decisão, a auto censura é um sinal de que estamos a perder a guerra. O que me parece é que, para vencermos esta guerra, cada responsável terá que avaliar as consequências do que deixar publicar.
É verdade que muitos (onde me incluo) ficaram chocados com esta censura, que demonstra o medo a subir na nossa sociedade. Não podemos prescindir das nossas liberdades, dos nossos valores. Evidentemente que se espera que os responsáveis sejam isso mesmo e não permitam provocações baratas disfarçadas de "arte".
Não vamos deixar o terror vencer!
Temos que defender os valores fundadores das nossas Democracias Liberais. E assim como devemos defender a liberdade de expressão também devemos defender os valores fundamentais do cidadão.
E é por isso que me choca não ver ninguém a denunciar a recente lei anti-terrorista aprovada pelo Congresso e Senado dos USA!
Uma lei onde alguém, sem acusação, pode ser preso indefinidamente sem conhecer a acusação, onde é legitimada o recurso à tortura para obter depoimentos... Isto é contra todos os valores das sociedades livres ocidentais, é a negação do Estado de Direito. É a morte das direitos, liberdades e garantias! Eu admito que nesta guerra o individuo fique mais vulnerável, mas caramba...
Quero gritar a minha indignação por esta lei vergonhosa!
Saúdinha

12 comentários:

Anónimo disse...

O fundamentalismo existe dos dois lados e a tendencia é para agravar-se. É por isso que as concessoes que estao implicitas nas posicoes que tens defendido - "O que me parece é que, para vencermos esta guerra, cada responsável terá que avaliar as consequências do que deixar publicar" (o deixar publicar e sofrer as consequencias pressupoe um julgamento moral da liberdade de expressao) - nao ajudam nada porque pressupoem que é licito estabelecer limites que ainda nao percebi muito bem quem e como os vai definir. As leis que eles acabam de aprovar alteram alguns desses limites: para ti ultrapassam os limites da nossa liberdade; para eles nao!

Eu sou legalmente responsável pelo que digo, escrevo ou faco. Essas leis protegem os restantes cidadaos dos eventuais efeitos dos meus actos e sao usadas para me responsabilizar por eles.

Mais do que isto eu nao aceito. Ou sejs, nao aceito subjugar-me a um principio moral estabelecido por ti que me vai apontar um dedo acusador se eu disser alguma coisa que possa resultar numa qualquer accao terrorista.

PS: Há quem diga que a aprovacao desta lei nesta altura em que vao comecar as batalhas eleitorais nos US foi uma habilidade dos Republicanos. Era óbvio que os Democratas se iam opor e agora os Republicanos lancaram uma campanha em que acusam os Democratas de estar a defender os direitos dos terroristas. Ora este género de discurso no meio de uma populacao já por si paranoica com os ataques terroristas parece que está a dar resultados (já se fizeram sondagens que apontam nesses sentido) e os Democratas vao ter de se esforcar para sair desta armadilha.

Luta entre o Bem e o Mal "my ass"!

Alex disse...

Eu não estabeleço principios morais! Um responsável por um meio de comunicação social, por um espectáculo, etc é que estabelece os seus principios editoriais. Sempre foi assim. O que acho óbvio é que esse responsável avalie as consequências, tendo em conta esta guerra com os fundamentalistas islâmicos. Foi o que a senhora da Ópera de Berlim fez (mal, na minha opinião!)
Os limites não são definidos por ninguém. Apenas por cada um! Se eu fosse produtor de qualquer coisa, tentava distinguir o que é arte e que é provocação. Tu não?
Saúdinha

Rantas disse...

A arte não é sempre provocação?

Anónimo disse...

Se eu fosse editor do Merdex e te pedisse para te absteres de fazeres comentários infelizes como o que fizeste, em post lá mais para baixo, sobre o Cristo e o Maomé, sob pena de puderes estar a por em risco o Merdex e mesmo a própria vida dos que aqui co-habitam contigo, o que á que tu fazias ou dizias?

PS: O argumento de que o Mer4dex tem um numero pindérico de visitantes nao é argumento. Para mais que nós até estamos linkados no Revisao da Matéria!

Alex disse...

Boa!
Saúdinha

Anónimo disse...

ok!

Rantas disse...

Está bem visto esse argumento, Harpic!

El Ranys disse...

Alex,
Desculpa a sinceridade com que te escrevo, mas parece-me que andas muito baralhado sobre estas questões.
Não há, no mundo, duas pessoas a pensar exactamente a mesma coisa sobre todos os assuntos.
Logo, a questão da auto-censura é irrelevante. Por isso, os teus repetidos apelos ao bom senso e ao cuidadinho são, à partida, totalmente inconsequentes.
Coloca-se então a questão a outro nível, o da hetero-censura, que se verifica, por exemplo, com esta lei. Também és contra. Aliás, gritas a tua indignação.
Voltamos assim, de novo, à auto-censura. Mas não foste tu, como bem notou o Harpic, que puseste Cristo e Maomé em situações que nem o mais ousado dos caricaturistas dinamarqueses ousaria?
Afinal, a auto-censura vale o quê?
Andas, há não sei quantos postes e comentários, com um discurso redondinho e irresolúvel.
Porque a questão, verdadeiramente, é esta: eu acho que não devo ofender os católicos ou os muçulmanos, mas isso não me dá o direito de te proíbir de o fazer (como, aliás, fizeste). Em nome da liberdade de expressão. Como é que se saí disto? - Não sai. Haverá sempre alguém disposto a ofender, a provocar. Devemos criticar quem o faz mas, sobretudo, quem procura manipular a provocação, conferindo-lhe contornos de assunto de Estado e de guerra de religiões e de civilizações.
É como o filme "Je te salut, Marie". Achei ridiculas as manifestações dos católicos na altura. Afinal, era tão simples: quem quisesse ver o filme, via. Quem não quisesse, não via. E seguíamos todos, amigos como dantes, quartel-general em Abrantes. Nunca, jamais, proibir o filme ou queimar o artista. O nosso valor supremo é o da tolerância face à pluralidade. E é isso que parece que ainda não entendeste.

manolo disse...

Ficar chocado por não se denunciar a lei anti-terrorista é uma posição extremista. Há muitos assuntos que aqui não foram denunciados: as mentiras do ministro da Hungria, a invasão do Líbano, o ensaio nuclear da Coreia do Norte, a hipótese largamente discutida em Espanha numa Federação Ibérica, etc, etc. Não tenho dúvidas de que os USA é um Estado de Direito. Aliás quando dizes que foi aprovado pelo Congresso e Senado, representades legitimos da vontade da maioria, estás a corroborar que essa lei é legítima. Concordo que os "valores das sociedades livres ocidentais"* não se revêem na diminuição do direito essencial de ser considerado inocente até prova em contrário. Mas percebo que se trata de uma excepção, para lidar com um problema que é também ele excepcional: o terrorismo. Todos os que acreditam nesses valores, liberdade individual, de expressão e opinião, do primado da Lei e também do mercado e propriedade privada não ficam satisfeitos com a aprovação duma lei destas; a questão (eventualmente) é para "garantir" a segurança (valor primordial) as pessoas estão dispostas a abdicar, em certas situações de parte da sua liberdade. E é isto a Democracia. Os abusos, e injustiças, que já se cometeram e se vão cometer, são um risco; é necessário que, tanto quanto possível eles (os abusos e injustiças) sejam reparados através da Justiça (Lei e tribunais). Ora parece-me que é isso que acontece, de uma maneira geral, nos USA, ou não será assim? Existem sim muitas regiões do Globo em que os abusos e as injustiças são quotidianas, não existem leis, ou não funcionam, (Coreia do Norte, Birmânia, Sudão, Arábia, Irão, Síria, Somália, etc) e noutros países só há muito pouco tempo "isto" começou a ser encarado, Rússia, China, Afeganistão, Iraque, etc. "A morte dos direitos, liberdades e garantias" que, segundo o Alex, esta "lei vergonhosa" traduz é, como disse, uma posição extremista: anti-americanismo.

Alex disse...

Nunca pensei que desse tanta polémica este post! Primeiro acho que a maior parte dos comentários se refere ao post A decisão e não a este.
El Ranys, com toda a sinceridade, não me baralho com tão pouco.
Os meus apelos ao bom senso e ao cuidadinho são inconsequentes? Não sei se são. Também não espero que tenham! O que eu digo é uma evidência. Um produtor de média tem critérios editoriais. Ou não tem? Não se é livre de publicar ou não publicar o que se quer? Foi o que a senhora fez. Recebeu um telefonema anónimo, teve medo e suspendeu a ópera. Teve medo. É, infelizmente consequência desta guerra. O que eu digo é que os responsáveis têm que fazer o input da situação actual.
"O que me parece é que, para vencermos esta guerra, cada responsável terá que avaliar as consequências do que deixar publicar". Tu não concordas com isto? Ok, não concordas. Mas tens que aceitar que eu possa ter outra opinião. O que fiz com o Maomé e o Cristo foi a demonstração de que nem tudo é publicável.
O que tu não entendes do meu discurso redondinho e irresolúvel é que queres ver alguma coisa que não existe. Queres fazer algum processo de intenções, talvez pelo gosto da discussão!
"Porque a questão, verdadeiramente, é esta: eu acho que não devo ofender os católicos ou os muçulmanos, mas isso não me dá o direito de te proíbir de o fazer" Subscrevo. Completamente. Eu proíbi alguma coisa? Esta não entendo, estás-me a baralhar!
" Haverá sempre alguém disposto a ofender, a provocar. Devemos criticar quem o faz mas, sobretudo, quem procura manipular a provocação, conferindo-lhe contornos de assunto de Estado e de guerra de religiões e de civilizações" Mais uma vez subscrevo. E digo que, quem tem poder para evitar a provocação o deve fazer. Tu não concordas?
Haverá sempre alguém disposto a ofender, a provocar. Devemos criticar quem o faz mas, sobretudo, quem procura manipular a provocação, conferindo-lhe contornos de assunto de Estado e de guerra de religiões e de civilizações.
"É como o filme "Je te salut, Marie". Achei ridiculas as manifestações dos católicos na altura. Afinal, era tão simples: quem quisesse ver o filme, via. Quem não quisesse, não via. E seguíamos todos, amigos como dantes, quartel-general em Abrantes. Nunca, jamais, proibir o filme ou queimar o artista. O nosso valor supremo é o da tolerância face à pluralidade". Eu não entendo isto??????
Mas o que te leva a pensar isto? Só o tal processo de intenções.
Se não concordas comigo diz, mas não me ponhas a dizer ou a pensar o que eu não penso nem digo.
E já agora, quanto à lei anti-terrorismo, presumo que és a favor?
Aqui estamos em desacordo. E é esta contradição, por um lado a defesa da liberdade de expressão independentemente das suas consequências, e por outro o aceitar que se tirem os mais básicos direitos do cidadão que eu quis focar com este post.
Saúdinha

Alex disse...

Extremista? Essa é boa. Falou-se de muita coisa, em muitos blogs. Mas sobre esta lei não vi nada. E o escandâlo que houve pela suspensão da ópera e o silêncio pela aprovação desta lei é que me choca. Se nós, o Ocidente não podemos inclinarmo-nos perante a barbárie e portanto não podemos ter medo das nossas liberdades, eu também defendo que nos devemos comportar conforme os nossos valores. Abdicar deles é também inclinarmo-nos perante essa barbárie. E há mais exemplos. Em França, A Assembleia acabou de legislar no sentido de criminalizar quem defenda que não houve genocidio aos curdos na Turquia! Delito de opinião!? Eu defendo que temos que lutar esta guerra não abdicando dos principios básicos da nossa civilização e esta lei é, nitidamente uma lei que vai contra esses valores. Eu aceito que nesta guerra cedamos na privacidade, nomeadamente em buscas, acabar com sigilo bancário, escutas telefónicas, até com detenções, mas tortura? Detenção sem acusação e indefenidamente? Acho que é terrível, para a nossa autoridade moral.
Não digo que os USA não são Estado de Direito. Mas aprovou uma lei (que espero com outra Administração seja revogada) que vai contra o Estado de Direito.
E não percebo o que queres dizer quando falas da Birmânia,Arábia etc. Há mais países onde não há liberdade. Cuba por exemplo. O mundo está mal, mas nós, o Ocidente devemos lutar e acreditar que o mundo será melhor. Mas não com estas leis. Eu anti-americanista? E tu como te definirias? Sabes que há muitos americanos, talvez a maioria do povo americano que são contra esta lei. E isso não faz deles anti-americanos. Parece-me que estavas à espera de uma oportunidade de me chamares isso, depois da discussão sobre o Iraque...
Saúdibha

manolo disse...

Eh eh eh, foi uma provocação