O ECOFIN decidiu que tem que dar o visto prévio aos orçamentos nacionais. Felizmente que cada vez mais vamos sendo governados pela União Europeia. É a nossa última esperança.
Saúdinha
MONSTRUOSIDADE
Fernando Nobre é Mudança
Fiquei surpreendido de forma estimulante quando ouvi anunciar que Fernando Nobre se ia candidatar. Acredito que muitos portugueses tiveram a mesma sensação. Algo de novo e bom se pode estar a passar. O presidente e fundador da AMI vem da “sociedade civil”, ou seja da sociedade de cidadãos, onde tem a sua carreira (exemplar, ao que sabemos) ligada à Saúde e à Solidariedade. A AMI actua a nível mundial e onde é realmente necessária. À primeira vista tem um potencial de mudança no sentido positivo: temos que perceber, de uma vez por todas , que Portugal depende de nós, todos nós.
A classe politica perdeu toda a credibilidade; a sociedade de economia, tem os números de crescimento, deficit e endividamento que se conhecem (ler Medina Carreira) e o futuro, hoje, parece negro. A vergonha dos sucessivos casos da Justiça, das grandes empresas chupistas do Estado, da falta de pudor das negociatas financeiras, das obscenas amplitudes de quem tem demais e de quem tem de menos ilustra a actual situação do País. Continuamos a esperar que alguém nos resolva problemas, ou pelo menos que alguém (sempre o Estado) seja responsabilizado por isso. Para mim é claro que as elites portuguesas, as que detêm o poder, são um espelho da sociedade de cidadãos que não (ainda) somos.
O que tenho esperança é que a mensagem para o sistema de partidos seja entendida: se Fernando Nobre fosse eleito ficava provado que, é possível que os melhores de nós em cada actividade seja “seleccionado” pelos seus pares. Imagine-se o que se seria se os bons professores tivessem poder real para transformar as escolas, os juízes mais sábios é que influenciavam a administração da Justiça, os empresários mais capazes de produzir riqueza e emprego tenham acesso a oportunidades, pois os banqueiros visionários investem com assertividade, etc, etc, os jornalistas isentos e mais profundos eram os mais respeitados, e por aí fora… E, sobretudo, aqueles homens e mulheres mais extraordinários na procura de soluções para resolver problemas desta sociedade de cidadãos, os que põem o bem público acima do interesse próprio, que sabem ter esperança e transmitir motivação aos cidadãos, para “arregaçar mangas”, esses seriam seleccionados dentro dos partidos, para formar a classe politica que Portugal, hoje, não tem.
Fernando Nobre pode representar essa mudança: os partidos têm que se transformar: devem ser laboratórios de ideias para definir as prioridades dos Estado, e, sobretudo, como é que a “tal” sociedade da economia dos cidadãos, da opinião pública, da participação cívica, das associações se pode desenvolver, independentemente do Estado. Só quando esta “tal” sociedade (que tem que apontar para maior produtividade, ou seja formação / tecnologia, e virada para a exportação, muito para os novos campos da riqueza: as energias, o mar, comunicações, saúde e biologia, num mercado quase ilimitado e onde o espaço-tempo “desapareceu” através da Internet), quando todos nós, dizia, fizermos “o nosso dever”, fazer como deve ser feito, então o sistema funciona: apura os melhor preparados, a todos os níveis, os altos e os baixos. É democracia individual: respeitar os outros, contarmos uns com os outros, assumir responsabilidade, participar, tomar decisões e fazer escolhas. E ser leal, mesmo perdendo e errando, com a opinião da maioria.
“O Medo de existir” dos portugueses tem que ser vencido. Naturalmente à custa dos próprios portugueses (who else?). Daquilo que dependesse de nós, que é aparecerem as tais classes politicas* e as elites em todos os campos, (no fundo toda a sociedade), para vencer esse tal medo, penso que votar no Fernando Nobre é um passo no sentido correcto.
Sei bem que há momentos em que todo um povo acredita, e esse é de facto o papel dos políticos importantes. Não que vá mudar aspectos de natureza institucional, o papel do Presidente está perfeitamente definido, mas a vaga que pode desencadear é que foi o meu pressentimento quando ouvia a notícia.
* que até resolvessem a maior causa de revolta que é a desequilibradíssima distribuição da riqueza
A classe politica perdeu toda a credibilidade; a sociedade de economia, tem os números de crescimento, deficit e endividamento que se conhecem (ler Medina Carreira) e o futuro, hoje, parece negro. A vergonha dos sucessivos casos da Justiça, das grandes empresas chupistas do Estado, da falta de pudor das negociatas financeiras, das obscenas amplitudes de quem tem demais e de quem tem de menos ilustra a actual situação do País. Continuamos a esperar que alguém nos resolva problemas, ou pelo menos que alguém (sempre o Estado) seja responsabilizado por isso. Para mim é claro que as elites portuguesas, as que detêm o poder, são um espelho da sociedade de cidadãos que não (ainda) somos.
O que tenho esperança é que a mensagem para o sistema de partidos seja entendida: se Fernando Nobre fosse eleito ficava provado que, é possível que os melhores de nós em cada actividade seja “seleccionado” pelos seus pares. Imagine-se o que se seria se os bons professores tivessem poder real para transformar as escolas, os juízes mais sábios é que influenciavam a administração da Justiça, os empresários mais capazes de produzir riqueza e emprego tenham acesso a oportunidades, pois os banqueiros visionários investem com assertividade, etc, etc, os jornalistas isentos e mais profundos eram os mais respeitados, e por aí fora… E, sobretudo, aqueles homens e mulheres mais extraordinários na procura de soluções para resolver problemas desta sociedade de cidadãos, os que põem o bem público acima do interesse próprio, que sabem ter esperança e transmitir motivação aos cidadãos, para “arregaçar mangas”, esses seriam seleccionados dentro dos partidos, para formar a classe politica que Portugal, hoje, não tem.
Fernando Nobre pode representar essa mudança: os partidos têm que se transformar: devem ser laboratórios de ideias para definir as prioridades dos Estado, e, sobretudo, como é que a “tal” sociedade da economia dos cidadãos, da opinião pública, da participação cívica, das associações se pode desenvolver, independentemente do Estado. Só quando esta “tal” sociedade (que tem que apontar para maior produtividade, ou seja formação / tecnologia, e virada para a exportação, muito para os novos campos da riqueza: as energias, o mar, comunicações, saúde e biologia, num mercado quase ilimitado e onde o espaço-tempo “desapareceu” através da Internet), quando todos nós, dizia, fizermos “o nosso dever”, fazer como deve ser feito, então o sistema funciona: apura os melhor preparados, a todos os níveis, os altos e os baixos. É democracia individual: respeitar os outros, contarmos uns com os outros, assumir responsabilidade, participar, tomar decisões e fazer escolhas. E ser leal, mesmo perdendo e errando, com a opinião da maioria.
“O Medo de existir” dos portugueses tem que ser vencido. Naturalmente à custa dos próprios portugueses (who else?). Daquilo que dependesse de nós, que é aparecerem as tais classes politicas* e as elites em todos os campos, (no fundo toda a sociedade), para vencer esse tal medo, penso que votar no Fernando Nobre é um passo no sentido correcto.
Sei bem que há momentos em que todo um povo acredita, e esse é de facto o papel dos políticos importantes. Não que vá mudar aspectos de natureza institucional, o papel do Presidente está perfeitamente definido, mas a vaga que pode desencadear é que foi o meu pressentimento quando ouvia a notícia.
* que até resolvessem a maior causa de revolta que é a desequilibradíssima distribuição da riqueza
Colégio Militar, desde 1803
Transcrevo artigo de opinião de Luís Campos e Cunha no "Público" de 13-11-2009
"A ideia de que a natureza tem horror ao vácuo fazia parte da física na Idade Média. Mas esta lei do horror tem corolários na vida actual: os políticos incompetentes têm horror a novas caras nos partidos; os escroques têm horror a uma justiça que funcione; e, do mesmo modo, os bons investidores têm horror a uma justiça que não funciona. E podíamos continuar, mas vem tudo isto a propósito das notícias recentes sobre Colégio Militar.
Devo declarar que não frequentei o Colégio, embora com pena minha, porque o meu Pai entendeu que eu poderia ser seduzido pela vida militar e para tal bastava ele. O meu irmão esteve no Colégio, por circunstâncias familiares extremas, não se deu bem, e saiu ao fim de dois anos, se bem me lembro. Não tenho, portanto, especiais ligações ao Colégio Militar (CM) mas tenho muitos amigos (e dos bons) que por lá passaram.
As recentes notícias dão uma ideia do Colégio como uma escola de sevícias e de maus tratos. Problemas de maus tratos em escolas sempre existiram e devem ser combatidos com determinação pelas autoridades da escola em causa, mas não faz da escola uma instituição a fechar. Lembro-me bem de, há uns anos na minha Faculdade, terem ocorrido praxes indignas das nossas caloiras e imediatamente o Director de então tomou medidas para que tal não voltasse a acontecer. E não aconteceu. O CM não é excepção, mas o que está em causa é uma tentativa de fazer desaparecer uma das instituições mais antigas de ensino na Europa com uma longa tradição de serviço ao País.
Recordo, com alguma tristeza, que uma das "regalias" de um militar morto em combate em África era os filhos terem educação gratuita no CM. Por esse facto e por as pensões de sobrevivência serem, à época, absolutamente miseráveis (recordo-me de casos concretos), havia sempre vários órfãos no Colégio. Fazia parte das obrigações dos graduados (ou seja, alunos finalistas do CM) terem não só uns ratas (alunos caloiros) como seus protegidos mas também cuidarem dos dramas de algum aluno cujo pai tivesse morrido. Quem conhece ex-alunos do Colégio sabe que têm uma organização e uma coesão ímpar em qualquer outra escola. Falam do Colégio com saudade e têm um respeito pela instituição como ninguém tem da sua escola. Nela se fizeram amizades que perduram para toda a vida e alguns dos meus melhores amigos são ex-alunos do CM e devo confessar que são sempre gente com outra postura perante o dever e a sociedade.
O Colégio Militar dá educação em sentido pleno do termo. Tem um ensino de excelente qualidade e dá quadros de valores que nenhuma outra escola garante.
Em 1975, numa acção de dinamização organizada para os alunos do Colégio por gente afecta ao PCP - Varela Gomes, Faria Paulino e outros - começaram a atacar a instituição e a apelidarem os alunos de príncipes privilegiados. Um aluno dos mais novos, ou seja com uns 11 anos, levanta-se e calmamente diz que é filho de um oficial que morreu em combate, que se não fosse o Colégio não poderia estudar e não percebia onde estava o príncipe. Os protesto generalizaram-se (teve lugar uma gigantesca boiada, usando a terminologia do CM) e a comissão de dinamização foi forçada a sair pela porta dos fâmulos - porta de serviço - e não pela porta principal. Foi o enxovalho total, apesar de os oficiais tentarem, em vão, acalmar os alunos. É gente de fibra.
Aliás sempre foi assim. Faz parte da sua história mais antiga que quando teve lugar o atentado a Sidónio Pais gerou-se, naturalmente, o pânico entre a população e as unidades militares ajudaram à turbamulta. A única unidade que manteve a calma, ajudou a população e evitou mais mortos foi exactamente uma unidade do Colégio. Portanto, a tradição vem de longe.
O ensino tem uma qualidade excepcional e que não é possível sem um internato, onde os laboratórios de línguas e as salas de estudo estão ao lado do picadeiro e da sala de esgrima. Qualquer pai, cá fora, que tente dar a mesma formação passaria o tempo a servir de motorista do filho. É, aliás, uma tradição muito antiga dos melhores colégios ingleses.
Como professor na universidade, sempre que tenho conhecimento de que um aluno meu veio do CM, posso testemunhar o aprumo, o à vontade, a auto-confiança e o profissionalismo com que está numa aula. Tudo isto, em flagrante contraste com os colegas, especialmente os mais betinhos.
Além disso, como os alunos são tratados por igual, têm um número (que vem antes do nome), andam vestidos com farda e os filhos de pais ricos não se distinguem dos filhos de pais pobres. Também por isso, o convívio democrático hierarquizado é a regra. Ainda bem.
O contraste é gritante com o que se passa nas nossas escolas. E a anarquia, quase geral em que vive o ensino secundário, tem horror ao Colégio Militar, obviamente. Aliás, a verdade é mais funda: a anarquia quase geral da nossa sociedade tem horror à instituição militar. Uma instituição organizada, como a militar, que cultiva os valores da honra, da camaradagem, da disciplina e do dever para com a pátria, não pode ser bem vista pela sociedade actual. A nossa vida colectiva -a civil - privilegia o oportunismo, habituou-se aos casos de corrupção (com ou sem fundamento), tem uma imprensa virada para o escândalo e uma televisão com novelas que são difusoras da falta valores e da ausência dos bons costumes.
O Colégio Militar poderá acabar mas as razões estão na nossa sociedade e não dentro dos muros do Colégio. O horror à decência é dos indecentes. "
Professor universitário
Subscrevo quase na íntegra. A excepção, digo-o com orgulho, é que sou ex-aluno do Colégio Militar. O assumir das responsabilidades é algo que é transmitido aos meninos e jovens do Colégio. E tanta falta disto Portugal sente!
"A ideia de que a natureza tem horror ao vácuo fazia parte da física na Idade Média. Mas esta lei do horror tem corolários na vida actual: os políticos incompetentes têm horror a novas caras nos partidos; os escroques têm horror a uma justiça que funcione; e, do mesmo modo, os bons investidores têm horror a uma justiça que não funciona. E podíamos continuar, mas vem tudo isto a propósito das notícias recentes sobre Colégio Militar.
Devo declarar que não frequentei o Colégio, embora com pena minha, porque o meu Pai entendeu que eu poderia ser seduzido pela vida militar e para tal bastava ele. O meu irmão esteve no Colégio, por circunstâncias familiares extremas, não se deu bem, e saiu ao fim de dois anos, se bem me lembro. Não tenho, portanto, especiais ligações ao Colégio Militar (CM) mas tenho muitos amigos (e dos bons) que por lá passaram.
As recentes notícias dão uma ideia do Colégio como uma escola de sevícias e de maus tratos. Problemas de maus tratos em escolas sempre existiram e devem ser combatidos com determinação pelas autoridades da escola em causa, mas não faz da escola uma instituição a fechar. Lembro-me bem de, há uns anos na minha Faculdade, terem ocorrido praxes indignas das nossas caloiras e imediatamente o Director de então tomou medidas para que tal não voltasse a acontecer. E não aconteceu. O CM não é excepção, mas o que está em causa é uma tentativa de fazer desaparecer uma das instituições mais antigas de ensino na Europa com uma longa tradição de serviço ao País.
Recordo, com alguma tristeza, que uma das "regalias" de um militar morto em combate em África era os filhos terem educação gratuita no CM. Por esse facto e por as pensões de sobrevivência serem, à época, absolutamente miseráveis (recordo-me de casos concretos), havia sempre vários órfãos no Colégio. Fazia parte das obrigações dos graduados (ou seja, alunos finalistas do CM) terem não só uns ratas (alunos caloiros) como seus protegidos mas também cuidarem dos dramas de algum aluno cujo pai tivesse morrido. Quem conhece ex-alunos do Colégio sabe que têm uma organização e uma coesão ímpar em qualquer outra escola. Falam do Colégio com saudade e têm um respeito pela instituição como ninguém tem da sua escola. Nela se fizeram amizades que perduram para toda a vida e alguns dos meus melhores amigos são ex-alunos do CM e devo confessar que são sempre gente com outra postura perante o dever e a sociedade.
O Colégio Militar dá educação em sentido pleno do termo. Tem um ensino de excelente qualidade e dá quadros de valores que nenhuma outra escola garante.
Em 1975, numa acção de dinamização organizada para os alunos do Colégio por gente afecta ao PCP - Varela Gomes, Faria Paulino e outros - começaram a atacar a instituição e a apelidarem os alunos de príncipes privilegiados. Um aluno dos mais novos, ou seja com uns 11 anos, levanta-se e calmamente diz que é filho de um oficial que morreu em combate, que se não fosse o Colégio não poderia estudar e não percebia onde estava o príncipe. Os protesto generalizaram-se (teve lugar uma gigantesca boiada, usando a terminologia do CM) e a comissão de dinamização foi forçada a sair pela porta dos fâmulos - porta de serviço - e não pela porta principal. Foi o enxovalho total, apesar de os oficiais tentarem, em vão, acalmar os alunos. É gente de fibra.
Aliás sempre foi assim. Faz parte da sua história mais antiga que quando teve lugar o atentado a Sidónio Pais gerou-se, naturalmente, o pânico entre a população e as unidades militares ajudaram à turbamulta. A única unidade que manteve a calma, ajudou a população e evitou mais mortos foi exactamente uma unidade do Colégio. Portanto, a tradição vem de longe.
O ensino tem uma qualidade excepcional e que não é possível sem um internato, onde os laboratórios de línguas e as salas de estudo estão ao lado do picadeiro e da sala de esgrima. Qualquer pai, cá fora, que tente dar a mesma formação passaria o tempo a servir de motorista do filho. É, aliás, uma tradição muito antiga dos melhores colégios ingleses.
Como professor na universidade, sempre que tenho conhecimento de que um aluno meu veio do CM, posso testemunhar o aprumo, o à vontade, a auto-confiança e o profissionalismo com que está numa aula. Tudo isto, em flagrante contraste com os colegas, especialmente os mais betinhos.
Além disso, como os alunos são tratados por igual, têm um número (que vem antes do nome), andam vestidos com farda e os filhos de pais ricos não se distinguem dos filhos de pais pobres. Também por isso, o convívio democrático hierarquizado é a regra. Ainda bem.
O contraste é gritante com o que se passa nas nossas escolas. E a anarquia, quase geral em que vive o ensino secundário, tem horror ao Colégio Militar, obviamente. Aliás, a verdade é mais funda: a anarquia quase geral da nossa sociedade tem horror à instituição militar. Uma instituição organizada, como a militar, que cultiva os valores da honra, da camaradagem, da disciplina e do dever para com a pátria, não pode ser bem vista pela sociedade actual. A nossa vida colectiva -a civil - privilegia o oportunismo, habituou-se aos casos de corrupção (com ou sem fundamento), tem uma imprensa virada para o escândalo e uma televisão com novelas que são difusoras da falta valores e da ausência dos bons costumes.
O Colégio Militar poderá acabar mas as razões estão na nossa sociedade e não dentro dos muros do Colégio. O horror à decência é dos indecentes. "
Professor universitário
Subscrevo quase na íntegra. A excepção, digo-o com orgulho, é que sou ex-aluno do Colégio Militar. O assumir das responsabilidades é algo que é transmitido aos meninos e jovens do Colégio. E tanta falta disto Portugal sente!
Luisinha
Esta é a linha de sangue da nossa mãe, a Luisinha. Só linha directa, pais, avós, bisavôs e mesmo o nome de alguns trisavôs. E também a descendência, os filhos e os netos.
Ela tem um pouco de todos os ascendentes; o pai, Carlos Alberto é filho de algarvios; o avó José Soares, apaixonado por Antónia Serpa, que se prometem tão jovens, ainda em Tavira. Os bisavós paternos, não trouxeram a felicidade na infância de José, pois o trisavô João da Cruz entrega o filho aos sogros (tetravôs José e Maria das Dores que odiava o neto) quando a mulher, trisavó Palmira abandona a família por outro homem. Antónia a avó paterna, era uma das filhas dos bisavôs Jerónimo e Maria do Carmo. Jerónimo, foi filho ilegítimo (deixado na “roda” à nascença), de pai ou de mãe aristocrata de Serpa. Nunca o quis reconhecer e só na sua morte os filhos se tornaram Serpa.
A organização, bom-senso, responsabilidade e cumprimento do dever mas também a enorme tolerância e grandeza de alma são qualidades que a Luisinha adquiriu do pai Carlos Alberto, que todos consideraram um Homem exemplar.
A mãe, Maria Luísa é alentejana, como os seus pais, avô António Synarle e a avó Filipa. António, artista e espiritista reconhecido era o filho mais novo do bisavô Pedro Synarle e da bisavó Maria Saúde (em 2º casamento). Pedro era filho do trisavô Thomaz Synarle, e da trisavó Vitorina Joaquina natural de Figueiró dos Vinhos onde Thomaz assentou na ressaca das invasões francesas do principio do séc. XIX. Morreu na miséria como escreve em desespero ao filho Pedro, que só o soube depois da morte do pai.
A avó Filipa vem de famílias finas: especialmente sua mãe, a bisavó Antónia Rosa Queiroz, cujo pai , o trisavó Caetano Bonifácio Queiroz era individualidade da cultura (matemático ilustre);
Mas também o seu pai, o bisavó João Manuel da Silveira era de família respeitada de proprietários em Borba; Filipa recebeu assim esmerada educação.
Do ramo materno, Luisinha herdou a sensibilidade e a alegria, o bom-gosto e a simpatia que sempre demonstrou. Sentimos o seu espírito vivo e curioso todos os dias.
E a bordo, na viagem para o longínquo Timor, o destino juntou-a para a eternidade com João, que ficou fulminado pela sua doçura.
Luisinha transbordou o seu amor, maior que o mundo, para os seus filhos e para os seus netos.
Para a nossa queridíssima mãe uma gratidão sem fim. Dos netos, que não podiam ter melhor avó, um beijo de parabéns.
Ela tem um pouco de todos os ascendentes; o pai, Carlos Alberto é filho de algarvios; o avó José Soares, apaixonado por Antónia Serpa, que se prometem tão jovens, ainda em Tavira. Os bisavós paternos, não trouxeram a felicidade na infância de José, pois o trisavô João da Cruz entrega o filho aos sogros (tetravôs José e Maria das Dores que odiava o neto) quando a mulher, trisavó Palmira abandona a família por outro homem. Antónia a avó paterna, era uma das filhas dos bisavôs Jerónimo e Maria do Carmo. Jerónimo, foi filho ilegítimo (deixado na “roda” à nascença), de pai ou de mãe aristocrata de Serpa. Nunca o quis reconhecer e só na sua morte os filhos se tornaram Serpa.
A organização, bom-senso, responsabilidade e cumprimento do dever mas também a enorme tolerância e grandeza de alma são qualidades que a Luisinha adquiriu do pai Carlos Alberto, que todos consideraram um Homem exemplar.
A mãe, Maria Luísa é alentejana, como os seus pais, avô António Synarle e a avó Filipa. António, artista e espiritista reconhecido era o filho mais novo do bisavô Pedro Synarle e da bisavó Maria Saúde (em 2º casamento). Pedro era filho do trisavô Thomaz Synarle, e da trisavó Vitorina Joaquina natural de Figueiró dos Vinhos onde Thomaz assentou na ressaca das invasões francesas do principio do séc. XIX. Morreu na miséria como escreve em desespero ao filho Pedro, que só o soube depois da morte do pai.
A avó Filipa vem de famílias finas: especialmente sua mãe, a bisavó Antónia Rosa Queiroz, cujo pai , o trisavó Caetano Bonifácio Queiroz era individualidade da cultura (matemático ilustre);
Mas também o seu pai, o bisavó João Manuel da Silveira era de família respeitada de proprietários em Borba; Filipa recebeu assim esmerada educação.
Do ramo materno, Luisinha herdou a sensibilidade e a alegria, o bom-gosto e a simpatia que sempre demonstrou. Sentimos o seu espírito vivo e curioso todos os dias.
E a bordo, na viagem para o longínquo Timor, o destino juntou-a para a eternidade com João, que ficou fulminado pela sua doçura.
Luisinha transbordou o seu amor, maior que o mundo, para os seus filhos e para os seus netos.
Para a nossa queridíssima mãe uma gratidão sem fim. Dos netos, que não podiam ter melhor avó, um beijo de parabéns.
19 Outubro 2009
Revolução dos Cravos: melhor era difícil
Após 35 anos da Revolução dos Cravos, quero aqui afirmar que o 25 de Abril atingiu todos os grandes objectivos. Aliás, melhor era difícil. O golpe militar, cujas motivações iniciais eram sobretudo relacionadas com interesses corporativos e de de oposição à continuação da guerra interminável no antigo Ultramar, transformou-se numa verdadeira revolução, logo no Primeiro de Maio, onde o Povo a fez sua, e afirmou a plenos pulmões a Liberdade. O processo iniciado, contou com a participação activa e empenhada, viveram-se porventura tempos irrepetíveis de entrega e vontade de transformar o País; todos que viveram essa alegria de contribuir generosamente para a construção de um futuro de Portugal, diferente do regime salazarento, isolado do mundo, onde se proibia o pensamento e se prendiam cidadãos por pensarem diferente, um País de analfabetos, sem direito à Saúde, sem apoios social nem infra-estruturas capazes. O 25 de Abril trouxe um ambiente de genuína liberdade e esperança.
O tempo era o auge da guerra fria. As posições radicalizaram-se e o espírito revolucionário extremou posições. Lembram-se das canções de intervenção, onde “a burguesia, quer travar a Revolução, trazendo a social-democracia”? A ingenuidade andava a par da maior experiência do Partido Comunista que sentiu ter as condições para repetir a revolução de Lenine. Muitos dos nossos aliados ocidentais deram Portugal como perdido para o bloco soviético. Após meses de indefinição realizaram-se as primeiras eleições livres para a Constituinte. O Povo português surpreendia, e a legitimidade dos votos começava a vencer a legitimidade revolucionária. A aprendizagem da Democracia foi intensiva. O perigo de uma guerra civil foi eminente. Tudo isso faz parte da História. A conclusão que aqui me interessa, é que somos hoje uma Democracia pluripartidária, do tipo que existe na Europa ocidental. Acabou a guerra colonial (tarde e mal, com responsabilidade total para o antigo regime), e Portugal é hoje membro de pleno direito da União Europeia. A Educação, a Saúde, a Segurança Social, que hoje usufruímos não tem nada a ver com o que existia antes do 25 de Abril.
Ouço muitos comentários que referem que “não se cumpriu Abril” ou que “o espírito da Revolução dos Cravos foi adulterado”, ou seja, que o 25 de Abril não teve êxito, ou, nas entrelinhas, que faz falta uma nova revolução. Discordo completamente. A Revolução foi o Povo que a conduziu, contra quem quis dirigir o País para uma ditadura do proletariado ou democracia popular que até dispensava eleições! Recordando hoje a queda do muro de Berlim, e a hecatombe das ideologias marxistas, resta-me agradecer à sabedoria do Povo Português não ter escolhido esse caminho que seria trágico. Aliás, esta revolução de Ditadura para Democracia (evitando outros tipos de tirania) foi, e é, um case-study de todos os politólogos e um exemplo para a queda de muitas outras ditaduras e que permite hoje que a Liberdade chegue a muitos milhões de pessoas.
Claro que não vivemos num paraíso de mar de rosas. Foi isso que o 25 de Abril prometeu? Não me parece. O facto é que temos os meios para fazermos do nosso país aquilo que, como Povo, quisermos e soubermos. Como diz o Alex, e eu concordo, a nossa Democracia ainda é muito jovem e ainda tem muito a aprender. As próximas gerações terão a palavra.
O tempo era o auge da guerra fria. As posições radicalizaram-se e o espírito revolucionário extremou posições. Lembram-se das canções de intervenção, onde “a burguesia, quer travar a Revolução, trazendo a social-democracia”? A ingenuidade andava a par da maior experiência do Partido Comunista que sentiu ter as condições para repetir a revolução de Lenine. Muitos dos nossos aliados ocidentais deram Portugal como perdido para o bloco soviético. Após meses de indefinição realizaram-se as primeiras eleições livres para a Constituinte. O Povo português surpreendia, e a legitimidade dos votos começava a vencer a legitimidade revolucionária. A aprendizagem da Democracia foi intensiva. O perigo de uma guerra civil foi eminente. Tudo isso faz parte da História. A conclusão que aqui me interessa, é que somos hoje uma Democracia pluripartidária, do tipo que existe na Europa ocidental. Acabou a guerra colonial (tarde e mal, com responsabilidade total para o antigo regime), e Portugal é hoje membro de pleno direito da União Europeia. A Educação, a Saúde, a Segurança Social, que hoje usufruímos não tem nada a ver com o que existia antes do 25 de Abril.
Ouço muitos comentários que referem que “não se cumpriu Abril” ou que “o espírito da Revolução dos Cravos foi adulterado”, ou seja, que o 25 de Abril não teve êxito, ou, nas entrelinhas, que faz falta uma nova revolução. Discordo completamente. A Revolução foi o Povo que a conduziu, contra quem quis dirigir o País para uma ditadura do proletariado ou democracia popular que até dispensava eleições! Recordando hoje a queda do muro de Berlim, e a hecatombe das ideologias marxistas, resta-me agradecer à sabedoria do Povo Português não ter escolhido esse caminho que seria trágico. Aliás, esta revolução de Ditadura para Democracia (evitando outros tipos de tirania) foi, e é, um case-study de todos os politólogos e um exemplo para a queda de muitas outras ditaduras e que permite hoje que a Liberdade chegue a muitos milhões de pessoas.
Claro que não vivemos num paraíso de mar de rosas. Foi isso que o 25 de Abril prometeu? Não me parece. O facto é que temos os meios para fazermos do nosso país aquilo que, como Povo, quisermos e soubermos. Como diz o Alex, e eu concordo, a nossa Democracia ainda é muito jovem e ainda tem muito a aprender. As próximas gerações terão a palavra.
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