CAIO MÁRIO


Caio Mário viveu no primeiro século antes de Cristo, no tempo da República de Roma. Não tinha origem aristocrática, mas foi o Primeiro Homem de Roma. Provinciano de Arpino apenas chegou a senador através do casamento com uma Patricia, da gens Julio, uma das familias mais antigas de Roma.

Grande Chefe militar fez a campanha da Numidia, capturando o rei Jugurta e tornando o Norte de África uma provincia de Roma. Depois, defendeu Roma dos ataques dos Cimbrios e dos Teutões, sendo adorado pelos seus soldados e invejado pelas mais conservadoras familias Romanas. Em Áfica terá consultado uma "bruxa" que previu que Caio Mário seria cônsul sete vezes. Nesse tempo, a tradição, era a de que alguém só era cônsul um ano!

De facto, Caio Mário foi cônsul seis anos seguidos, pois era o único que podia derrotar os Germanos e Gauleses. Foi eleito várias vezes in absentia, coisa rara nessa época.

Foi o Primeiro Homem de Roma. A par das campanhas que desenvolveu e que tornaram Roma Grande, foi o autor de grandes reformas do Estado. Os seus exércitos eram capitte censi, ou seja não possuiam terras nem dinheiro, e Caio Mário deu-lhes terras, depois de desmobilizar, terras dos países que ocupara. Isto foi uma revolução, pretendia evitar problemas sociais com esses legionários depois de cumprirem a sua missão, poupou o tesouro de Roma e espalhou a maneira de ser Romana pelo mundo. Fez muitas outras reformas através de seus tribunos na Assembleia da Plebe. Este Italiano foi decididamente o terceiro Fundador de Roma.

Já afastado, por uma trombose, era respeitado pelo povo e até pelas familias patricias. No tempo da Guerra Italiana, chamado a comandar um exército teve outra trombose. Foi acompanhado pelo seu sobrinho, Caio Julio César, futuro César, na altura com 11 anos. Ensinou muito ao seu sobrinho.

Mais tarde, quando Sila era cônsul, e o Rei Mitridates do Ponto, invadiu a provincia da Ásia, Sila preparou-se para combater, tendo mobilizado as legiões que tinham sido de Mário, este conspirou para ser retirado o consulado a Sila e ir ele, como Comandante, para a Ásia. Fazendo fé no que a feiticeira africana tinha previsto, Mário queria ser cônsul pela sétima vez. Iniciou uma guerra civil, usando um exército de escravos e libertos, marchou sobre Roma, onde se fez eleger cônsul. Foi um consulado de apenas uns dias. Mas dias de verdadeiro inferno. Foi uma carnificina total. Senadores foram mortos e as suas cabeças espetadas em paus e mostradas à populaça no Fórum. Depois teve um ataque e morreu.

Lembrei-me desta história ao pensar no nosso Mário. Na minha opinião, Mário Soares ficou ligado à História do nosso país do séc. XX. É, para mim, indiscutível que teve um papel importante na luta contra o antigo regime, na luta pela Democracia e Liberdade contra a ideia da revolução comunista, na entrada do país na União Europeia (na altura Comunidade Europeia), foi ele, ou os seus governos, que salvaram o país da bancarrota através dos acordos com o FMI. Finalmente, estou convencido que foi o grande arquitecto da função presidencial através de dois mandatos que uniram os Portugueses. Era uma figura da Nação, a sua opinião sempre escutada e merecedora de todo o respeito da Pátria.

Agora, candidatou-se... Terá alguma velha bruxa dito que ele seria presidente pela terceira vez ?... Considera-se ele o Pai da Nação, o Único, o Poderoso ? A arrogância chega a tal ponto que não quer dar espaço a ninguém, ofuscado pelo seu brilho não percebe que o seu tempo passou...

Tão obcecado pela sua pessoa, não entenderá que perdeu toda a Dignitas e o seu Cursus Honoris ! Ah, Caio Mário !!

Saúdinha !

2 comentários:

Rantas disse...

Não concordo com a comparação entre a loucura do final da vida de Caio Mário e a candidatura de Mário Soares.
Existirão muitas razões para não votar em Soares. Eu próprio, que tenciono votar nele, reconheço algumas.
Esta não é uma delas.
Julgo que a discussão se deveria manter em aspectos racionais e não de medos. Medos de revanchismo, de regresso da ditadura, de frentismo, do que seja. Enquanto não formos recionais e correctos a discutir estes assuntos, não poderemos exigir aos nossos lídimos representantes que o sejam.
Acredito firmemente que a História nos oferece lições de grande valia para evitar erros do passado. Creio que este exemplo com mais de 2000 anos não se aplica a Soares.
Mas está gira a ideia, concedo :-)

manolo disse...

Penso que o Soares tem estado particularmente mal. Comentando a morte de um militar português no Afeganistão, ele recorda que em tempos escreveu contra a participação de Portugal... quando estamos em missão de manutenção de Paz a pedido das Nações Unidas no respeito pelo Direito Internacional e, convenhamos, não veio nada a propósito. Outra foi o de afirmar que o "economicismo" vem pôr em causa os direitos sociais, quando todos sabem (e ele deveria sabê-lo) o sistema, se não se reduzirem despesas é insolúvel, o que significa que para manter um Estado Social (nos mínimos) é necessário, agora, ceder alguns direitos