A FELIZ COINCIDÊNCIA


Merdex cumprimenta e felicita Cavaco Silva e Sócrates, pela feliz coincidência da tomada de posse do Presidente e pelo aniversário do governo do Primeiro-Ministro. Penso de facto, que se trata de uma feliz coincidência que pode dar esperança a este povo.
A entrada de Cavaco, com clara vitória, e o conhecimento de que só há eleições por daqui a três anos, pode fazer com que as vontades unidas de Cavaco e Sócrates transformem seriamente o nosso país.
Sem querer alongar-me, julgo que é consensual que Sócrates tem boas intenções. Até penso que, nesse aspecto é uma continuação das boas intenções do governo Guterres. A grande diferença é que se aprendeu com com os erros de Guterres.
Apesar de considerar que se perdeu uma excelente oportunidade de fazerem reformas de alto a baixo e alguns embaraços (de que o aumento do IVA foi o pior) este 1º ano de governo Sócrates apresenta-se determinado e com ideias.
-Combateu interesses corporativistas retirando benefícios injustificados e indefensáveis, com uma cultura de mais exigência (alguns exemplos : hoje já compramos Halibut, Cêgripe, Reumon Gel, etc no Continente a preços mais baixos que nas farmácias, acabou a duplicação de sistemas de assistência na Saúde, uniformizou-se a idade da reforma, retirou-se alguns privilégios à classe política, etc).
-Apresentou um plano em Bruxelas para cumprir a meta dos 3% sem receitas extraordinárias nem desorçamentação. Não deixamos de combater o déficit mas sem hipotecar a Economia. Além disso recuperou muito dinheiro da fuga aos impostos. Vão agora publicar os nomes dos maiores devedores !
-A ideia do plano Tecnológico é boa. E é fundamental para o país ! A qualificação dos Portugueses é vital ! É uma questão de sobrevivência. E os passos dados no Ensino também reflectem uma boa cultura : Inglês no ensino básico, horários completos, aulas de substituição, estabilidade nos corpos docentes das escolas, formação tecnológica aos professores... São tudo boas intenções !
-A politica de investimentos estrangeiros, em áreas que interessam a Portugal, a simplificação administrativa, o investimento social, anunciados investimentos de 450 M€ com o dinheiro do Euromilhões, o subsidio aos idosos necessitados... Tudo boas intenções.
Os maiores desastres deste 1º ano de governo foram a falta de explicações convincentes para a localização do novo aeoroporto, a necessidade das linhas programadas de TGV e a reacção deprimente do nosso governo à crise das caricaturas.
No balanço possível (José Gil afirma que não há balanço de um ano), a minha opinião é que Sócrates justifica o benefício da dúvida e até o nosso aplauso. Sente-se que pode ser o "É agora".
Mas dizia eu que acredito que possa ser uma feliz coincidência a conjugação deste balanço com a entrada de Cavaco como Presidente. Pode-se esperar uma paz positiva e "pró-activa" entre os dois.
Na posse, Cavaco esteve em grande. No seu discurso transmite a ideia de responsabilização individual, da necessidade de trabalho, de seriedade e de confiança.
Os cinco temas que elege como objectivos são concretos :
- Cresciemnto da Economia
- Qualificação dos Recursos Humanos
- Reforma da Justiça
- Sustentabilidade da Segurança Social
- Credibilizar a classe política.
Cavaco acertou na mouche ! Estamos todos com ele.

Assim, e apesar de por diversas vezes ter referido o meu pessimismo acerca do futuro de Portugal, e como também pensar que esta é a última oportunidade da III República, estou confiante nesta dupla.
Os tempos são difíceis, nacional e internacionalmente mas estou convencido que se houver algo que se possa fazer por Portugal, estes dois vão-no fazer.

PS Caio Mário, na tomada de posse do novo Presidente esteve...ao nível de Caio Mário.

Saúdinha

2 comentários:

manolo disse...

Também sou da mesma opinião. Existe algum crédito, que se verifica pelas sondagens em que Sócrates está bem posicionado. Penso que os portugueses estão dispostos a fazer sacrifícios se verificarem que vale a pena, que as medidas são de facto capazes de resolver as grandes questões. Como Cavaco também está a remar para o mesmo lado (embora haja desconfianças que se prepara para um golpe palaciano dentro de 2 anos, mas isso são os eternos, "quanto pior, melhor") Portugal pode estar a iniciar um tempo de recuperação. Mas o caminho é longo e cheio de armadilhas... Já agora, quero também expressar elogios à liderança do PSD, de Marques Mendes, que tem 3 anos de oposição à sua frente, mas que conseguiu já ganhar uma credibilidade que é positiva para o sistema.

Rantas disse...

Os meus comentários:

- Sócrates está em estado de graça e tem feito por isso. Apesar de ter aumentado os impostos, mesmo depois de prometer na campanha eleitoral que não o iria fazer, mesmo depois de afrontar duramente algumas classes profissionais, tem demonstrado rigor e que tem um rumo traçado. Concordo também com a tua análise dos "pontos negros" do 1º ano, acrescentando ainda mais dois: a demissão e a nomeação da admn. da CGD e o flop em que se transformou a lei dos privilégios dos titulares de cargos políticos. Outros pontos positivos: os investimentos estrangeiros de que se fala, o MIT, o Bill Gates. Faz-nos brilhar os olhos. Mais coisas extremamente positivas: as simplificações administrativas: redução do nº freguesias, substituição de 18 governos civis por 5 regiões, o cartão único 5 em 1, etc.

- Cavaco tem um papel importante a desempenhar ao permitir que Sócrates possa prosseguir o bom caminho que traçou. Pessoalmente considero que Cavaco está um pouco baralhado quanto aos seus poderes. Os 5 temas que elegeu estão recheados de questões que são alcançáveis por quem detém o poder executivo, que não é o caso dele. Os poderes do PR são um pouco mais circunscrito. Isto poderá funcionar enquanto existir um alinhamento total entre Cavaco e Sócrates, mas quando isso deixar de suceder, pode haver amargos de boca.

- Mário Soares foi deselegante na tomada de posse, é o soundbyte que ficou. Sem negar essa "verdade", permito-me adiantar dois apontamentos:
1. MS esteve presente na tomada de posse de CS; há 10 anos atrás, CS recusou-se a presenciar a tomada de posse de JS. Quem tem mais mau perder?
2. É fácil apontar o dedo a MS por não ter apertado a mão a CS. Há que lembrar aquilo com que nos martelaram a cabeça durante largos meses: MS tem mais de 80 anos. Isso é inquestionável. CS teve sessões de "passou-bens" que excederam os 4.000 agraciados. MS recusou-se a estar umas horas de pé numa fila para cumprimentar CS. É censurável? É capaz. Mas é, sem sombra de dúvida, mais compreensível.