A Europa está numa encruzilhada histórica. As decisões que esta geração tomar terão repercussões permanentes. Nesta altura pode-se prever que a Turquia entre na União Europeia em 2015 ou 2020. As negociações são muito difíceis. Acabar com a preponderância militar na resolução de questões da politica nacional; a forma como são respeitados os Direitos do Homem, as relações com as minorias étnicas e a questão do Chipre são um entrave à adesão.
A dinâmica das negociações conduzirá, certamente, a uma solução para a questão de Chipre, mas é absolutamente necessário um sinal da Turquia. Não é politicamente aceitável que um Estado abra negociações para a adesão à União Europeia sem reconhecer todos os Estados membros dessa União. Um outro sinal, talvez mais difícil, é igualmente necessário. Um gesto sobre o genocídio arménio de 1915. Não se constrói o futuro sobre a negação do passado. A democratização e a construção europeia exigem o assumir e a reconciliação com a História. A nova Alemanha soube fazê-lo com o regime nazi, a nova Turquia deve fazê-lo com o Império Otomano.
Esta questão já se tornou tema de campanha eleitoral na Alemanha, na Áustria, na Hungria, Chipre e em outros países da Europa e influenciou os referendos sobre o Tratado Constitucional em França e na Holanda. Durante a Presidência holandesa restrições à circulação de trabalhadores no território comunitário.na forma de «cláusulas permanentes de salvaguarda» foram impostas na negociação.
Para a União seria bem melhor que os turcos formassem um bloco “amigo”, com outros países muçulmanos da bacia do Mediterrâneo (como Marrocos, a Tunísia e outros) e aceitassem fazer parte de uma união exterior com a Europa, o que criaria um espaço económico comum e uma área de influência europeia (fundada nos valores do respeito pela liberdade, da democracia e do Estado de direito) sem que esses países participassem efectivamente das decisões do núcleo de poder europeu.
Serão esses os interesses turcos? Sabemos que a entrada turca na União Europeia será, no máximo, tolerada, e que os turcos são “convidados” indesejados. Eles insistem na sua candidatura pois pertencer à União Europeia significa fazer parte de um dos mais bem sucedidos processos de integração de sociedades e economias das últimas décadas. Os turcos teriam acesso ao mercado europeu (já estão bastante inseridos), e teriam fundos de apoio e ligação a uma moeda forte, o euro, com todas as vantagens daí decorrentes.
Argumentos contra são muito fortes: 1. geografia; a Turquia é essencialmente asiática (Anatólia), embora com um pé na Europa (Trácia). 2. a economia turca ainda é subdesenvolvida e vai representar uma despesa pesada nos recursos da União; 3. No campo político, o seu histórico negativo de direitos humanos especialmente relativo às minorias étnicas, como os curdos mostra que os militares ainda dominam áreas do poder; 4. o sistema político e de justiça (tribunais com censura e prisão) não é aceitável; 5. demograficamente em poucos anos, a Turquia será o país mais populoso da União, superando a Alemanha, o que romperia todos os equilíbrios de poder dentro da Europa e seria visto, por muitos, como uma nova conquista otomana do velho continente. Evidentemente o caso turco tem um agravante maior: o facto dos turcos não serem racialmente europeus (brancos) e nem cristãos.
Penso que a geografia deve pesar e a Europa, possivelmente, se definirá como “A Casa das Nações de origens cristãs e ocidentais, e laicas, defensoras do desenvolvimento económico, da democracia e dos direitos humanos, mas restrita ao espaço entre os Urais e o Atlântico”. A Turquia está exactamente no limite máximo desta definição e se a aceitar, seria uma fronteira para o Médio Oriente. Seria talvez melhor que os turcos aceitassem o papel de “ponte” entre a União Europeia e o mundo islâmico como disse atrás, mas isso dependerá das negociações e compromissos a alcançar.
Se a União Europeia não iniciasse negociações estaria a voltar as costas a uma tentativa séria de consolidação da democracia num país muçulmano e laico, quando o que é preciso demonstrar é que as sociedades islâmicas não estão condenadas nem ao despotismo nem ao terrorismo. Que é possível um Islão tolerante, limitado à esfera privada e compatível com a democracia. Não será isso o fundamental e o grande passo histórico da Europa?
É uma aliança de civilizações contra o obscurantismo, o radicalismo islâmico e o terrorismo da Jihad. Para os europeus, na verdade, seria conveniente deixar esse problema em aberto ainda por algum tempo. Mas sendo talvez um mal menor e necessário, a prazo teremos a Turquia na União.
A grande questão, a meu ver, é defender que apesar das desvantagens, vale a pena tentar absorver a Turquia ao contrário de considerar que, apesar das vantagens potenciais, é melhor mantê-la fora. Queiram eles transformar-se e assumirem esta aliança.
A dinâmica das negociações conduzirá, certamente, a uma solução para a questão de Chipre, mas é absolutamente necessário um sinal da Turquia. Não é politicamente aceitável que um Estado abra negociações para a adesão à União Europeia sem reconhecer todos os Estados membros dessa União. Um outro sinal, talvez mais difícil, é igualmente necessário. Um gesto sobre o genocídio arménio de 1915. Não se constrói o futuro sobre a negação do passado. A democratização e a construção europeia exigem o assumir e a reconciliação com a História. A nova Alemanha soube fazê-lo com o regime nazi, a nova Turquia deve fazê-lo com o Império Otomano.
Esta questão já se tornou tema de campanha eleitoral na Alemanha, na Áustria, na Hungria, Chipre e em outros países da Europa e influenciou os referendos sobre o Tratado Constitucional em França e na Holanda. Durante a Presidência holandesa restrições à circulação de trabalhadores no território comunitário.na forma de «cláusulas permanentes de salvaguarda» foram impostas na negociação.
Para a União seria bem melhor que os turcos formassem um bloco “amigo”, com outros países muçulmanos da bacia do Mediterrâneo (como Marrocos, a Tunísia e outros) e aceitassem fazer parte de uma união exterior com a Europa, o que criaria um espaço económico comum e uma área de influência europeia (fundada nos valores do respeito pela liberdade, da democracia e do Estado de direito) sem que esses países participassem efectivamente das decisões do núcleo de poder europeu.
Serão esses os interesses turcos? Sabemos que a entrada turca na União Europeia será, no máximo, tolerada, e que os turcos são “convidados” indesejados. Eles insistem na sua candidatura pois pertencer à União Europeia significa fazer parte de um dos mais bem sucedidos processos de integração de sociedades e economias das últimas décadas. Os turcos teriam acesso ao mercado europeu (já estão bastante inseridos), e teriam fundos de apoio e ligação a uma moeda forte, o euro, com todas as vantagens daí decorrentes.
Argumentos contra são muito fortes: 1. geografia; a Turquia é essencialmente asiática (Anatólia), embora com um pé na Europa (Trácia). 2. a economia turca ainda é subdesenvolvida e vai representar uma despesa pesada nos recursos da União; 3. No campo político, o seu histórico negativo de direitos humanos especialmente relativo às minorias étnicas, como os curdos mostra que os militares ainda dominam áreas do poder; 4. o sistema político e de justiça (tribunais com censura e prisão) não é aceitável; 5. demograficamente em poucos anos, a Turquia será o país mais populoso da União, superando a Alemanha, o que romperia todos os equilíbrios de poder dentro da Europa e seria visto, por muitos, como uma nova conquista otomana do velho continente. Evidentemente o caso turco tem um agravante maior: o facto dos turcos não serem racialmente europeus (brancos) e nem cristãos.
Penso que a geografia deve pesar e a Europa, possivelmente, se definirá como “A Casa das Nações de origens cristãs e ocidentais, e laicas, defensoras do desenvolvimento económico, da democracia e dos direitos humanos, mas restrita ao espaço entre os Urais e o Atlântico”. A Turquia está exactamente no limite máximo desta definição e se a aceitar, seria uma fronteira para o Médio Oriente. Seria talvez melhor que os turcos aceitassem o papel de “ponte” entre a União Europeia e o mundo islâmico como disse atrás, mas isso dependerá das negociações e compromissos a alcançar.
Se a União Europeia não iniciasse negociações estaria a voltar as costas a uma tentativa séria de consolidação da democracia num país muçulmano e laico, quando o que é preciso demonstrar é que as sociedades islâmicas não estão condenadas nem ao despotismo nem ao terrorismo. Que é possível um Islão tolerante, limitado à esfera privada e compatível com a democracia. Não será isso o fundamental e o grande passo histórico da Europa?
É uma aliança de civilizações contra o obscurantismo, o radicalismo islâmico e o terrorismo da Jihad. Para os europeus, na verdade, seria conveniente deixar esse problema em aberto ainda por algum tempo. Mas sendo talvez um mal menor e necessário, a prazo teremos a Turquia na União.
A grande questão, a meu ver, é defender que apesar das desvantagens, vale a pena tentar absorver a Turquia ao contrário de considerar que, apesar das vantagens potenciais, é melhor mantê-la fora. Queiram eles transformar-se e assumirem esta aliança.
3 comentários:
Não sei exactamente em que moldes, se como membro de pleno direito ou se numa "liga associada", mas julgo que é essencial que a Turquia fique ligada à Comunidade Europeia. Para bem deles e para bem nosso. Não concordo com as restrições geográficas ao conceito da União Europeia, muito menos com as religiosas ou com as culturais. Pode ser a chave para a saída do impasse que existe actualmente e que aparenta não deixar qualquer alternativa digna aos muçulmanos que não seja o fundamentalismo, o radicalismo, o terrorismo.
Julgo que a Turquia não deve integrar a União Europeia. Pela simples razão que não são europeus.
Julgo que seria bom para a paz e para o desenvolvimento mundial, e para a ponte com o mundo islâmico, se pudesse haver uma relação priveligiada entre a União e a Turquia. Que se estabelecessem protocolos e acordos para o desenvolvimento, crescimento, a par com as liberdades e direitos, assim como incentivos ao estabelecimento da Democracia com todos as obrigações.
A Europa nunca estará preparada para aceitar os milhões de turcos pudessem ser cidadãos europeus e isso poderia criar problemas muito sérios de segurança.
Fomente-se o seu desenvolvimento e apoie-se o estabelecimento de mercados preferenciais, com a Turquia e com outros países do mediterrâneo e do Médio Oriente.
A entrada da Turquia na União Europeia não faria a Turquia tornar-se rica, e traria muitos problemas aos europeus e até, por expectativas goradas aos próprios turcos.
Saúdinha
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