FAIT DIVERS



- É próprio de quem não está bom da cabeça!

Com esta sentença Marques Mendes deu uma cotovelada no ministro e em todo o seu governo! Imagino as parangonas dos media …
Aparentemente, uma Senhora Directora de Educação decidiu suspender um professor porque um “delator” vulgo bufo, lhe ter dito qualquer coisa que o antigo deputado do PSD, o Charrua, teria comentado acerca do Sr. Sócrates... Se ao menos fosse o bufo que tivesse um processo disciplinar...

O nosso ilustre ministro das Obras falou desdenhosamente da margem sul, comparando-a a um deserto, ficando nos anais a sua frase: O Aeoroporto na margem sul? Jamais! Jamais (à francesa). É claro que temos que entender. Foi a seguir a um bom almoço…

Santana não perdeu tempo e deitou o seu veneno sobre os da sua côr: Atitudes estalinianas, próprias dos nazis e das ditaduras... Não faz a coisa por menos o nosso amigo Flops.

A nossa política fervilha… As eleições para Lisboa estão aí e a coisa promete. Cada partido está acossado por um Independente da sua área e são umas eleições muito sérias.
Mas temo que este “desfile de vaidades” não deixe discutir os problemas e as soluções da cidade.

É tempo de acabarem com os fait divers! É tempo de se fazer política! É discutir os números conhecidos, por exemplo, da nossa taxa demográfica. Cada mulher gera 1,4 crianças na sua vida. NÃO CHEGA! Assim acabamos. Temos o PIOR número da Europa! Daqui a 30 anos, UM TERÇO da população tem mais de 65 anos! Todos sabemos o significado disto, ou não? A nível de sistema público de saúde ou de pensões de reforma? E no entanto… a nossa politiquice fervilha de episódios, mas a Política…

O novo Aeroporto faz-me lembrar outros processos. Alqueva foi estudado no tempo da outra senhora e só se concretizou passados quase cinquenta anos!
A propósito da OTA, quero dizer o seguinte: não conheço os estudos, nem os planos financeiros nem conheço o negócio do transporte aéreo. Mas sei o seguinte: o novo aeroporto já se discute há mais de uma década, pelo menos. E uma coisa é certa, pelo que me é dado a ver, pois oiço, vejo e leio o mundo, como todos: Lisboa precisa de um aeroporto novo. E o mais rápido possível. Se alguém tem outra ideia em relação a isto que explique.
Outro facto é que após os estudos, em 2000, o projecto do Aeroporto da Ota foi decidido, entregue em Bruxelas como projecto priopritário. As coisas foram andando e passados 3 governos (!) levanta-se o país inteiro contra a Ota. Conheço todos os contras desta obra faraónica embora o que não saiba é quais são as alternativas. É que são tantas que desconfio que não há nenhuma. O segundo facto é este: não há alternativas em tempo útil.
Não estou a defender o governo. Eles têm que ser minimamente responsáveis para não pôr em causa a solução do problema.

Camões chamou de “velhos do Restelo” aqueles que se opuseram à futura epopeia dos Descobrimentos. Sinceramente acho de uma futilidade atroz a política do PSD neste campo. O que querem? FAZER BARULHO. Só. Ou querem recomeçar agora o processo? Mas já esqueceram que Lisboa precisa de um Aeroporto novo? Temos é que fazê-lo. E depressa.

Finalmente, direi que gostei de António Costa sugerir um grande parque, um novo pulmão da cidade para os terrenos da Portela. Isto é que devemos discutir.

Eu gosto de Política, sendo este conceito muito abrangente, e constituindo por si só uma ideologia (politica é a arte do possível ou a arte de tornar possível o que for necessário), mas custa-me que Políticos só estejam interessados nos fait divers.

Saúdinha
PS: Aprovo a proposta da OA no sentido de tornar incompatível o exercício da advocacia com o cargo de deputado da República.

NINGUÉM PÁRA A GLOBALIZAÇÃO!

Almocei há dias com o nosso ilustre correspondente Obélix, que infelizmente não nos dá o prazer da sua prosa, mas decidi pôr à discussão uma sua ideia que considero interessante.
Diz ele que a Globalização vai parar. Enquanto os países afectados por ela foram os países cuja produção tinha pouco valor acrescentado a globalização cresceu, mas quando os países que produzem os bens de grande valor acrescentado começam também a ser afectados a coisa fia mais fino. Defende o Obélix que esses países, mais ricos, quando começam a perder a concorrência, a verem as suas empresas a deslocalizarem e o aumento do desemprego, não vão ficar de braços cruzados. E aí a globalização terá os seus dias contados.
Ideia interessante.
Não sou a favor desta posição. Julgo que o comércio livre, a sã concorrência é a única forma para a riqueza crescer e as pessoas viverem melhor.
Também sei que é impossível as economias onde existe um estado social, onde os trabalhadores têm direitos e garantias não podem concorrer com países onde o trabalho é quase escravatura. Como haver comércio livre nestas condições? Baixar o nível de garantias, de benefícios sociais aos povos das democracias ocidentais? Não pode ser esse o caminho, embora nesse campo é evidente que temos que enfrentar a inevitabilidade da mudança. Mas a única resposta é subir as garantias dos povos das economias emergentes. Não se faz de repente mas a única solução é essa. A grande bandeira política deste tempo deve ser essa, a de lutar pela garantia de direitos sociais.
Até porque a globalização é imparável. Hoje no cyberespaço a mobilidade da informação, do conhecimento, das causas abrangentes, é qualquer coisa impossível de suster. Colocar barreiras, políticas proteccionistas e isolacionistas, criar fortalezas económicas, não resolve. Antes pelo contrário, criará tensões e, em última análise, a guerra.
A solução, a prazo, será uma carta dos direitos sociais em todo o mundo.
Saúdinha

A REBALDARIA

Aconselho vivamente a lerem as cartas de Moita Flores. Uma à Comissão de Ética e outra à iluste e digníssima S. Exa a Secretária de Estado da Reabilitação Sra D. Idália Moniz. Está magnífica, brilhante. É uma oposição certeira. Nunca vi mais certeira!
(Peço que os conhecedores destas ferramentas façam um link qualquer...)
Mas nem a propósito. No post atrás defendi que a Ética da República era a Lei. Aqui vemos a República pedir ajuda à Ética. É o Estado da Rebaldaria!
Saúdinha

A ÉTICA DA REPÚBLICA É A LEI!

Esta é uma questão interessante. Várias vezes vemos pessoas a dizerem que razões éticas não permitem isto ou aquilo. A Ética é um valor muito alto na escala dos mesmos.
É a Ética que nos faz comportar da maneira que o fazemos. É evidente que não existe só uma Ética. Não há autoridade que catalogue se um determinado acto é ético ou não. Há tentativas, e de facto, há necessidades nesse campo, por exemplo a Comissão para a Ética da manipulação genética da Vida…
Lembro-me de Guterres ter usado a expressão, e mais recentemente Pina Moura voltou a dizer que a Ética da República é a Lei.
Vem isto a propósito das eleições para a Câmara e para a discussão em torno da necessidade ou não de a Assembleia Municipal ir também a votos. Paula Teixeira Pinto, presidente da Assembleia e Presidente da Distrital de Lisboa do PSD, o próprio partido na voz do seu líder, Marques Mendes, pensam que nada põe em causa a legitimidade desta assembleia. Por outro lado, o actual Presidente da Câmara, (surpreendentemente), não demissionário, acha que se houver eleições para a Câmara também deve haver para a Assembleia, tal como António Capucho autarca de Cascais que disse que eram razões éticas que deveriam levar às eleições também da assembleia. Naturalmente, toda a oposição é desta última opinião.
Claro que todos percebemos o problema. Ninguém quer perder o poder, mesmo que seja o poder de não deixar fazer. Todos sabemos que há sempre as próximas eleições.
O que me interessa aqui é fazer notar que a Ética não é comum. E serei sempre contra os que me queiram condicionar a minha ética. Odeio todos os grupos moralistas que julgam ter a Verdade. Nada impede que cada um, individualmente, possa agir conforme a Ética. A sua . Quem julga determinado acto é a sanção dos seus pares. No trabalho, na escola, ou na família.
Com isto quero dizer que de facto, na República não pode haver outra ética senão a Lei.
O difícil é ter boas leis…
Saúdinha

UMA QUESTÃO DE CLASSE


Fomos surpreendidos pela notícia de que Jorge Sampaio foi convidado para ser o primeiro Alto Representante do Sec. Geral das NU para a Aliança de Civilizações.
É altamente prestigiante para o país.
Se juntarmos ao cargo já longínquo de Presidente da Mesa da Assembleia Geral da ONU de Freitas e aos mais recentes Presidente da Comissão Europeia de Durão Barroso e de Alto Comissário da ONU para os refugiados de Guterres, percebemos que Portugal está bem cotado nos areópagos da politica internacional.
O que não percebo é isto: como é que os dois últimos primeiro-ministros (excluindo aqueles quatro meses) e o último Presidente estão em cargos tão elevados e saíram de cá, da nossa miserável “classe política”, da corja de chulos que nos governam.
Será que a nossa classe política é assim tão má? Estas são as excepções? Ou nós não damos o devido valor à classe política? Ou não há nada a fazer por este povo português?
Saúdinha