UM MAU SINAL


Quase toda a gente em Portugal, quando fica doente, vai às urgências. Julgo que a grande maioria aceita que é preciso alterar este conceito de urgência, haver outros graus de cuidados de saúde, pois é impossível que tudo sejam urgências. É verdade que se vai tentando alterar isso, na triagem muita gente é recambiada para o SAP, mas é evidente que é necessário mudar mesmo.
Essa vontade política surgiu e o governo encarregou uma comissão de peritos de estudar a coisa e propor uma solução. Formou-se a comissão de requalificação da rede de urgências, cujo relatório só tenho ouvido dizer bem. As intenções do governo foram conhecidas e, imediatamente, começou a contestação. As populações vieram para as ruas protestando contra o fecho das suas urgências e os autarcas abriram a guerra ao governo central.
Depois de o ministro ter sido pouco diplomático, e o clima de guerra subir de nível, Sócrates tomou conta do assunto e no outro dia, estava Correia de Campos a assinar acordos com várias Câmaras.
Não conheço esses acordos, nem conheço a rede actual e a rede de urgências proposta.
Mas sei que qualquer mudança, qualquer reforma séria e profunda gera muita contestação. Mas que se o governo tiver a certeza das suas decisões, se estiver estudado bem o problema, não pode recuar, em prejuízo do país.
E depois de ter visto o governo de Sócrates ter aguentado o fecho de escolas, de maternidades, da idade de aposentação, das aulas de substituição, das finanças locais e regionais, das férias judiciais, do estatuto da carreira docente, etc, e sempre com tanta contestação na rua, parece-me um mau sinal este aparente recuo.
É o tempo de se fazerem reformas! Ninguém perdoará mais uma oportunidade perdida.
Saúdinha
PS A próxima guerra vai ser a contestação à reforma das forças de segurança interna.