PAI, NÃO PERDOES QUE ELES NÃO SABEM O QUE FAZEM !


Por despacho do Secretário de Estado da Educação, os alunos poderão repetir os exames finais do 12º ano de Fisica e Quimica sem perderem a hipótese de se candidatarem ao Ensino Superior na 1ª fase.
Justificam com as notas anormalmente baixas nestas disciplinas que têem novos programas.
A Associação de Pais munido de pareceres da Sociedade Portuguesa de Química e da Associação de Professores de Matemática (APM), que denunciaram a existência de «incorrecções nos enunciados, alguma confusão na formulação das perguntas e desajustamento entre o tempo estipulado para a realização da prova e o efectivamente necessário», exige que a repetição de exames se alargue às disciplinas de Matemática e Biologia.
A Comissão Nacional de Acesso ao Ensino Superior (CNAES) defende no que este regime excepcional possa ser alargado a todas as disciplinas, embora remeta para o ME qualquer decisão nesse sentido, «dado o impacto organizacional que poderá ter no seu âmbito».
O Ministério já veio dizer que em termos logistícos essa repetição de exames é impossível, no entanto, o Ministério manifesta-se «disponível para, em articulação com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, analisar» aquela proposta. O porta-voz do Ministério admite que o alargamento deste regime excepcional à generalidade dos estudantes possa acontecer já no próximo ano lectivo.
O que é isto ? Começa por haver incompetência na elaboração de exames ou na incapacidade de transmitir conhecimentos ou ainda desleixo de quem está a estudar para chegar à Universidade, ou ainda uma mistura das três coisas.
Qual é a solução para este somatório de incompetência, incapacidade e desleixo ? Não faz mal, repete-se tudo ! Começa-se tudo outra vez ! E parece que a coisa pode passar a ser a regra. Para o ano há sempre uma segunda oportunidade !
Qual é a mensagem de rigor, valorização do mérito, de responsabilização que se dá ?
Eu aguardo que os responsáveis por esta trapalhada sejam encontrados e punidos. Ou será que , mais uma vez, não há responsáveis ?
Ao contrário de Jesus, eu diria : Pai, não perdoes que eles não sabem o que fazem !
Saúdinha !

10 comentários:

Redus Maximus disse...

É uma absoluta vergonha!
Há três pontos que deviam ser firmemente analisados e os responsáveis punidos:
1 - As incorrecções nos exames. É indesculpável e deveria levar a despedimento.
2 - A diferença de nível de exigência em termos de exames do anopassado para este, em benefício dos que o ano passado não entraram e este ano tentam de novo com o prgrama antigo.
3 - Por último, mas talvez mais importante, a mudança de regras a meio do jogo.

Indesculpável e na sequência do conjunto de acções incompetentes que este ministério tem vindo a fazer nos últimos anos, desde o inesquecível e ridículo caso "Compta"...que mais nos reservará esta equipe maravilha!

Rantas disse...

Para lá das responsabilidades políticas que inevitavelmente existem aqui (nem que seja por solidariedade), creio que o "cancro" do Min. Educação não está nos políticos que lá estão, mas sim nos "técnicos".

Professores que não dão aulas há muitos anos.
Professores que gostam de inventar novas experiências com os alunos.
Professores, finalmente, que saem para a rua para protestar contra qualquer acção que lhes reduza os direitos, mas que não são tão consequentes quando se trata dos seus deveres básicos. Triste, não é?

Redus Maximus disse...

Parece-me demasiado redutor estar a associar o problema aos professores.
Os professores não têm culpa das alterações de programas e experiências pedagógicas. Os professores não têm culpa de não poderem chumbar os meninos. Os professores não têm culpa de não poderem por um aluno na rua, porque se o fizerem vêm metê-lo outra vez na sala de aula. Os professores não têm culpa das condições de trabalho que (não) lhes dão. A responsabilidade, na minha opinião está no facto de não haver uma política concertada, ou um rumo, relativamente à educação.
Usando um bocadinho da teoria da conspiração até diria que é muito bom para os colégios privadas que o ensino público esteja cada vez pior. De modo que é conveniente a muita gente com poder este deixa andar. Os professores são a parte fraca deste tema, apesar de naturalmente, também terem a sua quota parte de responsabilidade. O problema é, claramente, falta de liderança.

Rantas disse...

Parece-me que quem produziu os enunciados errados foram professores. Ou não?
A Ministra (ou o Sec. Estado, enfim) tomou uma decisão difícil e corajosa. O que me parece bom sinal de liderança.

Redus Maximus disse...

Quem faz os exames, normalmente, é um conjunto de ex-professores do secundário que estão a leccionar no ensino superior. Procurei na net uma listagem desse comité para este ano e não a encontrei. Quando a encontrar logo direi.
Quanto à decisão difícil que foi tomada pode ser um bom sinal de liderança e um bom augúrio para o futuro mas não deixa de ser um remendo pontual. Aquilo que eu refiro como problema maior é a falta de um rumo, de uma estratégia a médio/longo prazo. O desinvestimento que há na educação! Basta olhar para os orçamentos de estado dos últimos 10 anos. Como é óbvio há bons e maus professores. E que os professores são uma força sub aproveitada, também concordo. Mas a responsabilidade desta situação é, em primeira instância, de uma falta de liderança que não sabe aproveitar os recursos ao seu dispor. Como certamente concordarás. E cabe-nos a nós todos garantir que o ensino público continua e melhora a sua qualidade sob pena de não estarmos a dar à geração vindoura as mesmas oportunidades que nos foram dadas a nós.

Anónimo disse...

A culpa é do sistema (onde é que eu já ouvi isto?).

A melhor maneira de melhorar a qualidade do ensino publico é .... torná-lo menos público!

Redus Maximus disse...

De novo, a culpa não é do sistema. A culpa é precisamente a falta dele. Não há um rumo. E quando assim é anda-se à deriva.

Muito bem! o ensino menos público convém a quem? Já repararam como é que o ensino público está organizado em países que temos que ter como referência nesta matéria? Casos da Finlândia, Suíça, Alemanha?
Espero que o ensino público nos USA ou UK não seja considerado uma referência por vós...

Anónimo disse...

Obrigado pela deferencia do "vós" mas olha que eu sou muito terra-a-terra e podes mesmo tratar-me por "tu" (se por vós te referias aos meus co-bloggers acredita que a minha opiniao está longe de expressar qualquer opiniao consensual aqui do Merdex, o que aliás, claro, nao existe!)

Quanto aos rumos, caro Redus, nao partilho de todo a tua opiniao. O problema está precisamente no facto de que cada Governo, Ministro, Secretário de Estado, Delegado Regional e outros quejandos que vao passando pela nossa rica máquina administrativa quer marcar o rumo do que deve ser a educacao dos nossos jovens. A quantidade de reformas, reformas e mais reformas que já se fizeram neste sector desde que eu levei as minhas primeiras réguadas é um atentado à própria nocao de coerencia e bom-senso.

Deixa lá os rumos para quem melhor os sabe escolher; os encarregados de educacao. Que o Estado defina e controle os standards que devem ser atingidos nos diversos graus do ensino ainda posso concordar; que o Estado participe financeiramente para garantir que todos sem excepcao tenham direito a poder escolher o melhor sistema que sirva as suas caracteristicas particulares, sem dúvida (nao faz mais do que a sua obrigacao). Mais do que isso é mesmo pedir fruta (leia-se falta de rumo)!

Quanto aos sistemas de ensino dos outros paises lamento nao poder acompanhar completamente o teu raciocinio mas nao os conheco bem. Sem dúvida que os casos Finlandes, Suico e Alemao terao os seus méritos; nao me parece é que o USA e UK sejam assim tao maus como a leitura da tua última frase assim o parece indicar. É que afinal é destes dois malandros que saem a grande maioria dos cientistas, matemáticos, filósofos, historiadores, ..... que mais se afirmam por esse mundo fora (nota: esta afirmacao nao se baseia em nenhum dado estatistico mas é uma "wild guess" que eu facilmente arrisco a fazer!)

Um abraco

Alex disse...

A discussão fugiu um pouco do tema do post. Concordo que são as sucessivas "reformas" do sistema que conduzem a uma instabilidade nada benéfica para o sistema ou seja para a falta de rumo. Já não concordo quando o Harpic diz que são os encarregados de educação que devem dar o rumo. Hoje temos escolaridade obrigatória e mesmo assim há muitas crianças que trabalham em casa e no campo. Para muitos o filho não tem nada que ir à escola tem é que ficar a ajudar o pai no campo ou na fábrica. O que eu defendo é um sistema que introduza a concorrência entre as escolas. As melhores teriam mais alunos (acabava-se com a estupidez de se obrigar a pôr os alunos na escola da sua residência) e daí mais orçamento para contratar melhores professores e melhorar a sua estrutura. Defendo a escola pública embora julgue que pode e deve haver escolas privadas.
Saúdinha

Anónimo disse...

É usual e costumeiro utilizar o argumento de que há pais que acham que os filhos não devem ir à Escola para criticar um sistema onde sao os pais a decidir a melhor forma de educação para os filhos.

No entanto, caro Alex, já pensaste que se calhar muitos desses pais acham que os filhos não devem ir à Escola porque se calhar não encontram “nesta” escola a resposta para o que acham ser necessário para os seus filhos?

Achas que é ajustado ter o mesmo currículo implementado indiferenciadamente por todo o país apesar das óbvias diferenças entre os jovens das várias regiões (entre jovens de meios urbanos e jovens de meios rurais, por exemplo)?

O Estado que defina as competências que os jovens devem atingir (até posso admitir que de forma obrigatória) mas deixe aos pais a escolha da melhor forma de as atingir.

Quanto às escolas públicas, se por elas entendes escolas financiadas pelo Estado, claro que concordo (já o disse), se isso implica que as Escolas também sejam geridas pelo Estado, aí de novo não!

Saudinha para ti também