Oportunidades perdidas da História

Em várias discussões que se prolongam “eternamente” há um tema que é recorrente: houve acontecimentos, acasos, contingências na História de Portugal que nos fizeram o país que somos, tão grande que queríamos ser e tão pequenos nos tornámos. “Se não fosse o primeiro de Dezembro de 1640…”, hoje continuaríamos a ser tão portugueses como somos, mas, porventura com o nível que os espanhóis hoje têm. Na altura filipina, na aliança dos habsburgos, (Carlos V), quando conseguimos a independência (e a guerra com Espanha e o Império) pedimos ajuda aos seus inimigos (Inglaterra, Holanda e França) e o que conseguimos foi apenas tréguas a troco dos nossos interesses comerciais (Brasil, África etc). Outra oportunidade perdida, terá sido o não termos resolvido politicamente o conflito com as colónias (Angola e Moçambique) durante a longa guerra colonial. E tivemos essa hipótese. Como teria sido?
Mas o acontecimento, para mim mais dramático, que maior influência terá tido para o não-desenvolvimento de Portugal foi toda a epopeia dos judeus portugueses. Vem isto a propósito dos 500 anos do progrom de Lisboa, em que cerca de 4000 cristãos-novos foram chacinados pela populaça durante 3 dias em Abril 1506. Neste post pode ler-se a história, que é “romanceada” por Richard Zimmler no seu magnifico “O último Cabalista de Lisboa”. Os tempos eram outros e o Obscurantismo com todo o seu vigor impunha-se à razão. Os reis Católicos, em 1492 tinham decretado a expulsão dos judeus de Aragão e Castela provocando uma “invasão” em Portugal. Cerca de 100 000 foram autorizados por D. João II, a troco de altas quantias ou a redução à escravatura. Em 1496 também D. Manuel os quis expulsar (na sequência de negociações, que já vinham de trás para o casamento do filho de D. João II, D. Afonso o tal que morreu ao cair do cavalo…) mas face aos prejuízos (enormes quantias pagas pelos judeus e saída de milhares dos melhores artesãos) optou pelo baptismo forçado dos filhos e proibiu a saída dos judeus de Portugal. Esta fractura entre cristão-novos e velhos influenciou até muito tarde a consciência nacional. (mentalidade do cristão-velho, detentor da verdade, inimigo da inovação, dogmático e repressivo e a mentalidade do cristão-novo, dissimulado, acossado, intimamente revoltado, não solidário com a comunidade nacional). D. Manuel concede 20 anos para os novos cristãos “à força” perderem os seus costumes. O estabelecimento do tribunal da Inquisição em Portugal apressa a emigração furtiva dos judeus, já no contexto repressivo da Contra-Reforma. Os autos de fé (generalizam grande terror e medo).
Muitos dos “fugidos” irão para os Países Baixos, Flandres etc. E esses países, com o contributo desta gente, a par das reformas protestantes, elevaram-se ao estatuto de grandes potências que são ainda, enquanto nós… vamos definhando. Como seria Portugal, caso os judeus cá pudessem ter vivido e trabalhado livremente? Ninguém sabe, mas foi, para mim uma oportunidade perdida.

Esta semana vou estar assim

Cronicazex

Chegar ao Luxemburgo é como chegar a casa: no hotel é o simpático Manuel que me faz o check-in e de manha ao pequeno-almoço é a enérgica Linda que me oferece uma bela taça de café. Depois do almoço a bica na Cantina é tirada pelo Shor. Jacinto e na inevitável visita ao supermercado para comprar mercadoria Portuguesa a preços acessíveis é a Manuela que me regista o Terras d’el Rei a 2.75€ e o Periquita a 3.42€.

Para onde quer que me vire há gente a falar a língua de Camões, e mesmo não falando não passa despercebido o “ar mediterrânico” de muitos moços, moçoilas, senhores e senhoras que se passeiam pelo centro comercial.

É um facto pouco referido, mas o país mais rico da União Europeia assenta sobre uma população activa com cerca de 40% de Portugueses.

E esta hein!

Democracia Directa

Fechamos aqui a rubrica Democracia Directa. O Merdex agradece a todos os seus leitores que colaboraram nesta iniciativa de grande sucesso (numa das sondagens chegamos a ter 9 votos!) e promete que num futuro próximo vos irá propor novas actividades que vos permitam continuar a participar de uma forma activa na vida política nacional.

Assim, e com base nos resultados das sondagens que aqui foram feitas, segue a seguinte missiva para o Eng. José Sócrates, Primeiro-Ministro de Portugal:

Exmo.Senhor. Engenheiro José Sócrates,

Os leitores do Merdex exigem que V.Exa. dê prioridade às reformas nas áreas da Administração Pública e da Justiça. Queremos também que, de uma forma geral, faca o necessário para diminuir o peso do Estado na economia nacional e que, assim que puder, reduza os impostos sobre as empresas.

Deverá também V.Exa. instruir o seu Ministro dos Negócios Estrangeiros para intensificar todas as medidas que vão no sentido de orientar a nossa política Europeia em direcção ao reforço do Federalismo Europeu.

Na área do Ensino intimamos V.Exa. a dar um maior grau de independência às entidades nucleares (escolas, institutos, universidades, etc…) e em paralelo deverá implementar um sistema tipo ‘vauchers’ por forma a garantir o acesso aos estudantes que necessitem de apoio financeiro.

Certos de que V.Exa. não deixará de nos obsequiar com o cumprimento destas nossas exigências subscrevemo-nos entretanto com elevada estima e consideração.

Os leitores do Merdex

O SUCESSOR

Está encontrado o sucessor do Herman.
Já foi tratado o tema da geração Herman e a lufada de ar fresco que ele representou quando apareceu e durante a primeira fase da sua carreira antes de se tornar aquela figura esquisita que é hoje.
Vi o segundo episódio da série que passa na RTP dos Gato Fedorento.
Fiquei siderado !
Eles são bons ! Mesmo muitos bons !
Humor, digamos, bem-humorado .
Certeiro, divertido, amoral, com ritmo, inteligente, é de ir às lágrimas.
Aconselho vivamente.
Saúdinha